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Identitarismo

“Voto étnico”: identitarismo negro a serviço da burguesia

Os movimentos de luta do povo negro não podem ficar nas mãos dos seus maiores inimigos que querem a destruição dos poucos direitos garantidos.

A política identitária tem sido utilizada para confundir o movimento de luta do povo negro por suas demandas históricas. Tal ideologia busca apresentar a ideia de que para se combater o racismo bastaria introduzir os negros nos “espaços de poder”. A Geledés – Instituto da Mulher, uma das maiores organizações não governamentais que trata da questão racial no país e cuja política tem esse viés ideológico, diz que é preciso impulsionar o “voto étnico”. Porém, a argumentação não encontra sustentação nos dados apresentados como base para defesa dessa política. 

Ao mesmo tempo que se apresenta um crescimento em relação ao período compreendido entre 1983 e 1987, onde os negros representavam menos de 1% do número de deputados federais, com 2019 onde os negros passam a ocupar mais de 24%, uma contradição de um país de maioria negra; aponta-se que o partido que mais elegeu negros foi justamente o PSL (Partido Social Liberal), agremiação política que também elegeu Bolsonaro. Portanto, seria necessário eleger “negros antirracistas”.  

Pode-se verificar que tal política esbarra num dado concreto e, diante disso, apresenta-se uma nova abstração. Ao reconhecer que a maioria dos deputados negros eleitos pertenciam à mesma legenda que elegeu Bolsonaro, a argumentação sobre o voto étnico foi totalmente desmontada. Então é colocada a questão de candidatos antirracistas, sobre a qual não se faz nenhuma discussão sobre quem seriam eles ou de que política se trata exatamente.   

A autora da matéria, Domitila Duarte de Carvalho, justifica o fato de apenas 2 de 54 candidatos negros serem eleitos com a ausência do voto dos analfabetos, que foram incluídos no processo eleitoral apenas em 1985. A mesma avalia indícios de emergência de votos étnicos na eleição de Celso Pitta como prefeito de São Paulo e ausência na de Albuíno Azeredo para o governo do Espírito Santo ainda que a percentagem de declarantes de votos com esse viés fosse praticamente a mesma, aproximadamente 10%. Além disso aponta que nenhum deles concorreu às eleições com essa política e que pesquisadores consideraram um acerto. 

Não há nada mais confuso do que tal análise, os mesmos dados foram obtidos em diferentes pesquisas, porém as interpretações são distintas. E, pra fechar com chave de ouro, aponta que pesquisadores avaliaram como certo os candidatos não se apresentarem com viés étnico. Os próprios argumentos da autora acabam por demolir a tese política em defesa.  

Evidentemente, foram os recursos financeiros captados pelas máquinas partidárias que elegeram Pitta e Azeredo, e que continuam a eleger Fernando Holiday entre outros capitães-do-mato.  

Outros dados abstratos foram utilizados como o fato de seis legisladores entre os nove que mais apresentaram projetos com tema racial serem negros. É como se bastasse apresentar projetos no parlamento dos quais não se sabe quantos foram aprovados e qual o conteúdo dos mesmos, ou seja, qual impacto real para as condições de vida do povo negro. 

É importante destacar que a Geledés é uma ONG sustentada por instituições do capital internacional, como é caso da fundação Open Society e também pelos banqueiros através dos Instituto Unibanco e Fundação Tide Setubal. 

George Soros ganhou bilhões com especulações, promoveu a bancarrota da economia de países atrasados, além de golpes de estado e guerras por todo planeta. É preciso se perguntar sobre o que teria a oferecer à população negra brasileira, o homem que se apropriou de reservas minerais inteiras no continente africano. É preciso questionar também sobre o que representou o governo de Barack Obama, que apoiado por Soros impôs uma ditadura ainda maior contra os negros nos Estados Unidos, que promoveu o golpe de estado de 2016 no Brasil e bombardeou países no Oriente Médio para se apropriar do petróleo desses povos. 

O golpe de estado no Brasil destruiu a indústria, os direitos trabalhistas, os programas sociais, a previdência social. Mais da metade da população do país foi arrastada para o desemprego, para a pobreza e para a fome. Ninguém mais a população negra sofreu tanto os impactos da crise nas suas condições materiais de vida.   

Além da demagogia com os negros como é típico do Itaú/Unibanco, qual seria o combate ao racismo que promoveriam os banqueiros que todos os anos batem recorde de lucro enquanto a população pobre e preta é jogada cada vez mais na miséria? Recentemente, o economista do Itaú, Pedro Schneider, apresentou uma proposta para manutenção do teto dos gastos e de bolsas assistenciais miseráveis para a população através de cortes no abono salarial (PIS), seguro defeso ao pescador, de ajustes salariais, da contratação de servidores, FGTS e também privatizações. 

Os movimentos de luta do povo negro não podem ficar nas mãos dos seus maiores inimigos que querem a destruição de seus poucos direitos, a política identitária não passa de uma completa armadilha para os incautos. É preciso mobilizar a população negra por um programa de luta que tenha como reivindicação: emprego, por salário e por moradia, que unifique a luta com os setores das mulheres e de toda classe trabalhadora do país. Além, do fim da Polícia Militar que é uma máquina de extermínio da população negra. 

O racismo é um fenômeno que resulta de etnias subjugadas economicamente dentro da sociedade como é o caso do negro em diversos países. Se trata de uma falta de compreensão ou má intenção defender que o racismo seja combatido através da introdução de pessoas negras em “espaços de poder” sem considerar a questão econômica dos negros que não os permite tal ascensão. Mesmo que fosse possível uma representação étnica em todos os espaços, a questão do negro não estaria resolvida, pois a maior parte da população continuaria a ser explorada.  

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