Neste domingo, 3 de outubro, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), do Mato Grosso do Sul, realizou sua Conferência Estadual onde foram eleitos delegados e a nova direção regional. A conferência homenageou o sindicalista rural Ramiro Moysés Neto, ex-vereador de Eldorado (MS) quando era do PT e foi vice-presidente do PCdoB no estado e faleceu neste ano vítima de Coronavírus. Com a presença de diversas lideranças políticas e de movimentos sociais, o partido realizou a conferência de forma virtual.
Foi reeleita para dirigir o partido Iara Gutierrez Cuellar, cujo vice será Renato Pires de Paula. Diversos dirigentes estaduais marcaram presença na conferência, como Wladimir Ferreira, presidente estadual do PT; Ricardo Maia, do Cidadania; Marcelo Bluma, do PV, e Cris Duarte, do PSOL. Rosanita Campos e Liège Rocha, dirigentes nacionais do PCdoB, se pronunciaram na abertura do evento e acompanharam as deliberações do partido. Estiveram presentes também representantes da UNE, UBES, da UJS, da UNEGRO, da UNA LGBT de MS, dentre outros.
Apesar do discurso progressista e da presença de movimentos ditos progressistas e ligados aos movimentos sociais, na prática o partido que se diz comunista está muito longe de qualquer socialista, nem sequer honra suas cores. Prefere manter relações com os inimigos do povo, como esses que compõem a frente ampla com golpistas, direitistas e latifundiários. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), uma golpista e latifundiária, enviou uma mensagem saudando a conferência. “Eles precisam saber que trazemos dentro de nós as sementes que resistem”, disse Tebet, como se ela fosse a favor das verdadeiras lutas do povo, como a reforma agrária e o respeito às comunidades indígenas.
A presidenta reeleita, Iara Cuellar, agradeceu a senadora se referindo a um apoio dela que apenas maquia a verdadeira face de Simone Tebet, que sempre articulou contra os índios e em favor dos latifundiários no estado. “A senadora Simone teve papel importante na derrubada do veto de Bolsonaro às federações no Senado”, disse Cullar.
As ligações do PCdoB com o PSD local e a golpista Simone Tebet mostram a que ponto chegou a política oportunista da esquerda pequeno-burguesa que a cada dia fica mais a reboque da direita contra a classe operária e os oprimidos do Brasil. Dizer que combaterá Bolsonaro com apoio de Tebet e PSD não engana mais nenhuma criança. Esses partidos que estão afagando e distraindo a esquerda estão na iminência de aprovar várias reformas contra a população. O PCdoB se fez presente ao ato do fascista Movimento Brasil Livre (MBL) no dia 12 de outubro e vem corriqueiramente sabotando e censurando a luta do PCO e daqueles que querem uma frente única com a classe trabalhadora, sem a burguesia, contra Bolsonaro e todos os seus golpistas. O partido está se solidarizando também com as canalhices do coroné Ciro Gomes e vem apoiando os ataques a Lula e desmobilizando as manifestações populares.
O PCdoB finge não ver que seus aliados direitistas e da extrema-direita são responsáveis por vários ataques ao povo mato-grossense. O Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais sofre com a violência dos latifundiários contra indígenas e trabalhadores rurais. É um grande concentrador de terra e líder de violência contra indígenas. Conforme o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o estado concentra cerca de 39% dos assassinatos de índios ocorridos entre os anos de 2003 até 2019.
Esse afago do PCdoB com esses setores da direita é uma capitulação diante de bolsonaristas latifundiários, verdadeiros inimigos da classe trabalhadora. Frente Ampla com a direita, para justificar a luta contra o fascismo, só fortalece a política do próprio Bolsonaro, que é colocado como um espantalho, mas esses direitistas “amigos” da esquerda seguem as mesmas políticas neoliberais de Bolsonaro, inclusive com mais apoio da burguesia, pois se revestem com pele de cordeiro e põem as velhas máscaras da democracia burguesa antidemocrática e autoritária.