Por quê estou vendo anúncios no DCO?

O "queridinho" da direita

Petistas reagem à chapa com Alckmin e chantagem do PSB

Refletindo a reação das bases petistas e a rejeição de toda a esquerda classista, dirigentes do PT se pronunciam contra "tucanização" da campanha da esquerda

No final da última semana, a imprensa golpista, profundamente empenhada em escolher o candidato a vice-presidente de Lula, já tendo anunciado cerca de 15 possíveis nomes (todos desmentidos por Lula e pelo PT) e, ultimamente, super empenhada em fazer campanha pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou que o tucano “estuda suspender filiação ao PSB para facilitar aliança com Lula” e ainda que o mesmo está “sendo aconselhado a evitar que negociação para ser vice fique atrelada a disputas regionais da legenda com o PT” (Coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, 8/12/21).

Chantagens do PSB

A imprensa não esconde que o fato da possível indicação de Alckmin ser apresentada como um “trunfo” do PSB para fazer exigências ao PT, como o apoio a candidatos do partido em SP, PE, RS etc. uniu opositores à esses apoios – que significaria que o PT renunciasse de lançar seus próprios candidatos a governador nesses estados – aos amplos setores que se opõem à possível candidatura de Alckmin, podendo inviabilizar a manobra da direita para impor à Lula um vice golpista, homem de confiança do regime político, governador de São Paulo por 14 anos, ex-presidente do PSDB, ex-candidato preferencial da burguesia golpista em 2018 ou, pelo menos, desmoralizar Lula com tal divulgação e colocar o político tucano em evidência, quando ele e seu partido encontram-se em notória decadência, aprofundada após os 4,7% de votos válidos no primeiro turno das eleições presidenciais passadas.

A própria “análise” divulgada pela Folha assinala que “uma eventual filiação de Geraldo Alckmin à legenda [PSB, NR] não poderia mais, portanto, ser usada como trunfo por integrantes do PSB, ficando desvinculada das ambições de suas lideranças regionais”. O pasquim tucano acredita que assim “a aliança entre os dois seria facilitada“.

O PSB, que deu mais de 80% dos votos da bancada na Câmara Federal para derrubar a presidenta Dilma Rousseff (PT) – sem os quais ela não seria afastada -. O partido não conta com nenhum liderança nacional com popularidade e como – uma verdadeira legenda de aluguel – e vem recebendo políticos de todos os lados para a disputa eleitoral do próximo ano (como os “esquerdistas” Flávio Dino, ex-PCdoB/MA, e Marcelo Freixo, ex-PSOL/RJ, o direitista ALckmin, ainda no PSDB, dentre outros). Os “socialistas” golpistas também deram votos importantes para aprovar projetos da direita golpista, junto com os bolsonaristas, como na reforma da Previdência e na recente aprovação, no primeiro turno na Câmara, da “PEC dos precatórios” ou “PEC da reeleição de Bolsonaro”. Agora, tentaram usar o nome de Alckmin, como uma falsa “moeda de troca”, com Lula e o PT. Oferecendo algo sem valor real pelo apoio decisivo do PT.

Isso gerou uma rebelião de setores do PT, contrários ao golpe. O presidente do PT de SP, Luiz Marinho, declarou que “o

 Lula da Silva na posse de Luiz Marinho na Presidência Estadual do PT. (Foto: Filipe Araújo)

PT terá candidato a governador de São Paulo e esse candidato chama-se Fernando Haddad” (O Globo, 1/12/21). Em entrevista, publicada no último dia 8, Marinho também acrescentou que “a candidatura do Haddad é 100% garantida. Não existe este debate do PT de São Paulo com o PSB sobre possibilidade nenhuma de abrir mão da candidatura de Haddad, nunca foi colocado… Isso não existe, nunca aconteceu. O PT terá candidato no estado de São Paulo, independentemente se o PSB tiver ou não”​​ (Fórum, 8/12/21).

