No “Café da Manhã” desta quinta-feira (13/05/2021) o presidente do PCO analisou a situação política do Brasil e do mundo. O programa foi comandado por Leandro Fortes e teve mediação de Sara Goes além da participação do jornalista Breno Altman.
Falando sobre as atuais pesquisas eleitorais, Rui alertou que essas pesquisas não devem ser levadas muito a sério porque elas podem mudar muito rápido e tem uma credibilidade duvidosa. Não se trata de uma avaliação imparcial havendo muitas eleições feitas com base em pesquisas irreais. É preciso saber quais os objetivos políticos por detrás de cada pesquisa.
Sobre o momento político brasileiro atual, Rui declarou: “O chamado centro – a direita tradicional – não conseguiu viabilizar uma alternativa até o momento. Isso fica muito claro na pesquisa. Acho que, nesse sentido, a pesquisa não está falsificando a realidade. Mostra a dificuldade de criar uma candidatura alternativa entre Lula e Bolsonaro, [o que não] quer dizer impossibilidade, a burguesia tem muitos recursos”.
A alegria e o otimismo de muitas pessoas diante de notícias favoráveis é algo criticável porque demonstra a incompreensão dessas pessoas no grande poder que a burguesia possui. Disse o presidente do PCO: “[a burguesia] não faz milagre, mas é poderosa. Eles contam com todo o aparato de imprensa – que a gente viu em ação durante o golpe de estado e depois – que é muito poderoso. Eles contam com currais eleitorais, com a possibilidade de corrupção de vários agentes políticos e contam com o apoio do imperialismo. O chamado bloco de “centro” da direita é o bloco que tem maior afinidade e que tem uma associação estreita com o imperialismo”.
Com as eleições apenas no final de 2022 não dá para dizer que a operação da burguesia já está fechada com Lula versus Bolsonaro. Pode ser que Ciro Gomes surja em algum momento como peça para o lugar de Bolsonaro mas, uma coisa é certa, Ciro Gomes já é uma peça certa para tirar votos do PT. “A burguesia simplesmente apoia o Bolsonaro. Dá a impressão de que isso seria impossível dado o nível de críticas que os jornais fazem ao Bolsonaro, mas não é fato. Veja só um detalhe: quem que foi escolhido para atacar publicamente e duramente o Bolsonaro na CPI? Renan Calheiros, que não é um típico integrante e nem seria um líder e nem figura de proa do bloco direitista. Ou seja, não aparecem os líderes da direita tradicionais, o que deixa o caminho livre para um eventual apoio ao Bolsonaro”, afirmou.
A CPI tem o papel de tentar encontrar um candidato do bloco de direita diminuindo a votação de Bolsonaro. A pesquisa tem intenção política mostrando para vários setores que Bolsonaro não ganharia de Lula no segundo turno e que seria preciso pensar em uma alternativa para 2022. Segundo Rui, “o problema é que a CPI não está indo como o pessoal esperava. Com tudo o que aconteceu ontem com o Renan falando da prisão do Wajngarten, mesmo assim a CPI é morna. Precisaria de muito mais agressividade do que estamos vendo para que a CPI desse alguma coisa. Não estou vendo de que ela vai conseguir esse resultado de criar um candidato do centro e nem acho que o bloco fundamental da burguesia está se empenhando tanto assim. Meio que eles estão agindo cautelosamente”.
Em comparação com a operação da burguesia contra o último governo do PT, essa atual campanha contra Bolsonaro não chega nem aos pés. Se eles quisessem realmente a derrubada da extrema-direita, eles fariam algo parecido, uma campanha maciça, assim como foi contra o PT. O presidente do PCO alertou o “namoro secreto” entre o governo Biden e Bolsonaro, um indicativo de que o setor principal da burguesia tem Bolsonaro como alternativa.
Acho que a principal deficiência para uma vitória do Lula – que não pode ser dada como garantida pelas pesquisas eleitorais – é a completa paralisia de todos os movimentos sociais. Muita gente se ilude com isso daí, mas nós sabemos que, na vida política, vigora aquela famosa lei (…) ‘quem não chora não mama’ e a esquerda brasileira chora em casa mas não chora suficientemente alto para que o governo entenda o seu choro. Quer dizer, não tem nada. A grande pergunta é a seguinte: você é um burguês, você é um direitista, por quê você vai ceder qualquer coisa se o pessoal está completamente parado? Não faz sentido. Se você dirige um sindicato (…) e você quer aumento salarial mas não faz greve, assembleia, não faz nada, por quê o patrão te daria aquele dinheiro? Generosidade? Não existe isso na política (…)
Há bons sinais de que a situação pode mudar com mobilizações começando a acontecer. Diversos setores que estão na linha dos acontecimentos catastróficos do país. Uma grande mobilização popular poderia fazer com que a eleição se transformasse em um grande embate entre esquerda e direita com Lula apoiado nas massas. Existe uma fantasia de muita gente do PT de que acordos de Lula com direitistas facilitariam sua vitória, uma completa ilusão. Somente a mobilização popular ampla pode tornar a candidatura Lula competitiva, nem isso garante sua vitória porque a batalha vai ser grande.