As insistentes tentativas de avacalhar completamente a história nacional esbarram num obstáculo muito complicado de se superar: a realidade material. Apresentado pela direita e pela esquerda pró-imperialistas como um país medíocre, com um passado vergonhoso e sem perspectivas para o futuro, o Brasil segue neste começo de século XXI sendo um dos países mais importantes do mundo. Dentre diversos fatos históricos importantes, a Independência se destaca como marco fundamental do nosso desenvolvimento.
Relevante para a economia mundial desde seus primórdios como colônia portuguesa, a estreita faixa de terra banhada pelo Oceano Atlântico se expandiu e se tornou um verdadeiro colosso tropical, cujas riquezas seguem sendo cobiçadas pelos países mais poderosos do mundo. A declaração da Independência pelo até então Príncipe Regente do Brasil foi o estopim da recusa dos brasileiros em voltar ao status de colônia, uma recusa em retroceder historicamente, um fato indiscutivelmente progressista.
Dentre os maiores países do mundo, o Brasil apresenta um trunfo importantíssimo, a maior parte do seu vasto território é propício à agricultura. Temos a Amazônia, o Aquífero Guarani, as gigantescas reservas de petróleo no pré-sal, entre outras riquezas naturais. Os esforços estrangeiros para manter o país sob suas rédeas é intenso e mesmo assim o Brasil conseguiu desenvolver um processo de industrialização importante em nível mundial.
Justamente o processo de independência do país em relação à Portugal foi decisivo tanto para a consolidação da unidade territorial quanto do progresso econômico brasileiro. Quando comparamos com a “América Espanhola”, o Brasil se sobressai ao lado de uma série de pequenos países; e mesmo em relação aos poderosos Estados Unidos, o Brasil tem destaques progressistas, por exemplo, conseguindo abolir a escravidão em menos tempo após sua independência. Fatos que deveriam orgulhar a nação e especialmente os progressistas, aqueles que querem ver a história andar para frente.
Mesmo com a política de rapina do imperialismo, que conta com a conivência da burguesia nacional, e com o confusionismo propagado pela esquerda identitária, o Brasil segue independente e importante. Após o roubo de tantos recursos, seguimos com muita riqueza no país. Mesmo com tanta propaganda negativa na boca de brasileiros (muitos deles financiados por órgãos do imperialismo, é claro), o mundo não menospreza nossa importância.
Ao invés de negar a importância da declaração da Independência, do Grito do Ipiranga, a preocupação da esquerda deve ser a de fazer avançar a independência do país em relação à dominação estrangeira. O que implica em se opor à burguesia nacional entreguista e, em última instância, subjugá-la diante da classe operária do país, a classe social que tem as condições materiais para impor uma ampliação da autonomia do país.