Algumas semanas atrás, um companheiro da nossa redação estava no Metrô de São Paulo quando viu dois jovenzinhos pagos pelo MBL distribuindo adesivos convocando o ato do dia 12 de setembro. Ao entregarem o material, eles diziam: “esse aqui é o ato fora Bolsonaro e fora Lula também”.
Eis o conteúdo político da manifestação que a direita está programando para o dia 12. Um ato abertamente antipetista e contra o ex-presidente Lula.
Para não haver dúvidas, expliquemos melhor: o “fora Bolsonaro” aparece ali na convocação, segundo os jovenzinhos do MBL, porque o atual presidente “traiu aqueles que confiaram nele”, ou seja, apoiaram e elegeram um fascista, mas ele não leva adiante como deveria a pauta da direita golpista. Por isso, o MBL quer uma alternativa eleitoral a Bolsonaro, uma pessoa que eles confiaram, mas que os decepcionou.
Não é o mesmo significado do “fora Lula” levantado pelos jovens. Lula é e sempre foi o nome a ser combatido pela direita. O MBL e o PSDB, que estarão nos atos do dia 12, ajudaram a prender Lula porque o ex-presidente representa tudo de ruim para eles. Lula é a representação da esquerda, dos movimentos sociais.
Portanto, dia 12 é um ato dos amigos ressentidos de Bolsonaro e dos maiores inimigos de Lula. Não é um ato anti-Bolsonaro, a não ser meramente do ponto de vista da disputa eleitoral, mas é um ato ferozmente contra Lula.
Um setor da esquerda pequeno-burguesa anunciou que vai participar do ato. Orlando Silva (PCdoB-SP) e Isa Penna (PSOL-SP) confirmaram sua presença e disseram que vão convencer outros a irem. Eles representam dois dos partidos mais antipetistas e antilulistas dentro da esquerda.
Tanto PSOL como PCdoB têm repetidas vezes se colocado contra a participação de Lula nos seis atos que aconteceram até agora pelo fora Bolsonaro. Em compensação defenderam a participação do PSDB, inclusive criticando quando militantes do PCO e do PT expulsaram os tucanos do ato do dia 3 de julho. São eles, também, os defensores da frente ampla, que visa colocar a esquerda a reboque do setor que eles chamam de “civilizado” da direita, o PSDB.
Agora, a frente ampla ganha um nome mais claro: a terceira via. É em nome da terceira via que PSDB, MBL, Isa Penna e Orlando Silva estarão nas ruas no dia 12. Trata-se de uma campanha eleitoral para João Doria, ou outro golpista que procura tirar o “traidor” Bolsonaro do governo nas eleições de 2022 e assim poder aprofundar os ataques contra o povo que eles avaliam, Bolsonaro não dá conta de fazer com todo o vigor.
Em suma, o ato do dia 12 é um comício eleitoral de Doria e da terceira via. A imprensa golpista não nos deixa mentir: Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo estão convocando o ato. Cobram inclusive a presença da esquerda para que ela ajude a dar a cara de popular para o intragável e impopular João Doria.
E se é um ato de Doria é também um ato abertamente anti-Lula em todos os sentidos, inclusive o eleitoral.
A explicação da presença de PSOL e PCdoB no dia 12 está clara: são grupos antipetistas. Mas o que ganharia o PT em participar de um ato que é contra ele mesmo? Nada, ou melhor, perderia muito.
A CUT já avisou que não irá. Está correto. À primeira vista, o PT não irá ao ato. Para o PT e para Lula não seria apenas um erro crasso se misturar com esses golpistas, os fascistas mirins do MBL e com BolsoDoria. Seria assinar sua própria condenação política, jogar para o alto as pretensões eleitorais do candidato mais popular da esquerda, Lula, e ajudar a eleger Doria.