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"Sir, yes sir"!

Os stalinistas quinta-coluna do imperialismo no Afeganistão

PCB, Jones Manoel e os rottweilers que rosnam no Twitter ficaram contra a fantástica tomada de Cabul pelo Talibã

Muito antes da invenção do Photoshop, os stalinistas já haviam descoberto meios de manipular fotografias para excluir quem não era digno de sua homenagem. Nada mais natural: a burocracia soviética, responsável por afogar dezenas e dezenas de revoluções mundo afora, acabou se especializando na falsificação histórica — ou, vulgarmente falando, na mentira — como forma de esconder a podridão e o conteúdo aberrantemente reacionário de sua política.

Um dos cacoetes que os saudosos do regime stalinista herdaram daquele período é o de acusar os trotskistas de fazer exatamente aquilo que os stalinistas fizeram com tanta desenvoltura: apoiar o imperialismo em suas manobras e em seus golpes. As acusações nunca partem de uma análise política profunda ou de qualquer prova. São sempre resultado de alguma fofoca, alguma “fonte secreta” ou simplesmente da afirmação de algum desqualificado que acha que o que diz deve ser levado a sério. Os trotskistas, segundo as viúvas stalinistas, colaborariam com o imperialismo porque seriam “espiões alemães”, agentes da “CIA”, “financiados pela extrema-direita” etc. Acusações que têm tanto valor quanto as denúncias da revista Veja contra o PT.

Essas acusações policialescas refletem os métodos da extrema-direita e se dão pelo mesmo motivo que leva a extrema-direita a utilizá-los. A Veja diz que Lula é “ladrão” porque não pode dizer abertamente o motivo de sua hostilidade ao ex-presidente. Isto é, que quer Lula preso e excluído do regime político para que um genocida governe, mate a população de fome e entregue o Brasil aos monopólios internacionais. Do mesmo modo, os stalinistas, que não podem dizer que hostilizam os trotskistas porque o programa trotskista é a defesa viva do marxismo em contraposição ao seu revisionismo reacionário, tratam de caluniar os trotskistas.

Há não muito tempo, o youtuber Jones Manoel, cabo eleitoral de Guilherme Boulos e Glauber Braga (PSOL), filiado ao PCB, publicou em seu perfil no Twitter que “os trotskistas” sempre apoiavam as manobras e golpes do imperialismo no mundo. Em um primeiro momento, a frase não era suficientemente clara — coisa também bastante comum do centrismo stalinista, que procura estar sempre em cima do muro para poder mudar de posição quando conveniente. Diante da crise da Quarta Internacional, muitas organizações se declaram “trotskistas”, mas têm programas distintos. Do que Jones Manoel estava falando, do “trotskismo” a partir da doutrina de Leon Trótski, do “trotskismo” que vive no partido que defende verdadeiramente o trotskismo — que equivale à primeira hipótese — ou a alguma experiência que ele teve na universidade com alguma seita esquisita que jurava ser a continuação do legado de Trótski?

O primeiro caso seria de muita má fé, uma vez que Trótski foi talvez a pessoa mais perseguida pelo imperialismo em vida — teve seu direito a asilo político negado em praticamente todo o mundo — e, nem mesmo diante da chantagem da “luta contra o fascismo”, deixou de colocar às claras que o inimigo maior da humanidade era o imperialismo. Enquanto isso, Stálin fumava cachimbo com Churchill e Roosevelt. O segundo é igualmente absurdo. O partido trotskista no Brasil é o PCO, partido que não só defende a doutrina trotskista rigorosamente, como ficou contra todos os golpes imperialistas das últimas décadas: Paraguai, Egito, Honduras, Brasil, Argentina, Bolívia etc.

A única possibilidade de Jones Manoel não estar agindo de má fé, portanto, é que ele seja completamente ignorante e acredite que o “trotskismo” no Brasil seja o PSTU. Ou seja, um partido de professores universitários, que de trotskismo não tem nada e que ficou ao lado do imperialismo em todas as oportunidades.

Consideremos, por um breve instante, que de fato a ignorância foi o que guiou Jones Manoel a difamar o trotskismo. Mas se assim de fato é, teríamos que chegar à conclusão de que a política de Jones Manoel é a política anti-PSTU — que seria a política do PCO e do trotskismo de fato — ou que é a mesma do PSTU, que é a de colaboração com o imperialismo.

Infelizmente — para o youtuber — nossa conclusão não pode ser outra que não a segunda. Qual posição Jones Manoel e seu partido tomaram diante do golpe de Estado no Brasil, a do PSTU ou a do PCO? Ora, a do PSTU. Jones Manoel chegou a falar que a tese de que havia um golpe em curso seria uma “histeria” do PT e ficou, a todo instante, ao lado da Frente Povo sem Medo, criada para dividir a esquerda na luta contra o golpe. Futuramente, Jones Manoel se colocou contra que houvesse uma campanha pela liberdade de Lula e, até o momento, é contra a sua candidatura presidencial.

A lambança de Jones e do PCB/PSOL durante o golpe de Estado é mais do que suficiente para decifrar a charada do youtuber: quem colabora com o imperialismo é ele, que, para omitir esse fato, sai acusando aqueles que se insurgem contra o imperialismo.

