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O caminho da mobilização

Reorganizar o movimento contra a ascensão bolsonarista nas ruas

É preciso superar esta paralisia e a total covardia destas organizações, colocar nas ruas uma intensa campanha de mobilização

O dia 7 de setembro foi palco das mobilizações convocadas por Jair Bolsonaro e toda extrema-direita, assim como da convocação da Frente Fora Bolsonaro, agrupamento que reúne as principais organizações da esquerda, que realizou também manifestações em todo país. O problema central de toda esta manifestação foi a visível disparidade entre os atos fascistas, que receberam grande apoio do governo ilegítimo e de empresários bolsonaristas, para os atos da esquerda que na sua sexta edição, explicitam a postura covarde das direções do movimento e o intenso boicote feito a toda mobilização.

Atos bolsonaristas acendem o alerta

Os bolsonaristas saíram às ruas nas principais cidades do país, como também no interior de muitos estados. São Paulo e Brasília foram os atos centrais, contando com a presença de Bolsonaro e reunindo cerca de 150 mil pessoas. Foram atos expressivos, provavelmente os maiores desde a intensa campanha feita pela burguesia no golpe contra Dilma Rousseff em 2016. Contudo, mesmo contra os fatos, toda uma parcela da esquerda pequeno-burguesa, como pode ser visto nas principais análises de todos os órgãos de imprensa independentes, caiu na política da imprensa burguesa e passou a negar a realidade.

Semeando ilusões, a esquerda que esperava um golpe de estado fascista neste dia 7, algo que nunca esteve nos planos de Bolsonaro para estas manifestações, agora estas mesmas organizações comemoram o suposto “fracasso” dos atos fascista. A esquerda acreditava que os atos iriam promover um golpe, que os manifestantes da esquerda seriam agredidos, e que milhões tomariam as ruas. Toda esta análise equivocada da realidade faz com que novamente estes setores não compreendam de fato o que ocorreu no 7 de setembro. Os atos fascistas foram um fiasco? Bolsonaro foi imprudente e agora sofrerá as consequências institucionais? Não. Os atos bolsonaristas foram significativos e Bolsonaro não apenas mobilizou sua base, como também deu uma cartada extremamente importante para as eleições de 2022.

O que sempre esteve por trás de toda mobilização bolsonarista nunca foi uma política ofensiva contra todo o regime política, mas sim uma resposta aos crescentes ataques feitos pelo principal setor da burguesia, o mais rico, ligado sobretudo aos bancos, que não tem Bolsonaro como seu principal candidato para as eleições de 2022. Para este setor do golpe, a candidatura da terceira via, encabeçada por João Doria (PSDB), levaria com mais solidez a política desejada pelos banqueiros e pelo imperialismo.

Bolsonaro passou a ser atacado assim na imprensa e também pelas instituições golpistas, como o STF, que prendeu Roberto Jefferson e buscou pressionar Bolsonaro. Por outro lado, Bolsonaro respondeu e convocou às ruas toda sua base fascista. O STF, a terceira via e a imprensa burguesa deram as munições necessárias para Bolsonaro colocar os fascistas nas ruas.

Além disso, Bolsonaro foi além e pela primeira vez mobilizou efetivamente a sua verdadeira base militante, a Polícia Militar, uma organização fascista e armada, que defende até as últimas consequências seus interesses. A cartada que Bolsonaro deu foi destinada a um setor da burguesia representada por Doria, mostrando na prática que Bolsonaro não tem apenas o exército mas também uma base militante, duas forças reais importantes para a luta política.

A esquerda precisa agir

Este problema nenhum partido da esquerda pequeno-burguesa compreendeu; pelo contrário, a análise feita é do mais puro otimismo cego frente ao avanço do fascismo. Outra questão que fica camuflada nesta mobilização e que também não foi compreendida pela esquerda é o problema que agora o poder de barganha de Bolsonaro em torno de qualquer operação golpista aumentou consideravelmente.

Ou seja, ao contrário do que defende a esquerda, o STF e as demais instituições políticas estão cada vez mais longe de serem capazes de representar qualquer contenção a Bolsonaro e toda mobilização fascista. Os atos do dia 7 abriram um caminho para o fortalecimento do fascismo, da ação orquestrada da PM e do fortalecimento da candidatura de Bolsonaro.

A única maneira de conter esta situação e garantir a vitória dos trabalhadores contra o regime golpista é superar Bolsonaro nas ruas. Neste sentido, o poder de mobilização geral da esquerda e suas organizações de trabalhadores é superior ao poder de fogo de Bolsonaro, no entanto para que se concretize uma intensa campanha precisa ser feita, começando pela direção das principais organizações da esquerda, a CUT e o PT.

Bolsonaro mobilizou sua base. Mas ela, apesar de ser fiel e considerável, ainda é em torno de 20% da população. Nas ruas, é visível o repúdio popular a Bolsonaro e a toda a direita golpista.

Já os atos do dia 7 de setembro, por parte da esquerda, foram em primeiro lugar extremamente pequenos, uma decorrência da covardia e da capitulação vista em todo período anterior, como também quando Bolsonaro decidiu colocar os fascistas nas ruas. A esquerda pequeno-burguesa decidiu se esconder em casa enquanto os fascistas saím às ruas, e decidiu boicotar abertamente as manifestações dos trabalhadores que já estavam marcada há mais de um mês.

Os trabalhadores querem se mobilizar

Contudo, uma parcela dos trabalhadores decidiu mesmo assim sair às ruas. Mesmo frente à ditadura de Doria em São Paulo, que queria proibir os atos e ameaçou de censurar inclusive as revindicações dos manifestantes, milhares de pessoas tomaram às ruas no Vale do Anhangabaú; em outras cidades pelo país, o mesmo foi visto. Ficou comprovado mais uma vez que, para os trabalhadores, o desejo de sair às ruas e lutar contra Bolsonaro e todo regime golpista é cada dia maior, no entanto, que sua mobilização se vê contida pela falta de ação das direções populares.

Os trabalhadores querem protestar e o potencial é grande, no entanto para isso ocorrer é preciso reorganizar o movimento e tomar novas medidas. A esquerda covarde que praticamente suspendeu atos na maior parte das capitais precisa ser superada. Nas três capitais do sul, por exemplo, onde o investimento da burguesia rendeu grandes atos bolsonaristas, as manifestações da esquerda ficaram sob estado de suspense até seu início, pois muitas organizações queriam simplesmente desmarcá-las.

Por isso, é preciso superar esta paralisia e a total covardia destas organizações, colocar nas ruas uma intensa campanha de mobilização. A CUT precisa iniciar um trabalho nas bases de todas as suas categorias, levantar a mobilização dos trabalhadores nos locais de trabalho e colocar em marcha um grande movimento popular. O PT e as demais organizações da esquerda devem se juntar à população nas ruas, panfletando, convocando e organizando o movimento para as próximas manifestações. E Lula, sobretudo, precisa marcar presença nos próximos atos, respondendo diretamente à ação de Bolsonaro nas ruas, com a mobilização dos trabalhadores.

Esta é a única maneira de barrar o fascismo, vencer o golpe e garantir Lula presidente. Enquanto estas questões não estão na ordem do dia para a esquerda, a extrema-direita e os golpistas tentam se reorganizar para impor mais uma derrota ao povo.

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