O canal de televisão norte-americano CNN publicou uma pesquisa, na quarta-feira (10), feita pela CNN/Instituto Real Time Big Data sobre o cenário eleitoral para 2022. Nela, Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido), aparece em primeiro lugar nas intenções de voto, com 31%. Na sequência, o ex-presidente Lula (PT), com 21%. Com porcentagens menores, aparecem Sergio Moro (sem partido) 10%; Ciro Gomes (PDT), 9%; Luciano Huck (sem partido) 7% e João Doria (PSDB) com 4%. João Amoêdo (Novo) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade) têm 2% cada um.
O ex-presidente Lula teve seus direitos políticos restituídos em virtude do ato de anulação das condenações da Lava Jato de Curitiba. Na primeira pesquisa realizada pelo Ipec, dias antes dessa decisão, Lula aparecia com 50% dos potenciais votos. A repercussão da restituição dos direitos políticos do ex-presidente foi enorme, com muitas reações nas redes sociais, nos principais jornais capitalistas nacionais e internacionais. As palavras Lula Presidente se tornaram trending topics na rede social Twitter. Praticamente todos os partidos políticos, da direita à esquerda, se manifestaram publicamente.
A CNN é uma das principais vozes do imperialismo dos Estados Unidos da América. A publicação de uma “pesquisa” que aponta Jair Bolsonaro com 10% a mais de intenção de voto do que Lula, o político mais popular do Brasil, demonstra que o imperialismo não quer Lula e o Partido dos Trabalhadores na presidência da República. Trata-se d uma peça de campanha, com o objetivo de manipular a opinião pública e apontar Bolsonaro com possibilidades de triunfar contra Lula. Caso se configure uma disputa eleitoral entre os dois candidatos, está muito claro que o imperialismo vai jogar todas as suas forças no apoio ao candidato da extrema-direita fascista, que é um fiel servo do Departamento de Estado.
O canal de televisão norte-americano tenta se colocar como “imparcial”. Em sua propaganda, o slogan é “líder na independência”, como se se tratasse de um jornalismo profissional, neutro na divulgação de notícias, sem propósitos políticos. O que é uma absoluta farsa. A CNN expressa as concepções políticas e ideológicas dos setores fundamentais do imperialismo. Sua existência só tem sentido como uma forma do imperialismo alcançar seus interesses em âmbito mundial.
Historicamente, a imprensa capitalista internacional sempre apoiou as guerras, massacres, intervenções externas e golpes de Estado promovidos pelo imperialismo mundial, cujo setor mais poderoso são os Estados Unidos. As guerras do Iraque e Afeganistão, esta última a mais extensa campanha militar da histórica americana, sempre fora apoiadas pela CNN. No período da invasão do Iraque, a imprensa procurou justificar a ofensiva militar contra o país árabe, com publicações que afirmavam que Saddam Hussein era um ditador cruel e sanguinário, que possuía armas de destruição em massa e representava um perigo para a humanidade. Segundo a imprensa, as forças armadas dos Estados Unidos levariam a democracia para o povo iraquiano. O resultado já é conhecido.
Na campanha do Afeganistão, a imprensa capitalista atacava os Talebans, salientava a opressão às mulheres, o suposto apoio ao terrorismo internacional e falta de democracia no país asiático. O objetivo sempre foi criar justificativas para a ofensiva militar em nome “da democracia”. As intervenções militares na Síria e Líbia contaram com seu apoio entusiasmado. No processo de golpes de Estado na América Latina, a imprensa capitalista deflagrou uma cínica campanha “contra a corrupção”, que era uma cobertura para ocultar as conspirações golpistas.
Em todos os países que sofreram golpes de Estado e intervenções externas, os povos pagam um preço altíssimo.
No Brasil, o imperialismo esteve por trás do golpe de Estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Nas eleições presidenciais de 2018, a prisão do ex-presidente Lula, primeiro colocado em todas as pesquisas, só foi possível em virtude das manobras arquitetadas pelo imperialismo contra o PT e a favor de Jair Bolsonaro. Por sua vez, o PT representa um obstáculo para o domínio do imperialismo sobre a economia e o sistema político brasileiros.
Se houver uma disputa entre Lula e Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, não há dúvida de que as forças imperialistas vão se lançar no apoio ao candidato fascista. A suposta “imparcialidade” da CNN e de toda a imprensa golpista nada mais é do que um conto de fadas. Sempre que os interesses do imperialismo estiverem em jogo, a CNN vai atuar para garanti-los.
A manobra da imprensa capitalista é ocultar a defesa de determinados interesses políticos sob a máscara de jornalismo “profissional” e “imparcial”. Não existe imparcialidade na vida social. Toda notícia traz em si uma intencionalidade política, está ligada à dinâmica das forças em confronto na luta de classes em um contexto histórico.
É preciso criticar e desmascarar as pesquisas eleitorais fraudulentas dos institutos de pesquisas do imperialismo. Estes querem intervir na política interna brasileira para garantir a manutenção dos seus interesses.