Poucos meses após ser entregue aos capitalistas e agentes estrangeiros, a Eletrobrás lança um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para enxugar ainda mais o seu quadro de trabalhadores. Ao custo de 1 bilhão de reais, a medida procura desligar cerca de 2,3 mil trabalhadores que estejam aposentados ou perto de se aposentarem. Justamente os trabalhadores mais experientes dessa empresa construída com o dinheiro público.
Esse é um roteiro bastante previsível para as empresas criminosamente privatizadas pela direita. Os políticos de estimação da burguesia sucateiam, vendem as empresas abaixo do seus valor e os capitalistas terminam de destruí-las enquanto absorvem despudoradamente a riqueza produzida pelos brasileiros. Como grande parte dos PDVs, o prazo para os trabalhadores decidirem é obscenamente curto, o que faz alguns aderirem sem o mínimo de planejamento e passarem o resto de suas vidas lamentando sua decisão sob coação. Sem contar o assédio e ameaças para convencer outros a abandonar seus empregos.
Fato é que Bolsonaro foi mais um presidente entreguista da direita. Enquanto se escondia na fantasia de patriota, com bandeira, hino e anticomunismo, o presidente eleito na farsa de 2018 foi essencialmente mais um governo lesa pátria. E nesse ponto, apesar de toda a pressão, Lula não pode cumprir esse papel, pois sua força política depende de ampla base popular.
Eleito em meio a crises tanto em nível nacional quanto internacional, Lula precisará se apoiar nessa base para impor uma política nacionalista. Uma frente de batalha importantíssima no sentido de derrotar o golpe de 2016 é revogar não apenas a privatização da Eletrobras, mas todas as privatizações do golpe. É delimitar na prática o que é um governo nacionalista e mostrar para os trabalhadores o quanto isso os favorece concretamente.
A história do amor vencendo o ódio precisa ser trocada por uma luta em defesa dos interesses materiais dos trabalhadores. Surfando em décadas de campanha antipetista na imprensa burguesa, a extrema-direita conseguiu iludir setores populares ao manter a discussão política em torno de pautas morais e simbólicas. Nada melhor para a esquerda do que trazer a disputa para pautas concretas, materiais. A direita está entregando o setor de energia para os gringos enquanto reduz postos de trabalho e direitos trabalhistas.
Precisamos ao mesmo tempo defender o governo Lula contra os ataques da direita e também pressioná-lo para que os trabalhadores influam na sua política. Nesse sentido, o apoio firme e prático do PCO na campanha para eleger Lula já trouxe desde o início a palavra de ordem “Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores”. Estamos entrando um outra etapa da mesma luta.