Eduardo Paes(DEM-RJ), prefeito do Rio de Janeiro, está sendo cogitado por uma parcela da esquerda em uma frente contra Bolsonaro (sem partido, ex-PSL). Paes já fora ajudado pela esquerda pequeno-burguesa em outras ocasiões políticas, como a recente desistência do psolista Marcelo Freixo à prefeitura do Rio de Janeiro, em favor de uma frente ampla com Paes para supostamente “combater” Bolsonaro e seu aliado Marcelo Crivella no Rio.
Essa ala direitista da esquerda continua se equivocando ao se aliar com golpistas, apoiadores de Bolsonaro e da pauta reacionária neoliberal contra os trabalhadores, levando a esquerda e os movimentos sociais a ficarem a reboque desse agrupamento político que não tem projeto político algum no interesse da classe operária. A frente ampla, da qual Paes faz parte, não assumirá nenhuma política em prol dos trabalhadores contra os banqueiros e demais parasitas do capitalismo. A frente ampla quer limpar a face pública de extrema-direita de Bolsonaro, a quem ajudou a se eleger e continua a mantê-lo de forma sorrateira no poder, para implementar uma política ainda mais atroz sob um disfarce “civilizado”.
A articulação da direita para indicar um vice como Eduardo Paes para a chapa de Lula se deve à movimentação de Gilberto Kassab, presidente do PSD, e à ala direita do PT e da esquerda pequeno-burguesa. A próxima articulação poderá ser a filiação de Paes ao PSD. Segundo Washington Quaquá, dirigente oportunista do PT, “Eduardo seria um ótimo nome”, pois teria um forte impacto eleitoral devido ao caráter complementar de um e outro político.
Eduardo Paes na chapa de Lula é aceitar um político cujas acusações de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, práticas comuns no regime burguês, que é corrupto por natureza, são desprezadas pela direita e justiça burguesas. Porém, quando é praticada por seus adversários, é motivo para iniciar processo de impeachment e patrulha moralista, como ocorreu no Brasil a partir da vitória e reeleição de Dilma Rousseff em 2014.
Paes não é democrata e nem civilizado. Em seus governos, tivemos vários massacres da polícia contra a população das favelas através das Unidades de Polícias Pacificadoras, uma ferramenta violenta do estado para conter a revolta social, assassinando e violentando as pessoas das comunidades com a desculpa de combater o tráfico de drogas, desculpa para assassinar e prender. O recente massacre policial no bairro carioca do Jacarezinho, uma população com mais de 40 mil moradores, onde não há presença dos poderes municipal e estadual, deixa também as mãos de Eduardo Paes meladas de sangue, pois como prefeito ele não moveu e nem move uma palha para evitar esses seguidos ataques das polícias civil e militar. Além de esmagar o povo dos subúrbios, Eduardo Paes também deixou todo o funcionalismo público do Rio de Janeiro à deriva, como continua até hoje depois de várias administrações municipais e estaduais direitistas.
Essa mesma direita (PSD, PSDB, MDB, etc) da qual Eduardo Paes faz parte é a mesma que entregou o Rio de Janeiro ao caos administrativo; aprovou a reforma trabalhista do golpista Michel Temer(MDB); a reforma da previdência do governo golpista de Bolsonaro e seguirá lutando por uma pauta neoliberal reacionária. A esquerda que apoia um vice-presidente do centro para Lula tapa os olhos para a traição que o PT e o povo sofreram dessa gente.
Indicar Paes ou qualquer outro direitista na chapa de Lula não significa apaziguar o país, nem acabar com a polarização que a burguesia quer ver. A burguesia não quer abrir mão de sua pauta reacionária, não tem candidato com base social para derrotar o fascista Bolsonaro e quanto mais o tempo passa ela vai perdendo cada vez mais margem de manobra para se aliar com Bolsonaro. Uma frente da esquerda com a direita serviria à direita apenas, para sabotar a candidatura de Lula – a quem o imperialismo não quer no governo nem pintado de ouro.
É preciso denunciar todas as manobras e aproximações da burguesia decadente com o ex-presidente Lula, para o qual devemos indicar um vice-presidente oriundo dos movimentos sociais, que seja ligado à classe trabalhadora, para evitar todo tipo de concessão às políticas reacionárias do capitalismo em crise.
Bandidos políticos como Paes nunca será um aliado dos trabalhadores, pois seus patrões, os grandes capitalistas, não aceitarão conciliação, como foi provado com o golpe de 2016. Eles farão apenas demagogia. Eles querem ver Lula e o povo pelas costas. Sua aproximação ao ex-presidente é oportunismo político, cinismo, de uma burguesia decadente. A polarização é necessária para delimitar a barbárie e o seu reacionarismo (aí incluídos Bolsonaro e o “centrão”) de um verdadeiro movimento popular que ganhe as ruas por Lula presidente com um governo dos trabalhadores.