Cristina Kirchner vem sofrendo perseguição política na Argentina. Não é a primeira vez que a ameaçam com a prisão. O objetivo é impedir que ela concorra à presidência.
Na vez passada, Kirchner cedeu à pressão e entrou em um acordo com seu partido, saindo como vice na chapa de Alberto Fernández em um contexto político de completo fracasso da direita que amargava com ampla rejeição popular, resultado do governo Macri.
Com o aumento da crise social, o peronismo acabou apresentando uma chapa com um certo verniz de esquerda, pois Fernández é um homem no qual os banqueiros confiam. A gestão atual também fracassou, o que fez com que Cristina Kirchner se apresentasse como uma figura independente do governo e até ameaçou um rompimento em determinado momento.
Essa postura de ‘independência’ do governo, coloca Cristina Kirchner como uma forte candidata a vencer as próximas eleições, mas seu governo seria muito mais à esquerda. A direita tem outros planos e por isso a ameaça novamente.
A burguesia pretendia usar o governo Fernández para estabilizar a sociedade e em seguida colocar um outro governo para continuar as medidas neoliberais de Macri, mas em um cenário mais tranquilo. Porém, a inflação, o aumento da pobreza, a desvalorização galopante da moeda argentina tem provocado a troca de ministros que mal conseguem cumprir um mês de mandato.
A solução encontrada foi passar o controle da economia a um ‘super ministro’, o direitista Sergio Massa, que acumula nas mãos diversos ministérios.
Ainda é cedo para dizer se a direita está preparando Massa para assumir a presidência. Aqui no Brasil, ao menos, foi assim que funcionou com FHC, que ocupou o cargo de ministro de Itamar Franco antes de ser alçado ao posto de presidente.
Mais uma vez o Judiciário
O uso dos Judiciários para aplicar golpes de Estado tem se tornado uma constante na atual situação política. A ‘novidade’ é que já estão recorrendo a golpes preventivos. Como nos EUA, onde Trump, que tem conquistado cada vez mais apoio, está sendo alvo de uma verdadeira caçada.
Na Argentina não será diferente, estão usando o mesmo método. Querem colocar a principal figura que pode vencer as eleições na cadeia. Assim como fizeram com Lula, o que seria uma maneira de subverter a vontade popular.
Os judiciários têm sido peças fundamentais para a manutenção da direita no poder. Em toda a América Latina se vê a participação dessas instituições em todo tipo de processos fraudulentos, manipulação de processos eleitorais e instauração de verdadeiras ditaduras.
Na Argentina, populares cercaram a residência de Cristina Kirchner, uma demonstração de que há uma grande polarização no país e que a população já começa a entender esses jogo sujo da ‘justiça’, que finge lutar contra a corrupção para colocar no poder governos ainda mais corruptos e que só sabem cortar na carne do povo para garantir o lucro da burguesia.
É fundamental que a população continue na luta e não aceite esse tipo de perseguição. É preciso dar tomar as ruas, pois essa é a única linguagem que a burguesia entende: a força. E existe ainda outro grande motivo para o povo sair às ruas: com o fracasso do governo Fernández, a extrema direita começa a levantar a cabeça.