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Identitarismo

Boric defende o indígena no discurso e o reprime na prática

As demagogias identitárias são ótimas para campanhas eleitorais, Boric se aproveitou bem do tema. Mas, na vida real, persegue os indígenas como fazia Piñera.

Gabriel Boric, o louvado presidente eleito no Chile tido como de esquerda, tem mostrado atualmente a sua real face. Boric, aclamado no Brasil como um exemplo de que a esquerda estava em ascensão na América Latina, em apenas poucos meses após tomar posse, revelou sua verdadeira inclinação política.

Contra as manifestações populares que ganham volume no país, agiu de forma exatamente igual ao presidente anterior: Usou a força da repressão estatal e mandou a polícia e as forças armadas pra cima dos movimentos populares. Além disso, ainda decretou estado de sítio, o qual começou a vigorar no mês de maio na região onde habita o povo indígena Mapuche que se encontra novamente em rebelião contra o governo.

Lembremos que já na campanha eleitoral, Boric emitia indícios de que não era um candidato tão à esquerda como fazia muitos acreditarem. Um desses indícios diz respeito aos presos nas intensas manifestações contra o ditatorial governo de Sebastián Piñera. Este, à época, reprimiu violentamente as mobilizações resultando em dezenas de manifestantes mortos e milhares feridos. Boric não levantou nenhuma palavra de ordem, nenhum compromisso, pela libertação das pessoas presas. Após eleito ele manteve a mesma postura contra a anistia aos manifestantes. Algo que não condiz com o que se esperaria de um político que seja realmente de esquerda.

Além disso, outro aspecto de sua campanha foi a adoção de posições identitárias bem ao gosto da moda atual. O perigo dessa ideologia é que a mesma é amplamente estimulada pelo imperialismo justamente para confundir e impedir que a verdadeira luta da esquerda e da classe trabalhadora avance. Boric é o resultado no Chile também dessa política. Faz os mais desavisados acreditarem que quem usa essa retórica é alguém de esquerda.

Nesse sentido, Boric nada mais é que um governo burguês de direita que se passa por esquerdista. Sua eleição se deve na verdade à manipulação e ao fomento de ilusões no movimento popular e assim evitar outra situação como a que abalou a estrutura política do Chile em 2019.

Atualmente as manifestações têm ganhado corpo novamente no país. Assim como a repressão das forças policiais. Ao mesmo estilo do governo anterior, Boric tem lançado com violência as instituições de segurança do Estado contra a população.

Nas regiões do povo indígena Mapuche, ao sul do país, onde os protestos contra a tomada de suas terras tem se intensificado, Boric resolveu enviar as forças armadas chilenas para ocupar o local. Além disso, resolveu também fazer uso da ferramenta muito utilizada por governos de direita: O estado de exceção, onde qualquer direito individual é revogado em nome da “ordem pública”. Um governo de esquerda não decreta estado de exceção contra a luta popular.

Antes de ser eleito, quando ainda estava em campanha, Boric prometeu que promoveria uma abertura às demandas dos Mapuche. Mas, em apenas dois meses depois da posse, enviou forças militares a região a fim de acuar a população que agora se vê sufocada pela intensificação da força repressiva do Estado. Nesse sentido, a atitude de Boric é exatamente igual à de seu antecessor. Para quem esperava um governo totalmente oposto ao de Piñera, é uma verdadeira decepção, ou um choque de realidade. E nada melhor que um “tapa” da realidade para ensinar algumas lições importantes.

Nessa questão com os Mapuche, o que se esperaria de um governo de esquerda seria o diálogo e a negociação, não a violência da força de repressão estatal. Em comparação com outros governos como os de Lula, Dilma, Evo Morales ou Hugo Chaves, as ações do governo Boric vão totalmente em sentido oposto. Nenhum dos citados governos de esquerda usou a repressão do estado em nível nacional com tamanha violência contra a população.

A queda vertiginosa nos índices de popularidade do governo mostra bem os efeitos que ações de Boric estão tendo sobre a opinião pública chilena. Ao se chocar tão cedo contra os movimentos populares, ele está perdendo rapidamente sua base social. Tal situação tende a levar o governo para uma situação crítica ao mesmo tempo em que a mobilização popular tende a crescer e talvez alcançar o tamanho que teve durante o governo Piñera. Ao colocar a polícia violentamente para cima do povo, ele certamente terá enormes dificuldades para se manter no poder, uma vez que perderá também o apoio da burguesia.

Outro risco está no perigo da esquerda chilena perder todo o apoio popular juntamente com Boric. E a extrema direita tem crescido uma vez que se coloca como oposição oficial ao governo, o que a leva a ganhar um crescente apoio popular. No Brasil, nossa esquerda identitária, que está voltada apenas para as eleições sem campanha popular de rua, deveria colocar um olhar também sobre o desenvolvimento da situação chilena e no exemplo concreto que nos mostra para que serve o identitarismo.

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