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Esquerda bolsonarista

Partido das Cadeias Brasileiras

Secretário-geral do PCB, em mais um surto histérico da pequena burguesia, clamou pela prisão de quem defendesse o tratamento à base de cloroquina

Com a polarização política cada vez mais intensa, o Partido Comunista do Brasil (PCB) foi conquistando seu espaço como o partido mais silencioso do País. Em praticamente todos os momentos mais importantes durante a preparação do golpe de 2016, o próprio golpe e o seu aprofundamento, a legenda se mostrou incapaz de adotar uma política, seja ela certa ou errada. A ausência de uma política, principalmente para um partido que se arroga “o mais antigo do Brasil”, não pode ser vista com ingenuidade: serve apenas para reforçar a política oficial da burguesia.

Quando o PCB quebra o seu silêncio, é também para apoiar a política da burguesia — em geral, de seus setores mais pró-imperialistas. Foi o que vimos, na última semana, com Edmilson Costa, dono do mais alto cargo da burocracia do PCB, em publicação nas redes sociais:

A frase é de uma barbaridade impressionante, embora bastante reveladora. Em seu empenho para apoiar o imperialismo em sua agonia mortal, a esquerda pequeno-burguesa atirou à lata do lixo todo e qualquer princípio democrático.

A questão da cloroquina não está, nem de longe, entre os problemas mais importantes da luta de classes no momento. Os 217 mil mortos da pandemia não vieram a óbito por causa da cloroquina, mas sim por causa da política de rapina dos bancos. Política essa que se manifesta no fim do auxílio emergencial, na reabertura, na ausência de testes, na destruição do sistema de saúde, na especulação da indústria farmacêutica e dos capitalistas dos planos de saúde etc.

Dar tanta importância assim à cloroquina revela que a desorientação total do PCB: enquanto os trabalhadores estão sendo golpeados duramente por seus inimigos, Edmilson Costa reescreve a história da humanidade como sendo a luta entre o povo e a cloroquina. Mas o problema é muito mais profundo.

A preocupação com a cloroquina é, em si, um grande erro político, e um rebaixamento programático total. Ao invés de a esquerda se preocupar em tomar para si o controle da produção e da distribuição de remédios, restringe-se a aconselhar o Estado a usar um medicamento em detrimento de outro. E pior: isso não se dá a partir de uma base verdadeiramente científica, uma vez que a esquerda pequeno-burguesa não tem controle algum da produção científica, mas sim a partir daquilo que a imprensa burguesa classifica como cientificamente correto ou não. Em resumo: Edmilson Rodrigues é contra a cloroquina porque leu na Folha de S.Paulo que o medicamento, vinculado a figuras como Jair Bolsonaro e Donald Trump, pouco quistos pela burguesia, não é confiável.

O ridículo disso tudo é que a opinião da Folha de S.Paulo sobre a cloroquina tem valor: é a expressão da política de uma classe poderosa, que derrubou o governo de Dilma Rousseff e que controla o regime político de conjunto. Quando a Folha de S.Paulo se opõe ao governo Bolsonaro, é porque o imperialismo está disposto a se opor ao governo em alguma medida. A opinião de Edmilson Costa, no entanto, não vale de nada: nem o governo Bolsonaro, nem a Anvisa, nem instituição alguma deixará de lado a cloroquina por causa de seu pedido.

Trata-se de uma política que, finalmente, só poderá ter sucesso se for de interesse da burguesia.

Apesar de ser um erro total e, no fundo, comprovar uma dependência em relação à burguesia imperialista, o “combate” à cloroquina, neste caso, cumpre outro papel político para o dirigente do PCB. Não se trata, tanto assim, de fazer uma grande campanha em torno daquilo que considera cientificamente correto. Trata-se de encontrar um pretexto — muito fajuto, diga-se de passagem — para que a esquerda pequeno-burguesa leve adiante a sua política de fortalecimento do aparato de repressão.

Não pode ser ignorado que o pedido histérico de “cadeia para quem insistir nessa conversa fiada de tratamento precoce com cloroquina” se dá no mesmo momento em que a esquerda pequeno-burguesa de conjunto tem apresentado a repressão como principal aspecto de sua política. Há alguns meses, chamou a atenção que o simples caso de um jogador de futebol acusado de estupro serviu para que a esquerda se unisse à Rede Globo e entrasse em uma campanha feroz pela prisão de Robinho. Mais recentemente, toda a esquerda pequeno-burguesa celebrou o fato de que os monopólios da internet censuraram o então presidente norte-americano Donald Trump.

No caso de Edmilson Costa, contudo, já não há mais a repressão como uma solução para os problemas políticos apresentados — o que em si já é muito reacionário e de extrema-direita. De tanto apresentar a prisão como uma solução, a prisão já não é mais um suposto meio para o fim que a esquerda diz defender, mas se tornou o próprio fim. Isto é, se antes a esquerda usava a cadeia para tentar se livrar de um problema, agora ela procura um problema para justificar a sua política principal de encarcerar as pessoas.

O argumento principal do dirigente do PCB é que as pessoas que defendem um tipo de tratamento diferente do que é recomendado pela OMS — isto é, o imperialismo — deveria ir para a cadeia. Trata-se, portanto, de uma defesa explícita do imperialismo. E é, ao mesmo tempo, a mais apaixonada defesa da repressão contra a esquerda. Afinal, o papel da esquerda deveria ser o de, essencialmente, contestar a política criminosa da classe dominante, seja na saúde, seja na educação, seja em qualquer questão fundamental. Defendendo esse tipo de política, Edmilson Costa apenas está reforçando a ditadura da indústria farmacêutica e a mais dura repressão sobre qualquer setor que se coloque em seu caminho.

A política do PCB, além de colocar o partido na condição de colaborador imundo do imperialismo, é também um atraso ideológico extraordinário. Quem volta as costas para a luta de classes e tem como única política “cadeia, cadeia e cadeia” é a extrema-direita bolsonarista.

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