Na última semana, o Socialist Equality Party (Partido Socialista pela Igualdade, em tradução livre) dos Estados Unidos teve sua página banida da rede social Facebook. A censura, que atingiu também algumas das lideranças do partido, foi amplamente denunciada nas próprias redes sociais e, por fim, o Facebook acabou revertendo a situação de banimento dois dias depois. Outras organizações de esquerda também sofreram censura do facebook, como por exemplo o Socialist Workers Pary (SWP) britânico.
O caso acontece pouco tempo depois de Donald Trump, ex-presidente dos EUA, ter também sua conta banida pela rede social Twitter. O caso de Trump trouxe mais uma vez à tona o debate sobre a liberdade de expressão e a censura na internet. A esquerda brasileira, da mesma forma que a maior parte da esquerda mundial, defende a mesma política do imperialismo de censura dos seus adversários políticos, em nome de um suposto combate à extrema-direita e ao fascismo. De acordo com essa esquerda, o “discurso de ódio” e as ditas “fake news” devem ser combatidos com o mesmo método utilizado pela burguesia, que é o da censura e da perseguição.
O SEP (Socialist Equality Party) também havia criticado duramente a censura sofrida por Trump e se posicionava contrário ao candidato Joe Biden, o candidato do imperialismo e que agora é oficialmente o presidente dos Estados Unidos. A denúncia é correta e deveria se repetir dentro de toda esquerda que se diga minimamente democrática, pois trata-se do direito de liberdade de expressão. Como um direito mínimo, não pode ser suprimido de nenhum indivíduo ou organização, independentemente do discurso promovido.
A perseguição à esquerda é a política oficial dos grandes monopólios da comunicação digital. A censura que serve para reprimir a extrema-direita é a mesma que serve para reprimir a extrema-esquerda e até mesmo setores mais moderados.
O PCO vem denunciando esse suposto combate à extrema-direita por meio da censura, como foi feito com Trump. A extrema-direita só pode ser combatida nas ruas, pelos trabalhadores e suas organizações e não pela direita tradicional, que é a responsável direta pela existência de figuras fascistas como Trump, Bolsonaro e outros. A direita tradicional, a burguesia, tem como objetivo político principal o controle e a estabilidade do regime, que passa por uma crise generalizada no mundo. O fenômeno do fascismo é resultado da polarização política e da decadência da direita “democrática”, que não possui popularidade nenhuma.
O combate a essa extrema-direita não passa pelo controle da comunicação por meio dos monopólios digitais. A esquerda deve denunciar com afinco a censura porque o objetivo final dessa caça às bruxas vai ser atingir a própria esquerda, como fica evidente com esse recente caso dos partidos de esquerda sendo alvos das mesmas sanções colocadas à extrema-direita.