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Como agem os capitalistas

Trabalhador não faz home office, o que salva é a vacina

De acordo com a burguesia, basta prender a pessoa em casa e não pagar o salário que o vírus some de forma mágica

Um ano de pandemia e a política de salvação do governo golpista é a mesma: a receita de salvação econômica para a burguesia é deixar os trabalhadores à deriva, sem vacina, sem auxílio e, sobretudo, trabalhando como se o vírus não tivesse matando mais de 3.000 pessoas por dia e não houvesse um saldo de mais de 300 mil mortos pela covid-19. A Política do “fique em casa”, só se for sem salário e sem auxílio. A depender dos capitalistas, as vacinas, quando disponíveis, terão destino definido: eles próprios.

Desde o início, uma intensa propaganda tomou conta da imprensa capitalista. “Fique em casa”, “o home office está revolucionando as relações de trabalho”. Ora, é sabido que o percentual de pessoas que pode usufruir desse privilégio é ínfimo; a grande massa trabalhadora é obrigada a se arriscar todos os dias nos transportes coletivos para garantir o salário no fim do mês. Cerca de 86% dos brasileiros não podem fazer home office e, apesar de toda propaganda, não existe política de isolamento, nem sequer internet para que essa opção se concretize. Num país atrasado como o brasil, onde uma grande massa de trabalhadores executa trabalho braçal, é impossível implementar o home office de maneira efetiva, pouca gente tem trabalho administrativo. Além disso, é característico dos países de economia atrasada extrair uma porção do trabalho não pago através do aumento da jornada de trabalho, enquanto que em países imperialistas essa extração se dê muito mais através do aperfeiçoamento dos meios de produção, fazendo com que se produza muito mais durante a mesma jornada de trabalho, sem alteração da massa de salários.

Como resultado direto do atraso econômico agravado pela completa inépcia dos governantes, não há outra alternativa. No caso do Brasil, portanto, a única salvação é a vacinação em massa de toda a população. Embora essa solução seja óbvia, é preciso salientar que não há o menor interesse político em dar cabo da crise que se agrava no país, podendo chegar a meio milhão de mortos anos próximos meses, facilmente. Em se tratando dos capitalistas, a vacina é vista com prioridade e todo atalho é bem vindo quando os beneficiários são eles próprios. Nessa terça-feira, 23, um grupo de políticos e empresários ligados ao setor de transporte de Minas Gerais tomou a primeira dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19. Ao invés de repassarem ao SUS, o grupelho decidiu usufruir do dinheiro extraído do trabalho alheio e se vacinou, contrariando o acordo firmado com o Ministério da Saúde. Segundo relatado por pessoas que tomaram a vacina, os organizadores foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur, que utilizaram a garagem da empresa como posto de vacinação. Dentre os privilegiados, estava o ex-senador Clésio Andrade (MDB), ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

“Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”

disse Andrade à revista piauí.

Segundo Lei aprovada pelo Congresso, autorizando a compra de vacinas pela iniciativa privada, fica determinada a obrigação de doar ao SUS todas as doses até que os grupos de risco – 77,2 milhões de pessoas sejam totalmente vacinados. Até hoje, menos de 16 milhões de pessoas foram vacinadas. O grupo, no entanto, já tem em seu planejamento a segunda dose, daqui a 30 dias. As duas doses custaram R$ 600 para cada privilegiado. Essa prática, porém, não se resume aos capitalistas do transporte, segundo relatos, o grupo foi vacinado por uma enfermeira que atrasou porque estava imunizando outro grupo na Belgo Mineira, mineradora hoje pertencente à ArcellorMittal Aços.

O projeto de lei que abriu a brecha para as falcatruas da burguesia tem dono, é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cuja família, “coincidentemente”, é do ramo dos transportes em Minas Gerais. Segundo Pacheco, essa revelação é surpreendente. “Desconheço completamente esse assunto”, disse o senador. É no mínimo estranho que o senador não saiba de nada. A família de Pacheco administra duas companhias de transporte, a Viação Real e a Santa Rita. Ademais, tanto na Câmara, enquanto deputado, quanto no Senado, sempre atuou em defesa do setor de transportes.

Aos olhos do povo, pouco se sabe das manobras dos golpistas, mas este projeto tramitou como um disparo de um míssil; Correu o Congresso e o Senado em apenas uma semana, sendo aprovado para satisfação da iniciativa privada. Não demorou para que o fascista Jair Bolsonaro sancionasse, e alguns dias depois a burguesia estava apta à sabotar a carência dos desalentados. Até o momento, a Pfizer ainda não se manifestou, embora tenha sido procurada. Esses casos são apenas exemplos de como a burguesia trata a classe trabalhadora. Como diz o ditado popular: farinha pouca, meu pirão primeiro. E, neste caso, em se tratando de vacina, a população amargará uma tragédia sem precedentes se depender desses espoliadores e criminosos.

De acordo com a burguesia, basta prender a pessoa em casa e não pagar o salário, pois o vírus sumiria de forma mágica. Para os trabalhadores só resta uma opção: uma ampla mobilização pela vacinação de toda a população e pela derrubada desse governo genocida.

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