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Cuba

Uma falsificação stalinista para esconder o apoio ao imperialismo

Youtuber do PCB apoia o golpe na Nicarágua, mas acusa os trotskistas de serem os agentes da Embaixada de Washington na América Latina

stalin

Antigamente, o intelectual pequeno-burguês achava que o mundo se restringia apenas ao que via em seu apartamento. Hoje, com a internet, ele tem certeza.

Assim é o youtuber Jones Manoel, filiado formalmente ao PCB e afiliado politicamente ao PSOL. Conhecido por seus “bloques” nas redes sociais, o cidadão não enxerga um palmo à frente do nariz, mas faz de seus perfis uma desagradável visita ao cérebro da classe média “bem pensante”.

Recentemente, o youtuber teve a cara de pau de falar que “setores do trotskismo brasileiro já declararam apoio a (sic) nova ofensiva contra Cuba socialista”. Que setores? Onde Jones Manoel viu tal informação? E não haveria “setores” do “stalinismo”, do “cirismo” e do “psolismo” apoiando o golpe em Cuba?

A declaração é uma picaretagem. E o seu obscurantismo, uma necessidade para que a picaretagem se consuma.

O trotskismo brasileiro existe, enquanto movimento, doutrina e programa, nas fileiras do Partido da Causa Operária. É o maior partido que reivindica para si o legado de Leon Trótski, que refuta os revisionismos como o de Nahuel Moreno e cuja atuação jamais se contradisse com a tradição marxista e trotskista. Se o PCO não defende o golpe em Cuba, a posição de Jones já é uma falsificação.

No caso, não só o PCO não defende o golpe, como é um dos principais grupos que defendem, na prática, a Revolução Cubana. O PCO participou ativamente das três últimas manifestações que ocorreram em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo, sendo o partido com maior contingente militante e que esteve na linha de frente no enfrentamento com os gusanos. Além disso, é o partido que tem a maior quantidade de material de propaganda em defesa do único Estado Operário da América Latina.

Mas a posição de Jones Manoel é pior do que parece. Não só o partido do trotskismo no Brasil defende a Revolução Cubana, como que o único “setor” que se reivindica trotskista e que defende o golpe em Cuba é o PSTU. Esse partido, no entanto, está a anos-luz do trotskismo. O PSTU é adepto do morenismo — tradição revisionista de Nahuel Moreno — não do trotskismo. Entre os inúmeros obstáculos entre o PSTU e o trotskismo, pode-se citar, por exemplo, a formação da CSP-Conlutas — uma central sindical “esquerdista” —, política que está em total contradição com o que Trótski defendia no Programa de Transição.

Fica então a pergunta: se Jones Manoel queria criticar o PSTU, por que não falou “setores da esquerda”? E por que escolheu somente o “trotskismo” para criticar? Ora, porque o objetivo dele era justamente o de criticar o trotskismo.

Não é do feitio de Jones Manoel criticar, por exemplo, Ciro Gomes (PDT), que apoia o golpe na Venezuela e que apoiou indiretamente a candidatura de Jair Bolsonaro. Pelo contrário: o youtuber defendeu o pedetista quando foi vaiado pelo povo. Também não é de seu feitio criticar o PSOL, que o ajudou em 2020, quando Jones Manoel entrou de cabeça na campanha de Guilherme Boulos para prefeito de São Paulo. A crítica ao trotskismo, por sua vez, é uma constante na obra — no sentido gastrointestinal — de Jones Manoel.

A crítica ao trotskismo é uma ideologia, que corresponde a determinados interesses da burguesia mundial. E é complementada com um movimento, igualmente impulsionado pelo imperialismo, de promoção da figura de Josef Stálin. Com uma mão, os fãs de Stálin saúdam os supostos feitos de seu herói. Com a outra, erguem sua picareta imaginária contra a maior ameaça à burguesia mundial: a vanguarda revolucionária armada com a doutrina do marxismo e do bolchevismo — isto é, o trotskismo.

