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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Moraes queimou a largada

Bolsonaro e Globo em defesa do PCO?

Em meio ao deboche do presidente e aos ataques da imprensa golpista, ambos acham que o Supremo Tribunal exagerou

No último dia 9, nosso “ilustre” presidente defendeu o Partido da Causa Operária contra os ataques arbitrários do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes:

Eles [a rede social Telegram] estão sendo ameaçados de banimento pelo ministro Alexandre de Moraes se não fecharem, se não excluírem a página do PCO. O que que é o PCO, meu deus do céu?

Bolsonaro havia se encontrado com representantes do Telegram que viram toda sua plataforma ameaçada por Moraes por conta de nosso modesto canal. Terminou sua colocação alegando que foi chamado de “coisa muito pior” nas redes sociais – inclusive pelo próprio PCO – do que “skinhead de toga”, o apelido carinhoso que demos ao ilustríssimo ministro do STF. Deixando de lado o menosprezo – sintoma do crescimento do nosso Partido, que não pode mais ser ignorado – não posso deixar de concordar com o presidente. 

Não só Bolsonaro, mas Lula também já foi difamado, e não somente nas redes sociais. Com a determinação da parcialidade de Sérgio Moro e o recente bloqueio de sua candidatura ao Senado pelo Estado de São Paulo, a desmoralização da Lava-Jato é tão grande que há praticamente um consenso no Brasil de que a operação não passou de uma fraude, um golpe. Lula foi chamado de ladrão, corrupto, bêbado e por aí vai. Reinaldo Azevedo, hoje bravo combatente antifascista, inaugurou o termo “petralha” nas páginas da revista Veja, bastião da democracia brasileira, e em dois livros! Contra Dilma então, os ataques reduziram-se à mais pura cafajestagem. 

Se não é crime caluniar um presidente eleito em rede nacional de televisão, por que seria apelidar um ministro do STF no Twitter? Ainda mais um que não foi eleito por ninguém e foi indicado por um presidente golpista. Ou será que foi nossa defesa do fim do STF que originou o processo? Isso é uma posição política, não é uma notícia falsa, ou fake news como preferem nossos juristas dominados pelo imperialismo.

Como ouvi no programa da rádio Jovem Pan, o “Pingo nos is”, “fake news não é nada e, por isso mesmo, é tudo”. Mais um direitista em nossa defesa e, ouso dizer, coberto de razão. Nesse caso, como porta-vozes do bolsonarismo, nos “defendem” pelo mesmo motivo que o presidente fascista: esse setor da burguesia brasileira trava uma luta política contra o setor dominante pelo controle do Estado.

A “defesa” mais impressionante, porém, que havia passado despercebida por mim foi a do jornal O Globo. No último dia 4, logo após o acontecido, quase que num reflexo político, o jornal da rede mais poderosa de comunicação do País publicou um editorial questionando a posição de Moraes:

Alexandre, por seu turno, suspendeu as contas em redes sociais do Partido da Causa Operária (PCO), legenda de extrema esquerda cujo presidente falou em ‘dissolução do STF’. O PCO foi incluído no inquérito das fake news, criado para investigar a disseminação de notícias falsas contra o Supremo. Ora, por mais que as declarações sejam repugnantes e revelem postura semelhante às de Silveira e Francischini, a punição parece um exagero. É sempre preciso ser comedido para, sob o pretexto de proteger a democracia, não cercear vozes legitimamente constituídas nessa mesma democracia. O poder de investigação do STF não pode se transformar em instrumento de coação contra quem incomoda”, disse o artigo intitulado “É preocupante a politização do Supremo”.

A politização a que se refere é a disputa entre o bolsonarismo e a direita tradicional dentro do STF. Kássio Nunes Marques derrubou no início do mês a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que cassou o deputado Fernando Francischini por divulgar, durante sua campanha de 2018, supostas fake news sobre as urnas eletrônicas. Moraes, por outro lado, nos atacou, no que talvez tenha sido o primeiro golpe duro de seu “inquérito” contra a esquerda. Até o momento sua batalha era contra os bolsonaristas.

O ataque ao PCO preocupa o Globo porque, se por um lado impõe um clima de terror na esquerda – principalmente na ala parlamentar e carreirista -, por outro reduz a credibilidade já muito debilitada do STF. Como levar a sério uma corte que impõe a censura de toda as redes sociais de um partido por sua defesa uma transformação do regime político? Somos culpados do quê, se não divulgamos nenhuma notícia falsa e se divulgá-las sequer é crime no Brasil? A canetada de Moraes escancara que não há mais lei no Brasil. Nesse processo kafkaniano já fomos sancionados pelo juiz que também é vítima e investigador.  

Esse episódio trágico da política brasileira colocou o PCO no mesmo campo dos bolsonaristas e até mesmo d’O Globo contra “Xandão”. A direita, porém, nos acompanha por oportunismo e precaução, afinal, Moraes abriu uma caixa de Pandora jurídica. Ao nosso lado estão também muitos setores da esquerda combativa com a qual temos as mais diversas divergências políticas e ideológicas, mas da qual saudamos a solidariedade; a luta pelos direitos democráticos da população é uma luta de todos nós. Há ainda, infelizmente, uma maioria silenciosa que pretendemos mobilizar.

Do lado do STF há apenas um setor mais ignorante da direita golpista e, surpreendentemente, um pequeno setor da esquerda pequeno-burguesa Nos acusam de estarmos ao lado de Bolsonaro, mas eu diria que eles conquistaram a proeza de se colocar à direita do presidente e d’O Globo! Não sou tão bom quanto quem mantém nossas redes sociais, mas me arrisco num apelido a esses “companheiros”: são os “xandetes”. Terão o mesmo fim da esquerda lavajatista.

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