Mais recentemente, o cabo eleitoral do PSOL deu mais uma dica da charada: afirmou que o PCO estaria a soldo da CIA porque é contra a destruição da história nacional. Bom, considerando que o PCO é contra a destruição da história nacional e Jones Manoel é a favor, é bem fácil decifrar quem está a reboque do imperialismo…

Mas alguém de muito bom coração poderia querer perdoar o youtuber pelos seus erros. Afinal, ele pode ter errado profundamente no país em que vive porque a situação seria muito complexa. Poderia Jones Manoel ter misturado suas frustrações reformistas em relação ao PT com o antipetismo voraz de Reinaldo Azevedo. Poderia ser tão radical que defendeu a derrubada de estátuas, mesmo que só servisse para impulsionar a campanha imperialista contra a cultura brasileira. O problema é que sua posição em relação à situação internacional não corrobora com isso. Na verdade, mostra que o apoio ao imperialismo não é exceção, mas sim regra.

É sempre difícil saber a posição do PCB sobre qualquer assunto, principalmente no que diz respeito à política internacional. Afinal, a maior qualidade do partido é a capacidade de se manter calado — o que evita a vergonha diária que passa o PSTU. Seus parlamentares, que são mais pressionados para se posicionar, estão todos no PSOL, o que “limpa” um pouco a “barra” do partido. Jones, aprendiz de stalinista malandro,, segue o mesmo método.

Eis que, desta vez, ficou muito difícil de fugir do debate. O Talibã, um exército de flagelados, munidos de fuzis e granadas, colocou para correr o exército norte-americano do Afeganistão. Um povo miserável, de formação tribal, com um PIB de menos de 20 bilhões de dólares, expulsou um investimento de mais de um trilhão de dólares do imperialismo! Uma verdadeira insurreição popular contra o maior inimigo da humanidade.

E agora, de que lado ficariam Jones Manoel, o PCB, o PSOL e os grandes “revolucionários” que acusam os trotskistas de apoiarem o imperialismo? Estariam ao lado das brutais forças armadas norte-americanas, que ficaram vinte anos atormentando um povo miserável apenas para roubar o seu petróleo e tentar controlar a região ou ao lado daqueles que pegaram em armas e botaram esses palhaços para correr?

Pois é. Aqueles que têm o dedo duro de tanto apontar para os “agentes da CIA” estão apoiando uma das maiores monstruosidades da última década, que foi a invasão do Afeganistão. Estão apoiando uma guerra que teria matado, segundo dados conservadores, 174 mil pessoas. Uma guerra que liquidou a infraestrutura do país e que tinha como único objetivo garantir que um país-chave do Oriente Médio estivesse nas mãos do imperialismo.

Para que o imperialismo iria querer controlar o Afeganistão? Seria para promover os direitos das mulheres? Seria para promover a “democracia”? Seria para promover o “socialismo”? Óbvio que não. Seu interesse é, como em todos os países que ocupa, roubar todo o patrimônio natural do país — já que o imperialismo nem permitiu que o Afeganistão tivesse um patrimônio industrial — e, junto a isso, dificultar a unidade dos povos na região. Com a derrota quase que iminente dos Estados Unidos na Síria, com o avanço do Hezzbolah no Líbano, com as consequências da revolução iraniana, o Afeganistão sob controle de um grupo nacionalista pode servir como a faísca que o Oriente Médio precisava para uma grande insurgência contra o imperialismo.

Todos os oprimidos deveriam estar em júbilo com a queda de Cabul. E estão. O Hamas prontamente reconheceu a vitória do Talibã. Cuba também aplaudiu a insurreição popular. O imperialismo caiu de quatro, fraco, mostrando-se tão débil, tão débil, que pode ser derrotado por qualquer um. Se o povo pobre do Afeganistão derrotou o imperialismo, o que dirá da China em um conflito com os Estados Unidos? A mensagem do Talibã é clara: é hora dos oprimidos segurarem o braço de quem os chicoteia e partir para cima de seus inimigos.

Se os jornais pró-imperialistas e bastante comedidos The Economist, The Wall Street Journal e Financial Times consideram a queda de Cabul um desastre de enormes proporções, qual será de fato o efeito que a expulsão dos Estados Unidos terá causado? É difícil de imaginar, mas não é exagero compará-la com eventos como a queda de Saigon, no Vietnã, ou mesmo a revolução cubana.

Mas não é conveniente para o imperialismo aparecer assim tão frágil. E por isso há todo um esforço para esconder a sua derrota. Rapidamente lançaram uma forte propaganda para apresentar o Talibã como bárbaros, monstros, misóginos, terroristas etc. O objetivo é claro: jogar água no chope daqueles que brindam à derrota do imperialismo. Isto é, pressionar os setores progressistas a não comemorar a derrota dos Estados Unidos porque a vitória do Talibã seria algo negativo.

É a volta do famoso “nem nem”. Nem o imperialismo monstruoso e genocida, nem o Talibã “bárbaro” e “opressor”. Que foi, não por acaso, a mesma política de Jones Manoel e os deputados para o qual faz lobby durante o período do golpe de Estado no Brasil. Recusaram-se a apoiar o governo do PT porque era “burguês”, “dos banqueiros”, “o imperialismo não quer o golpe”, seria preciso uma “saída pela esquerda” etc. Agora, calam-se diante da maior insurreição da última década.

E já estão dando as mesmas desculpas esfarrapadas. Falam que o Talibã é apoiado pelo imperialismo, que o novo presidente do país foi “treinado pela CIA” etc. Talibã, preparem-se: serão vítimas de uma longa campanha de calúnias por aqueles que carregam em seu DNA o apoio à contrarrevolução na China, na Espanha, na Inglaterra, na França, na Espanha, na Grécia e em praticamente todo o mundo.

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