Na última terça-feira (28), o YouTube derrubou de modo permanente dois canais de vídeo na língua alemã da empresa russa de comunicação RT. Os canais são o RT DE, listado como um dos principais canais no campo da Noticias e Política, com 600 mil inscritos e com centena de milhões de visualizações, e o DFP (Der Fehlende Part, em português “A parte que falta”).
Dinara Toktosunova, diretoria da RT na Alemanha, anunciou no seu canal do Telegram que o serviço de vídeo de propriedade do Google, empresa norte-americana, deletou os dois canais de sem direito ao restabelecimento segundo informou a própria RT no seu site em inglês.
O canal RT DE estava impedido de realizar transmissões ao vivo e carregar novos vídeos por sete dias a partir de 21 de setembro por uma restrição por violação das “diretrizes da comunidade” por alegada “desinformação médica” em quatro vídeos.
O YouTube não estabeleceu o que era questionável nos vídeos. Estes, alguns de semanas atrás e outros de alguns já de meses atrás, focavam na crise devido a COVID-19. Um deles tinha uma entrevista com o epidemiologista alemão Friedrich Puerner, que é um crítico da maneira como o governo da Baviera combatia a pandemia.
A restrição inicial expirou na terça, contudo a decisão final foi o banimento dos canais. O YouTube enviou uma declaração: “Nós revimos o seu conteúdo e encontramos graves ou repetidas violações das nossas Diretrizes da Comunidade. Por causa disso, nós removemos o seu canal do YouTube”. Todavia o canal DFP também foi banido! Ele não tinha recebido nenhuma restrição mesmo reproduzindo o mesmo conteúdo da RT DE. Mais tarde, um representante do YouTube afirmou que a publicação do conteúdo no outro canal era uma violação da restrição estabelecida e por isto o banimento do segundo canal da RT de língua alemã.
Mas quem é a RT? Ela é uma empresa de comunicação de alcance mundial com 24 horas de transmissão continua com oito canais de televisão, plataforma digital em seis línguas tais como inglês, espanhol e árabes, com sucursais em cidades como Londres e Paris. Além disso, ela é transmitida em mais de 100 países. A estrutura de atuação e autonomia e de financiamento é equivalente a famosa BBC inglesa, e com uma dimensão próxima à CNN ou à Fox News. Todavia que é a Federação Russa que é responsável pelo seu financiamento. Ela não depende dos governos imperialistas.
Este diferencial é que provoca o empenho da empresa norte-americano no banimento destes canais. O motivo é político uma vez que o governo russo está em constante ataque do imperialismo como as declarações do atual presidente norte-americano confirmam.
Vê-se como a liberdade de expressão é bastante relativa para o YouTube, pois se formos verificarmos as tais diretrizes da comunidade, vemos que somente a “desinformação médica relativa a COVID-19” é motivo de restrição e ainda assim o que contrariar as recomendações da OMS e dos governos locais. Pois bem, todos sabem que nas primeiras semanas a própria OMS dizia que somente médicos e enfermeiros deviam usar máscaras profissionais. Depois ela mudou a sua posição. E quando acontece que as recomendações da OMS, que nenhum país é obrigado a cumprir são diferentes das do governo local, quem vai estabelecer o correto?
As outras doenças não podem ser alvo de desinformação? Bem, isto não é uma preocupação do YouTube. Estas diretrizes impedem as criticas e escondem as motivações políticas que conduzem este monopólio.
Cabe lembrar que o YouTube somente se preocupou com as declarações do Donald Trump quando saiu da presidência norte-americana e a esquerda pequeno burguesa brasileira comemorou efusivamente quando o seu canal foi banido em janeiro deste ano.
O Partido da Causa Operária apontou que a esquerda seria mais uma vez vítima das suas próprias posições de restrição à liberdade de expressão. O risco permanece.