O último período, até mesmo desde as eleições, foi palco para uma atenção desmedida da imprensa burguesa à saúde de Lula, algo que não pode ser tomado como ocasional. As especulações sobre uma fraqueza, possíveis sucessores, a impossibilidade de concorrer após esse mandato são não apenas mera especulação, mas já uma campanha em si.
Mais que isso, a especulação sobre a saúde, doenças e etc, abre espaço político para uma intervenção do imperialismo nesse sentido, que, surpreendendo os trabalhadores, pode passar por fato natural. A incidência de súbitas doenças graves e até morte natural súbita de líderes populares reais, amados pelo povo na América Latina, não é algo incomum, e se dá com estranhas coincidências.
Durante a chamada onda rosa no continente, em que uma série de países da América do Sul, mas também da América Central, elegeram presidentes de esquerda de tipo nacionalista, uma onda de cânceres se abateu sobre tais lideranças pouco tempo depois. Representantes venezuelanos já denunciaram o câncer que vitimou Hugo Chávez como obra do imperialismo, e exemplos não faltam de presidentes que representaram um enfrentamento ao domínio dos EUA que contraíram doenças no mesmo período.
O presidente da argentina Nestor Kirchner, que se destacou no governo por sua política nacionalista e de integração latinoamericana, teve uma “morte súbita” em 2010. Sua sucessora, Cristina Kirchner, foi diagnosticada com câncer em 2011, diagnóstico posteriormente descartado após a cirurgia. A ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2009, quando havia sido indicada como sucessora de Lula, foi diagnosticada também com câncer. Ainda em 2011, o presidente Lula também enfrentou um câncer. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu de um câncer em 2013, após um ano e meio da doença, que foi diagnosticada em 2011. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, também foi diagnosticado com câncer, no final de 2010.
Algo que não se pode afirmar com certeza é a participação do imperialismo nessa onda de cânceres, algo que também não é descartável. Após os fatos exemplificados, porém, nada que venha da imprensa imperialista, nenhuma campanha deve ser tomada como inócua ou ingênua, e as possibilidades, que existem, devem ser consideradas como tal. Os trabalhadores e suas organizações precisam estar prontos para enfrentar todo tipo de ofensiva do imperialismo, que dispõe de uma quantidade de recursos inimaginável, e possui todo o interesse de empregá-la na manutenção de seu domínio sobre a América Latina.