As carpideiras do stalinismo, que choram até hoje sobre o corpo de um Stálin que nunca existiu, repetem até hoje os chavões da burocracia soviética. Jones Manoel, que aprendeu na universidade a idolatrar a figura do coveiro da revolução mundial, é uma dessas carpideiras que, na impossibilidade de elogiar um Estado que não existe mais, dedica-se a espasmos contra os maiores inimigos da colaboração de classes.

É como uma criança que quebrou o seu Max Steel de brinquedo. Como não pode mais brincar com seu boneco, imaginando-se em meio a guerras e grandes aventuras, passa a querer quebrar os bonecos de todos os seus amiguinhos, que nada tinham a ver com a sua incompetência no manuseio do objeto.

O grande “brinquedo” de um stalinista do século XX era, obviamente, o aparato do Estado Operário soviético. Os stalinistas sentiam-se cheios de si porque poderiam, por meio de suas relações, mandar alguém para o gulagui, censurar alguma obra ou, até mesmo, exterminar seus inimigos. Com tal poder, compensava, para eles, ter uma política ultrarreacionária: mesmo que fossem pegos com a “calça curta”, sempre poderiam recorrer a alguma forma de impedir que fosse denunciado.

Foi assim que conseguiram enterrar revoluções em dezenas de países. Nunca convenceram a classe operária chinesa de que o melhor caminho era a aliança com o Kuomintang, nem que os operários alemães deveriam confiar em Adolf Hitler. No entanto, conseguiram, até certo ponto, calar quem apontasse o conteúdo reacionário dessa política.

Jones Manoel teve a infelicidade de nascer no século errado. A disposição de defender uma política direitista é a mesma dos stalinistas — trata-se de um pequeno-burguês tão desesperado para ascender socialmente que não tem escrúpulos de servir de tapete para os inimigos da raça e do povo de qual faz parte. Contudo, falta-lhe um aparato para mandar triturar os milhares que vão, inevitavelmente, taxá-lo do que de fato é: uma prostituta do imperialismo.

Na falta do aparato, sobram-lhe os métodos tradicionais e defensivos do pequeno-burguês picareta: a calúnia, a mentira e a manipulação. No passado, esses métodos serviam como hoje servem aos policiais militares. Quando querem “apagar alguém”, basta mentir, dizendo que era um “bandido”, e recebe a licença da Justiça burguesa. Como Jones Manoel não tem o aparato, fica pendurado na brocha — grita “pega o ladrão”, mas ninguém que vá agir por ele.

Embora extremamente frágil, esse recurso de chamar seus inimigos de “ladrão” serve, muito que momentaneamente, para dispersar o debate. É um truque, que certamente já existia nas feiras babilônicas: o ladrão grita “pega ladrão”, para que enquanto olhem para um lado, ele embolse alguma coisa.

O que Jones Manoel pretende, acusando falsamente o trotskismo de estar a favor dos golpes de Estado, é esconder quem verdadeiramente defende essa política. O PSTU, que deveria ter sido citado nominalmente pelo youtuber, defende, de fato, a colaboração com o imperialismo. No entanto, não é o único: Jones Manoel adotou a mesma posição que o PSTU quando o imperialismo deu o golpe no governo de Dilma Rousseff. O youtuber falou que chamar o golpe de “golpe” era uma “histeria” e se recusou a defender o governo do PT dos vampiros imperialistas.

Um erro do passado? Não. Até hoje, Jones Manoel é uma espécie de “ala radical” da terceira via. Junto com figuras como Guilherme Boulos, é impulsionado pela burguesia para atacar o PT e o ex-presidente Lula.

E não é só no Brasil. Há uma semana, o youtuber declarou seu apoio ao golpe na Nicarágua, na medida em que decidiu se manter “neutro” no momento em que o imperialismo se prepara para derrubar o regime sandinista. Há alguns meses, também se juntou a horda de histéricos que criticou o Talibã por expulsar as tropas norte-americanas do Afeganistão.

Os ataques ao trotskismo são uma cortina de fumaça de Jones Manoel para esconder a sua política de colaboração com o imperialismo. No fim das contas, tais declarações servem para que o youtuber ajude ao leitor a definir de que lado da história Jones Manoel está: daqueles que latem contra o setor mais combativo e revolucionário da classe operária mundial.

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