Rui na DCM TV

R. C. Pimenta: “O STF é um tribunal político”

"Eu me surpreendo que as organizações operárias, sindicais e populares consigam manter essa situação de não sair às ruas"

Em mais um Café da Manhã na DCM TV, Rui Costa Pimenta analisa os temas trazidos por Leandro Fortes e por internautas. No programa desta quinta (25/03), o presidente do PCO tratou do tema mais relevante da semana: o julgamento da segunda turma do STF favorável à suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

A decisão do STF é uma vitória do movimento que lutou pelo cancelamentos dos processos e absolvição do Lula, mas precisamos ter clareza de que o papel do STF não é o de defender a legalidade e fazer justiça. Pelo contrário, o tribunal age de maneira completamente arbitrária sempre. Este caso do Lula poderia ter sido julgado antes das eleições de 2018, porém só o foi agora, quando a operação imperialista da lava-jato ameaça setores da burguesia nacional.

A burguesia não quer um governo Lula de jeito nenhum. É difícil dizer o que eles irão fazer agora, mas, de modo nenhum, a decisão do STF é algo consolidado. Para que isso ocorra, o Lula deveria lançar imediatamente sua candidatura. Sendo um fato consumado, sua candidatura começaria a se fortalecer desde já, agregaria a esquerda, as massas e os trabalhadores e dificultaria as manobras políticas que ainda virão, para tentar impedir um possível governo do PT em 2022.

Rui comentou que a burguesia tem se esforçado para se contrapor ao Lula, a Folha de São Paulo divulgou pesquisas fraudulentas, os partidos, de modo geral, são contra o Lula e os militares se pronunciaram contra. “Se a burguesia não conseguir encontra o candidato ideal para ela, ela vai com o Bolsonaro. Disso não há dúvida nenhuma. Nós vimos a carta dos 500 empresários, ela não indica que há uma ruptura total com o Bolsonaro, há críticas, mas ruptura total, de forma nenhuma”.

Um lado da análise política pouco falado foi abordado por Rui, trata-se de que algum setor da burguesia poderá dizer que o Lula poderia ser o candidato do “centro”. Isso é totalmente grotesco e serve para despistar o panorama político. “Significaria que ele seria o candidato dos golpistas que derrubaram o governo que ele ajudou a eleger em 2016. Me parece uma coisa meio aberrante”.

A burguesia acha que o desempenho do Bolsonaro, no que diz respeito a atacar a população brasileira, é ruim, mesmo com Paulo Guedes à frente da expropriação econômica do povo. Portanto, uma figura como o Lula não seria nem de longe aceitável. “O Lula não irá colocar um Paulo Guedes no Ministério da Economia. Ele não poderia levar adiante uma política de guerra contra o trabalhador e a população brasileira. Caso ele seja muito conservador ele deveria reverter essa política para uma política de reformas sociais de algum calibre”.

Rui voltou a comentar sobre o lançamento imediato da candidatura Lula e apontou os pontos positivos. Primeiro, unificaria a esquerda em torno de um único candidato, dando vantagem a uma campanha que mobilizasse as massas contra Bolsonaro e os golpistas. O segundo seria que o jogo eleitoral ficaria mais ou menos fechado, acelerando a decisão da burguesia em escolher o candidato contrário. Terceiro, criaria uma mobilização em torno da candidatura que, quanto antes acontecer, melhor. E essa mobilização não precisa ser apenas eleitoral, mas deveria incluir o problema da pandemia também. Por fim, quanto antes o Lula for lançado candidato, mais difícil será para a burguesia conspirar contra o maior líder popular do país já candidato único da esquerda.

“A candidatura do Lula serviria como uma alavanca para tirar a situação do marasmo em que ela se encontra atualmente e criar um movimento grande. Acho que esse movimento grande é indispensável e fundamente, até mesmo do ponto de vista eleitoral, porque mesmo com o Lula não podemos alimentar a ilusão de que a eleição será uma passeio. Ele é um candidato muito poderoso, mas a eleição é o jogo da burguesia, não da esquerda. A burguesia controla, frauda, tem curral eleitoral, corrompe, tem dinheiro, o imperialismo joga dinheiro. Se não fosse assim a esquerda nunca sairia do poder e nós estamos saindo de uma situação em que a burguesia, utilizando esse poder, derrubou um governo de esquerda e impediu o Lula de concorrer”, analisou.

Sobre a pandemia e os números oficiais, que chegaram a mais de 300 mil mortos, Leandro Fortes lembrou que um comitê mambembe foi formado pelo governo federal e que não se vislumbra uma saída para esse genocídio. Leandro lembrou a inação dos sindicatos e movimentos populares e questionou se o agravamento da pandemia é um freio às mobilizações de massa.

A resposta de Rui foi categórica: “Você está no segundo andar de uma casa e a casa está pegando fogo, você pode até medir a altura mas, normalmente você pula pela janela e enfrenta todas as consequências. Nós estamos numa situação como essa no Brasil”. Daqui dois meses podemos chegar a 500 mil mortos ou mais, já que ninguém sabe os números reais. Não podemos ficar questionando se dá ou não dá para sair às ruas, é uma questão de vida ou morte.

A oposição de esquerda erra, pois o Bolsonaro tenta ganhar tempo com toda essa palhaçada, usando máscara e mudando o tom do discurso tentando se adaptar ao Lula. No meio desse circo, Bolsonaro vai empurrando a situação até que a vacina apareça e ele se coloque como salvador da Pátria distribuindo a vacina.

“Isso daí tem uma grande chance de dar certo. A população está muito confusa sobre a questão da pandemia. Não podemos partir do princípio, que a esquerda parte, de que a opinião de um setor muito pequeno da classe média representa a opinião do conjunto da população. Não é assim. A situação é grave”.

Existem pesquisas que apontam que apenas 20% da população tem condições de trabalhar em casa. Para Rui esse números devem ser, na realidade, ainda menores. Tais números mostram que existe uma aguda contradição entre o combate da pandemia e o problema social. Bolsonaro procura explorar isso. O lockdown é extremamente impopular fora desses 20%.

É muito surpreendente que tais entidades não estejam saindo às ruas simplesmente por uma decisão política totalmente equivocada de que não se pode protestar nas ruas durante a pandemia. As organizações sindicais, operárias e populares pagarão um alto preço por não saírem às ruas neste momento e irão perder boa parte de suas bases sociais para o bolsonarismo por inação. Por toda essa situação, paradoxalmente, Bolsonaro, principal responsável pela grave crise da pandemia, poderá sair por cima de toda essa crise.

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