Essa semana Boris Johnson abdicou do cargo de primeiro-ministro da Inglaterra. Johnson tentou se manter apesar de a vontade de seu partido sem obter sucesso. Todos os seus ministros renunciaram obrigando-o a renunciar do cargo e da liderança de seu partido.
Embora a imprensa capitalista aponte o Brexit como causa, o motivo real foi a crise econômica, culpar o Brexit apenas reforça a crítica que a imprensa tinha contra essa decisão. Outro motivo apresentado é a festa que o ex-primeiro-ministro fez em seu gabinete durante a pandemia. Embora ambos os acontecimentos tenham diminuído sua popularidade, não explicam a queda de Johnson. Foi a alta inflacionária de 12% no país tomou a situação política de assalto. Para o Reino Unido, com uma das economias mais estáveis do mundo, o número é estratosférico.
Essa inflação é um reflexo direto da guerra entre a Rússia e OTAN. Johnson foi um dos dirigentes que mais vociferou contra Putin, escalando a situação ao ponto dos russos colocarem os mísseis nucleares em alerta, causando uma tensão internacional enorme. De certo modo o Reino Unido sofreu mais as sanções contra a economia russa — que obviamente impactam a economia globalizada de conjunto — do que o próprio governo russo. O cenário inglês é mais ou menos o cenário de crise de 1974, época em que todos os países desenvolvidos tiveram crises inflacionárias acima de 10% combinado com uma retração econômica. Putin golpeou em cheio Johnson com o corte dos combustíveis.
Essa questão está interligada ao ascenso da classe operária em toda a Europa. Trata-se de uma verdadeira onda de greve operárias. Já podemos falar em tsunami. Para qualquer lado que se olhe na Europa percebe-se uma intensa mobilização do movimento operário. Essa crise inflacionária está trazendo a classe operária para o primeiro plano da política internacional. O Le Monde, porta-voz do imperialismo francês já fala em furor operário na França. Caso a situação não seja revertida ter-se-á uma crise política gigantesca em todos os países europeus. Na Holanda os agricultores enfrentaram a polícia em um protesto, um sinal claro de que as classes mais pobres almejam enfrentar o regime capitalista cara a cara, sem medo de seu aparato repressor.
No continente asiático tudo indica que os chineses vão se mobilizar em direção à Taiwan. Depois da derrota no Afeganistão e do exito russo na Ucrânia, os chineses avaliam que conseguirão retomar a ilha de Taiwam. Diante dessa investida o imperialismo terá forças para impor sanções à China, onde a grande maioria das empresas dos países imperialistas tem suas operações industriais? É um cenário muito complicado, pois sem sanções será mais uma derrota militar acachapante do imperialismo, por outro lado, tais sanções derrubarão de vez e economia mundial. Nenhum país sairá ileso de uma ruptura comercial com a China. A crise econômica que decorrerá dessa guerra financeira será um golpe duríssimo nos regimes imperialistas e a alavanca do movimento operário mundial.