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Márcia Tiburi

A candidatura Lula e a chantagem identitária

"Cota de gênero" vai servir como um freio pseudoesquerdista ao avanço da candidatura de Lula à esquerda.

Cada vez mais fica claro que a candidatura Lula não pode se preocupar apenas com os ataques e a sabotagem da direita.

Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, na TV 247, a “filósofa” Márcia Tiburi apresentou mais uma demanda da esquerda pequeno-burguesa para a já complicada campanha eleitoral de Lula e do PT. Segundo ela, “é necessário que Lula se comprometa com paridade de gênero num terceiro governo”. Essa “necessidade” surgiria do fato de que Lula é a preferência eleitoral entre as eleitoras e de que a política do governo para o povo deveria ter um “caráter feminino”.

Não faltam exemplos importantes que desmentem a tese de que qualquer mulher fortalece políticas de seguridade social, o que expõe uma forçação de barra da parte de pessoas com pleno acesso a esse tipo de informação. A “senhora da guerra” Hillary Clinton deu um toque “feminino” à política externa norte-americana durante os governos Obama? Condoleezza Rice ajudou a dar um “caráter” feminino à destruição do Iraque e à tortura na “guerra ao terror”? E Margaret Tchatcher, a “Dama de Ferro” que liderou a destruição do “estado de bem-estar social” na Inglaterra?

Para não ficarmos apenas em exemplos do passado, podemos perguntar: e Damares Alves? E Carla Zambeli? A lista é longa… Sem dúvidas, um “programa político” tão profundo quanto a diretriz “basta ser mulher” abre o caminho para política de terra arrasada do neoliberalismo. Ou, pelo menos, faria desta uma política de terra arrasada “não-machista” e, portanto, aceitável.

Qual o sentido de levantar uma exigência ambígua como essa num momento em que a única candidatura capaz de impor uma derrota ao golpe de Estado de 2016 está balançando. Até muito pouco tempo atrás, setores da classe média esquerdista defendiam a adesão de golpistas do PSDB e até do MBL às manifestações contra o governo Bolsonaro, pois “derrotar o fascismo” era um objetivo que justificava deixar de lado as diferenças.

Ora, se para “derrotar o fascismo” nas eleições desse ano temos a candidatura Lula, por que tantas exigências, tantas condições para apoiar Lula? Se o PSDB apresentar a “paridade de gênero” na sua propaganda eleitoral, a esquerda deve considerar um apoio aos tucanos, uma apoio à “terceira via”? Que tipo de aliado é esse que o PT insiste em valorizar?

A mulher na luta política

Essa armadilha da política identitária precisa ser exposta como o que é de fato. Não se trata de impulsionar a luta da mulher contra a sociedade que a oprime, mas de dar um verniz democrático a essa opressão, de confundir e desmobilizar a luta da mulher. As mulheres são parte fundamental da classe operária, a classe social que é revolucionária até o fim dentro do decadente sistema capitalista. Isso não significa que qualquer mulher defenda os interesses dessa classe e dos explorados.

O truque fica evidente quando oportunistas da classe média se lançam num carreirismo político que desconsidera qualquer programa minimamente democrático. Ou quando são figuras abertamente direitistas. De que vale para as trabalhadoras eleger parlamentares mulheres que impulsionam a destruição dos direitos trabalhistas, a destruição da economia nacional?

A defesa consequente dos interesses das mulheres nas eleições de 2022 consiste em apoiar desde  já a candidatura que faz frente ao golpe e aos seus desdobramentos econômicos e sociais, que atingem um contingente gigantesco de mulheres no Brasil. Enquanto a classe média “bem pensante” discute o sexo dos anjos, o tempo passa e a burguesia mexe suas peças para impor mais uma derrota aos trabalhadores, homens e mulheres incluídos.

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