A rejeição às imposições do PSB, levaram teriam levado ALckmin a adiar a decisão de se filiar a algum partido. É evidente também que direita que busca “indicar” um vice para Lula não quer correr riscos ou mesmo apoiar o fortalecimento de uma possível “federação de esquerda” que o PSB e PT negociam (vejam matéria nesta página).

Mas o “balcão de negociações” está aberto e o presidente de outra antiga sublegenda do PSDB, o também Solidariedade, deputado Paulinho da Força, confirmou no último dia 9 “que não há obstáculos no partido para receber o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin” como filiado no partido (Carta Capital, 9/12/21).

As bases do PT não querem Alckmin

A pressão contra uma possível aliança com o ex-governador tucano, inimigo tradicional da esquerda e dos trabalhadores (veja matéria com alguns dos seus “crimes” na página B3) se intensificou nas bases do Partido dos Trabalhadores, levando a que vários dirigentes da legenda se posicionassem contra tal possibilidade.

A vice-presidente do PT-SP e presidenta do maior sindicato do País, a APEOESP (professores estaduais), deputada estadual Maria Isabel Noronha (“Bebel”), se pronunciou – no final de novembro – em reunião pública da entidade afirmando que renunciaria de sua candidatura à reeleição. Na última semana, o ex-presidente do PT, deputado federal Rui Falcão, declarou a respeito “sou contra e não quero deixar dúvidas”. Segundo ele, “é um erro estratégico brutal. Além de tudo, para quem quer uma campanha aguerrida, passa um simbolismo negativo colocar um anestesista na vice”. E acrescentou que “não tem nenhum empresário que tenha se manifestado em favor dessa chapa. Nesta área em que Alckmin atrairia simpatias, ninguém se manifestou em favor de Lula.”

Falcão, denunciou ainda que a aliança não é mais um balão de ensaio, mas que “já está feita, pelo menos na imprensa.” (Brasil 247, 7/12/21)

Fracasso da “terceira via”

A indicação de Alckmin, foi apoiada apenas pelos setores mais direitistas da possível frente quer faturar em cima do prestígio do ex-presidente (como o PSB e PCdoB) que, de fato, defendiam que a esquerda tivesse um candidato da frente ampla com os golpistas, que poderia – inclusive – ser da direita desde que “encenasse” ser contra Bolsonaro.

É o caso da maioria dos governadores do PT, que gostariam que tal política abrisse caminho para alianças mais amplas com setores das reacionárias oligarquias locais, ligadas ao PSB, PP, PSD etc. com setores que, como Alckmin, impulsionaram e/ou apoiaram a prisão de Lula e toda a perseguição contra a esquerda mas que não se furtarão de usar seu prestígio político para colher dividendos eleitorais e, sendo necessário, de golpear novamente Lula e o PT.

Representante dessa ala direitista do PT, o ex-ministro das Relações Exteriores, dos governos do PT, Celso Amorim, declarou, cinicamente, que “Alckmin é um homem de bem, [que}] foi levado a apoiar o impeachment de Dilma”, quando o tucano foi o político do PSDB que mais ocupou cargos de importância no Executivo, ficando 14 anos no cargo, sendo um elemento fundamental nos ataques aos trabalhadores e à esquerda em toda a sua trajetória, o que fez dele o candidato à presidência da República em duas oportunidade, com apoio dos banqueiros e do imperialismo.

As manobras em torno de Alckmin e outras contra a candidatura de Lula, refletem o fracasso – por hora – da política da terceira via, diante da crise que ameaça implodir o PSDB e a candidatura de João Doria e ausência de uma alternativa própria e com potencial eleitoral dos setores mais tradicionais da direita, ligados ao principais setores do imperialismo, que gostariam de substituir Bolsonaro por outro elemento da direita, um dos “seus”, mas que vê prosseguir a polarização política entre a esquerda liderada pelo PT e por Lula, de um lado, e por Bolsonaro, de outro.

A tentativa de controlar a candidatura de Lula com um “cavalo-de Tróia”, para usá-lo na campanha eleitoral ou depois dela (como se deu com Michel Temer), reflete esse fracasso e deve ser rejeitada e derrotada pelos setores que apoiam Lula como um candidato de luta contra o regime golpista.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.