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Tudo por um cargo

O oportunismo da unidade em torno de um programa

PSOL e PCdoB fazem de tudo para protelar apoio à candidatura do ex-presidente Lula.

A malandragem e o oportunismo sempre foram o fundamento principal da esquerda pequeno-burguesa. Esforçados pela manutenção do regime burguês e pela contínua rapinagem em “carguinhos” aqui e acolá, os figurões da esquerda não pagarão imposto para passar a rasteira na suas próprias bases e na classe trabalhadora.

A bola da vez é a unidade da esquerda pela candidatura de Lula. Enquanto as máscaras de pseudoesquerdistas como Ciro Gomes caem, a esquerda pequeno-burguesa ainda cria mil e uma desculpas para protelar um apoio a Lula.

O PSOL, legenda criada a partir de dissidentes do PT, procura fugir, como o Diabo foge da cruz, da decisão sobre o apoio ao ex-presidente. O diretório nacional do Partido empurra “com a barriga” a discussão, esperando sabe-se lá o que. Ao menos isso é que deixou transparecer em documento publicado no fim de semana passado, no qual decidiu discutir a situação apenas em setembro, quando ocorrerá o Congresso Nacional do Partido.

Apesar de seu presidente Juliano Medeiros dizer que o PSOL não corre risco de se tornar um partido de “caciques”, frase dita após o sempre oportunista Guilherme Boulos criar sua corrente (um tipo de partido dentro do partido), parece o oposto. É público e notório que os parlamentares e aspirantes a parlamentares dentro do PSOL já calculam que não lançar candidato à presidência para apoiar Lula interferirá na capacidade do Partido em conseguir eleger deputados. Temem dar com a testa na cláusula de barreira imposta pela direita. Para quem se diz ser livre de “caciques”, parece haver uma tribo inteira formada apenas por esses.

As eleições proporcionais foram alteradas pelo Congresso direitista. De algumas eleições para cá, a regra é “cada partido por si”. Deste modo, com o fim das coligações nas eleições proporcionais, a esquerda se viu em dificuldade maior ainda para criar alguma unidade de caráter eleitoral. Obviamente, as bases, que estão a dar de ombros para eleição de parlamentares A ou B, querem a união. Porém, os “caciques calculistas” não deixam-na acontecer.

A desculpa mais comum é “temos de discutir um programa” ou esfarrapado “temos de debater internamente”. O que se sabe é que não há vontade nenhuma de discutir programa e que, pelo histórico destes partidos, não haverá discussão alguma também.

Sâmia Bonfim, deputada pelo PSOL, diz que o ponto que impede uma aliança com o PT é o fato da tarefa do PSOL ser a construção de um “projeto de esquerda” (seja lá o que isso significa), enquanto o PT “quer repetir suas escolhas táticas e eleitorais”.

Esta desculpa do “programa” ou do “projeto” é conversa para enganar os mais tolos. A esquerda tem diferenças homéricas e provavelmente irremediáveis no curto prazo. Querer uma unidade em torno de um programa abrangente que todos concordem é a mesma coisa que dizer que não quer unidade.

O ponto aqui é criar uma unidade de esquerda para combater Bolsonaro e a direita golpista. Como disse Trotski, em Revolução e a Contrarrevolução na Alemanha, a política a ser adotada deve ser “marchar separados, golpear juntos”. O objetivo da esquerda deve ser, neste momento, reestabelecer os direitos democráticos do povo. E isto só poderá ocorrer através da derrota do golpe. É mais do que óbvio que a única carta da esquerda do ponto de vista eleitoral é Lula.

A unidade da esquerda em torno de Lula deve se pautar pelas necessidades imediatas da classe trabalhadora, como o aumento do salário, cancelamento das reformas, fim da imperialista Lava Jato, vacina para todos, auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo, entre outros. Não um programa de governo, mas um programa de reivindicações e de luta.

O problema todo é, entretanto, a questão dos cargos. Nada além disso. Para a esquerda pequeno-burguesa, pouco importa a luta contra o golpe que se estabeleceu desde 2016. O que importa, para eles, é brincar de parlamentar e garantir empregos para uma boa parte da burocracia partidária. O “projeto da esquerda”, no fim das contas, é isso.

Na esquerda, ainda há um “lado”, que hoje é representado por Flávio Dino e a política confusa e não menos oportunista do PCdoB. O governador do Maranhão já disse que apoiaria Lula caso este se candidatasse à presidência, entretanto, parece fazer esforço nenhum para que isto ocorra. Caso contrário, já teria mobilizado seu partido para assim fazê-lo, algo bem próximo do que Boulos faz.

A questão de Dino e do PCdoB são suas alianças com a direita, como o DEM e figuras cretinas como Luciano Huck. Deste modo, Flávio Dino tenta também empurrar para frente o problema, na esperança que a contradição de um suposto apoio ao Lula ao mesmo tempo em que se alia ao DEM e à direita se desfaçam como mágica.

O Partido da Causa Operária (PCO) se diferencia da esquerda pequeno-burguesa por buscar uma aliança com a classe trabalhadora e somente ela. Dado o fato que a candidatura de Lula é fator que unifica a classe trabalhadora, o PCO entende que é dever lutar, com unhas e dentes, para que Lula seja presidente.

Os revolucionários não devem, de forma nenhuma, deixar o programa revolucionário de lado. Ele deve ser utilizado para mobilizar a população, pois, se Lula for presidente através de uma mobilização das massas com reivindicações históricas e atuais da classe trabalhadora, este se verá obrigado a atender as demandas populares e romper acordos com o imperialismo e setores da burguesia nacional.

Portanto, não é hora de demagogia. Está na hora de lançar uma forte campanha pelo Fora Bolsonaro e por Lula presidente.

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