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Caso Maurício Souza

A CUT não pode aprovar a demissão de um trabalhador

A polêmica com o jogador de vôlei resultou na sua demissão, uma ordem dos patrões, acatada e até comemorada por representantes do movimento sindical

mauricio souza minas (1)

Na última semana, tomou conta das redes sociais a polêmica com torno de declarações feitas pelo jogador de voleibol Maurício Souza. O jogador foi acusado de cometer “crime de homofobia” por ter emitido um comentário em um perfil seu numa rede social. No dia 28 de outubro, o jogador publicou um comentário sobre uma nova versão do super herói norte-americano “Super Homem”, criticando uma cena de um beijo do filho do super homem com outro personagem do mesmo sexo. “Ah é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”.

A declaração foi repudiada por setores da esquerda, por representantes do movimento LGBT e de forma hipócrita pela grande imprensa, monopolista e tradicionalmente a maior incentivadora da violência contra todos as pessoas oprimidas. Os bolsonaristas, é claro, aproveitaram para utilizar o caso como propaganda da sua política reacionária de suposta defesa da família e de “valores morais, dos homens de bem”, seja lá o que isso queira dizer. A esquerda pequeno-burguesa, como de praxe, acelerou sua campanha de ataques ao jogador, juntamente com a imprensa golpista, e taxou o episódio de “crime” e pedindo punição exemplar imediatamente. Resultado: o jogador, um dos principais da nova geração do vôlei brasileiro, em poucos dias foi cortado da seleção, demitido do clube que trabalhava (Minas Tênis Clube) e se encontra desempregado.

Até mesmo a retratação feita pelo jogador foi recusada e taxada, pela imprensa e pela esquerda punitivista de irônica e hipócrita. Em sua defesa, o atleta afirmou “Vim aqui para pedir desculpas a todos que se sentiram ofendidos com a minha opinião, por eu defender aquilo que eu acredito. Não foi a minha intenção. Assim como vocês defendem o que vocês acreditam, eu também tenho o direito de defender o que eu acredito”.

O patrão mandou

Um aspecto muito importante neste caso, que tem importância e interessa a toda a classe trabalhadora, mas está sendo deixado de lado neste “debate”, é a demissão de um trabalhador, feita a pedido dos patrões (burguesia), por este ter emitido uma opinião em um ambiente privado, fora do ambiente de trabalho e o fato estar sendo aplaudido por organizações de esquerda e pela maior organização sindical do país, uma das maiores do mundo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Como citamos acima, diversas lideranças da esquerda se manifestaram, praticamente em uníssono com a burguesia, buscando criminalizar o fato (a declaração do jogador), entre elas a CUT emitiu matéria em seu site e publicou comentários oficiais em seu perfil nacional, afirmando que “A demissão do atleta Maurício Souza é a prova de que o esporte deve continuar dando bons exemplos. Homofobia é crime, e não opinião!”. Em nenhuma linha, citou a demissão absurda do jogador, que ainda que de uma camada superior, é um trabalhador assalariado, a pedido dos patrões. No caso, a Gerdau e a FIAT, patrocinadores do Minas, não fizeram cerimônia e fizeram questão de publicar que tinham pedido a demissão do jogador, utilizando o mesmo pretexto de estar defendendo a causa LGBT.

Agora, pensemos bem. A maior organização dos trabalhadores do país, que deve defender os interesses de qualquer trabalhador de forma incondicional, principalmente, contra os patrões, e ainda mais se esses patrões são gigantes monopolistas, e “nem pestanejou” em sair em defesa da posição demagógica, sórdida dos patrões.

Estamos falando aqui de duas empresas gigantescas que têm histórico, uma verdadeira ficha corrida de atrocidades contra seus trabalhadores. A FIAT, inclusive, é a mesma que durante o governo fascista de Benito Mussolini, bancou as ações dos fascistas no esmagamento dos operários italianos. A Gerdau é outro “exemplo” de respeito aos direitos humanos, tanto que durante a época da ditadura, assim como outras grandes empresas do país, apoio ideológica e materialmente às torturas e mortes cometidos pela ditadura militar.

Além da ação direta das empresas, estas são duas representantes do maior mal para a classe trabalhadora, o monopólio, a burguesia monopolista. Aquela que possui uma concentração de capitais tão grande que é capaz de controlar governos, de passar por cima de qualquer tipo de legislação e cometer as maiores atrocidades contra os trabalhadores. Como vimos, por exemplo, o monopólio da Ford retirar a maior fábrica da América Latina do Brasil e deixar cerca de 70 mil trabalhadores completamente desamparados da noite pro dia.

É neste sentido que as direções sindicais precisam compreender que, por qualquer argumento que seja, não é possível uma organização classista, fundada no meio da luta de classes e que existe exatamente para atuar nesta, se colocar do lado da burguesia, dos patrões contra os trabalhadores. A situação, neste caso do jogador Mauricio Souza, é ainda mais grave pois a organização se colocou contra um único trabalhador, tendo de um lado três monopólios (as duas multinacionais e a imprensa burguesa) e do outro a maior organização da classe trabalhadora do país.

O pensamento punitivista, que busca criminalizar o pensamento e opiniões, é uma política reacionária, típica da extrema direita conservadora e não pode, em hipótese alguma, seja quem for o trabalhador ou o que ele pensar, se tornar uma política defendida pelas organizações de luta da classe trabalhadora. Os sindicatos e a central sindical são organizações que existem única exclusivamente para atuar em defesa dos interesses dos trabalhadores, nunca em defesa dos interesses da burguesia. Isso inclui nunca defender a política da burguesia ou que a beneficia.

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