Faltando seis dias para o fim do segundo turno (31/10) nas eleições brasileiras, no dia 25 de outubro, Jair Bolsonaro indicou como candidato do Brasil à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, o economista e sionista Ilan Goldfajn. Em seu currículo, Goldfajn tem a participação no Banco Mundial, no Fundo Monetário Internacional e na ONU, além de ter sido o presidente do Banco Central durante o governo golpista de Michel Temer (MDB). O nome foi aprovado nesse domingo (20/11) como o novo presidente da entidade, com apoio de 80% do capital do banco.
Uma disputa aberta antes da posse
O PT pediu que a escolha do novo presidente do banco fosse postergada até o fim das eleições brasileiras e a posse presidencial, no dia primeiro de janeiro, de modo que o Brasil pudesse apresentar um candidato condizente com o presidente fosse eleito para governar o País nos próximos quatro anos. Segundo Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Bolsonaro “quis impor um nome sem buscar apoio de outros países”. Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, declarou que seria “de bom tom” o adiamento, e não haveria “por que não esperar a posse do governo para poder fazer a indicação.” Ainda assim, a coisa foi mantida.
A candidatura foi defendida pelo atual ministro da Economia, o neoliberal e Chicago boy, Paulo Guedes, responsável pela política de destruição nacional ao longo dos últimos quatro anos, sob o governo Bolsonaro. Demonstrativa também foi a defesa de Ilan Goldfajn pela executiva nacional do PSDB, que deu o tom de como será a política da burguesia para a economia nacional, conforme o PT busque qualquer nível de atendimento aos pobres e desenvolvimento nacional no governo: “Ao boicotar a candidatura de Ilan Goldfajn à diretoria do BID, o ex-ministro Guido Mantega, além de atropelar os trâmites da instituição, mostra a pior face do PT: a incompreensão de certos processos democráticos”. A expressão da política golpista se coloca de maneira clara.
O BID é um órgão do imperialismo, com sede em Washington, onde ocorreu a eleição. O banco tem por função o financiamento de projetos nas Américas. Pela forma como foi conduzido o processo, e pelo histórico do novo presidente do banco, fica evidente a política de sabotagem que está articulada contra o governo Lula, tanto a nível nacional, como internacional. Embora não fosse obrigatório, o tradicional seria aguardar a posse do presidente de um país tão importante no escopo de atuação da entidade. O fato de ser dado esse golpe é indicativo do que se demonstra diariamente, em cada vez mais níveis e de maneira mais evidente: caso o governo Lula não siga a política econômica da burguesia imperialista, ela irá declarar guerra ao governo e sabotá-lo de todas as formas, o BID será uma frente para esses ataques.
Um homem de peso do capital financeiro e do imperialismo
Ilan Goldfajn, é o atual Diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI. Em 2017, quando destruía o Brasil e entregava nossas riquezas, sob o governo Michel Temer, foi eleito pela revista inglesa The Banker como o melhor banqueiro central do mundo, e novamente em 2018, pela revista Global Finance. Após seu papel por dentro do governo do golpe, foi economista-chefe no Itaú-Unibanco e presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil.
A campanha golpista se desenvolve
O presidente eleito Lula, apesar de toda a pressão que se abate sobre si, não deu sinais de recuar em relação ao que disse durante o segundo turno da campanha, quando deu uma guinada à esquerda, mobilizando os trabalhadores com suas pautas concretas. No momento, Lula busca articular o orçamento para o ano que vem e garantir R$200 bilhões acima do Teto de Gastos para a assistência social — com a expansão do Bolsa Família com o valor do atual auxílio, de R$600 e com adicional de mais R$150 por dependente, a merenda nas escolas e o programa Farmácia Popular — além de para o investimento na economia.
Frente a isso, a imprensa burguesa está com sua artilharia virada para o presidente eleito e a ala mais à esquerda, mais desenvolvimentista, nacionalista, de sua equipe. O ex-ministro Guido Mantega, com esse perfil, saiu da equipe de transição após a pesada campanha dos jornais golpistas, que o tinham como exemplo do que o mercado não quer.
Nesse sábado (19/11), no Senado, o PSDB apresentou uma contraproposta de PEC de transição, que permitiria furar a medida golpista do Teto de Gastos, aprovado durante o governo de Michel Temer (MDB). A proposta do PSDB, ao invés dos R$200 bilhões, prevê apenas R$70 bilhões, menos que a metade do valor.
É preciso dar sustentação ao governo Lula. Mobilizar desde já!
O imperialismo e a burguesia em geral lançam uma campanha para que Lula já assuma sob instabilidade. Querem impor de um jeito ou de outro a política de destruição nacional, com privatizações e cortes sociais. Nesse embate, Lula precisa de uma arma para dar o enfrentamento. A única ferramenta de que dispõe para isso é justamente a classe trabalhadora brasileira, que o elegeu.
Para garantir um governo que implemente o mínimo necessário para tirar o povo da fome, já se demonstra, será preciso um nível de organização dos trabalhadores nacionalmente. Mas as demandas da classe operária devem ser levadas adiante, não restritas a um mínimo que a burguesia não quer ceder. É preciso reestatizar a Petrobrás, com o petróleo 100% estatal, reestatizar a Vale e garantir a base para a indústria nacional, voltar a desenvolver a indústria naval, com bancos públicos, etc. Desse modo, para garantir um governo dos trabalhadores, as organizações de classe precisam cumprir seu papel. Garantir a posse de Lula e lutar por um governo dos trabalhadores!