No dia 11 deste mês o governador João Doria (PSDB-SP), em mais uma tentativa de fingir estar preocupado com a população sob a pandemia de coronavírus, decretou lockdown em São Paulo e, com ele, a suspensão da prática de todas as atividades esportivas coletivas no estado entre os dias 15 e 30 de março. Desse modo, o campeonato paulista está completamente suspenso durante o período.
Doria é, junto ao governo Bolsonaro, um dos grandes responsáveis pelo genocídio de coronavírus que a direita que a vem aplicando à população brasileira. Estabelecer um lockdown é, na verdade, uma medida desesperada de quem não mobilizou políticas públicas de saúde para o controle do contágio por COVID-19. Associar a política de lockdown à suposta “humanidade” do governador da direita é uma grande demagogia que procura livrá-lo da responsabilidade.
Diante do decreto, no entanto, o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, se mostrou insatisfeito com a paralisação do Paulistão, que teria cerca de três rodadas prejudicadas (5ª, 6ª e 7ª rodadas), suspendendo cerca de 26 jogos, sendo 24 pelo cumprimento normal da fase de grupos, e 2 jogos atrasados (Mirassol x Inter de Limeira, pela 4ª rodada, e São Bento x Palmeiras, pela 3ª rodada).
Reinaldo Carneiro Bastos declarou que buscaria a realização dos jogos em outros estados, aqueles que não tivessem restrições. Esse posicionamento do presidente da FPF é completamente ridículo. Ele teria alegado que a Federação apresenta as condições necessárias para a realização segura das partidas. No entanto, essas condições permitem que em toda rodada se apresentem jogadores barrados por um exame positivo de coronavírus, havendo casos até de jogadores que foram para jogo infectados. Ou seja, mesmo sabendo que os jogadores estão se contaminando, Reinaldo Bastos considera a coisa segura. Na verdade, ele não está nem aí para os jogadores e sim para os lucro dos empresários.
A atitude da FPF demonstra que a única preocupação que ela tem é a de garantir o lucro dos empresários no futebol. As séries A2 e A3 do estadual irão parar, mas a série A1, controlada pelos times mais ricos será transferida para outros estados, como se não houvesse um caos de coronavírus no País inteiro. O presidente da Federação teria conversado com a Secretaria de Esportes do Rio, sondando se o governador Cláudio Castro aceitaria receber os jogos do Campeonato Paulista. O secretário de esportes, Leandro Alves, acenou positivamente para a proposta, dizendo que o Rio estaria de braços abertos para receber os jogos.
Insistir na realização dos jogos é um verdadeiro crime, pois joga os atletas em situação de alto contágio. O estado do Rio de Janeiro atingiu, neste último domingo, 14, mais um recorde de solicitações de leitos de UTI para tratamento de COVID-19. Para se ter uma ideia, foi preciso solicitar a transferência de 176 pacientes para outros estados. Este dia bateu o recorde do dia anterior, sábado, 13, quando o número de solicitações para transferência foi de 168. Pois bem, diante da situação, a atitude da FPF é completamente irresponsável e criminosa. Os empresários já nem tentam mais disfarçar que não ligam para a saúde da população, está escancarado que querem, à todo custo, garantir seus lucros.
Tudo isso é consequência de uma política da direita de abandono da população. Uma política completamente desmoralizada que até agora não tomou nenhuma atitude séria contra o alto contágio da doença. A direita reclama que o lockdown atinge duramente a economia, e isso é um fato inegável, mas se nega também a financiar uma campanha séria de saúde pública e prevenção para a população.
Não há políticas sérias, como a distribuição de itens de prevenção, como levar água às casas da população trabalhadora pobre, como a realização de propagandas de orientação à população sobre os riscos do coronavírus, de luta por um auxílio emergencial equivalente a um salário mínimo, de programa de apoio econômico aos ambulantes, aos comerciantes e etc.
A paralisação do futebol é parte da demagogia do governo da direita em São Paulo, e o que prova isso é que os trabalhadores são empurrados a ir trabalhar em transportes lotados, como animais sendo levados para o abate, um dos maiores focos de contaminação.