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Matéria hipócrita

O cinismo do Estadão a respeito de Bolsonaro

O jornal Estado de São Paulo publica matéria em que faz críticas ao presidente que eles mesmos colocaram no poder, com o apoio ao golpe e à fraude eleitoral

Na última segunda-feira (25), o jornal golpista Estado de São Paulo publicou uma matéria intitulada A pequenez de Bolsonaro, em que faz críticas ao presidente ilegítimo, acusando-o de ter uma “postura antirrepublicana” e de não caber no cargo que ocupa. Também ressalta “a notória mediocridade de seu currículo” e afirma que “a intolerância a tudo e a todos que contrariem seus interesses já apontavam desde antes da eleição que, caso ele chegasse à Presidência, como de fato chegou, a Nação haveria de lidar com o mais nefasto governo de sua história”. Uma frase particularmente indecente, vinda de um dos veículos de imprensa que mais atuou para possibilitar essa tal chegada à Presidência. Algum desavisado poderia olhar para a matéria e se surpreender com o súbito republicanismo de um dos jornais mais direitistas e golpistas do país.

No entanto, o articulista logo revela qual a verdadeira natureza desse seu anti-bolsonarismo tardio. O texto se refere, posteriormente, uma “rinha contra o governador de São Paulo, João Doria” vinda de Bolsonaro. Segundo a matéria, essa rinha estaria colocando em risco “projetos de interesse da população do maior Estado da Federação”. Aqui, o problema se revela: Bolsonaro está incomodando um setor importante da burguesia porque está reagindo aos ataques desferidos contra ele por parte do grupo de João Doria, que pretende substitui-lo na cadeira da presidência em 2022.

Segundo a matéria, o governo federal está trabalhando para boicotar e impedir a realização de obras encomendadas pelo governo do estado de São Paulo e cuja aprovação passa em algum nível pela União. Além disso, Bolsonaro estaria proibindo seus ministros e assessores de atender a qualquer pedido do governo paulista, sob o risco de serem expulsos da equipe. Posteriormente, o cinismo e hipocrisia do jornal burguês é evidenciado de forma gritante, com lamentações sobre a impossibilidade da construção do Piscinão de Jaboticabal (com direito à lembrança da “angústia das populações ribeirinhas) e de uma ponte entre Santos e Guarujá. Obras que necessitariam de orçamento ou de autorização federal para irem adiante. O articulista menciona que “a ira de Jair Bolsonaro contra João Doria” teria aumentado após o início da vacinação em São Paulo.

O Estadão demonstra, com essa matéria, o total descaramento da burguesia. Qualquer pessoa que acompanha minimamente a situação política no Brasil, sabe que Bolsonaro jamais teria chegado ao poder sem uma considerável ajuda deste e dos outros jornais burgueses, que fizeram uma campanha criminosa contra o governo do PT e pavimentaram o caminho para o golpe de estado, que começou com a derrubada de Dilma Roussef em 2016. Além disso, o Estadão também foi um dos principais apoiadores da prisão de Lula. Posteriormente, durante o período em que Lula esteve preso, além de acobertar criminosamente a farsa dos processos que o levaram à cadeia, este jornal serviu de veículo para que os militares ameaçassem o país diversas vezes de golpe de estado, em todos os momentos que houve remota possibilidade da soltura do ex-presidente em período pré-eleitoral. Dessa forma, contribuiu para a fraude eleitoral de 2018, que teve como resultado a eleição de Jair Bolsonaro.

Esses fatos colocam em perspectiva essa nova faceta anti-fascista do Estado de São Paulo, principal jornal da burguesia paulista. Após fazerem o maior esforço para colocarem Bolsonaro no poder, querem posar de “democratas”, criticando-o e aproveitando para fazer campanha para seu candidato nas eleições de 2022, o governador psicótico e assassino, João Doria. É preciso ter claro que a política da burguesia de desgaste de Bolsonaro é para colocar alguém ainda pior do que ele no poder. Os capitalistas e seus veículos de imprensa têm plena ciência do fato de que Bolsonaro é uma das pessoas mais impopulares e odiadas do país, então procuram se utilizar desse sentimento geral da população para enganarem o povo e fazê-lo votar em alguém que irá desferir realizar uma política de rapina do país ainda mais profunda. No entanto, é preciso dizer que, caso essa política não dê certo, e nos vejamos em um cenário em que a disputa é entre o Bolsonaro e o PT, a burguesia irá apoiar Bolsonaro, como já fez anteriormente.

No final das contas, a política posta em prática por Jair Bolsonaro não tem grande diferença com relação à de João Doria. Os ataques aos trabalhadores, as privatizações, a perseguição à esquerda e o descaso com a população são aspectos presentes também na política de Doria (que já se autodenonimou “Bolsodoria”, para mostrar sua proximidade com a política do presidente fascista). A repressão policial, na verdade, é até pior no âmbito do governo estadual de Doria do que o que foi feito pelo governo federal. A única diferenciação que se procura fazer dos dois é no trato com a pandemia de coronavírus, mas aí também não há nenhuma diferença fundamental. Se Bolsonaro assumiu uma postura mais aberta de desprezo contra o povo que morre aos milhares todos os dias, Doria também não fez nada para impedir essas mortes. Como já foi dito muitas vezes por este Diário, as mais de 50 mil mortes ocorridas no estado de São Paulo são prova disso. Isso sem falar na farsa da vacina contra covid ineficiente, cara e inexistente do governo paulista.

É fundamental denunciar que o anti-bolsonarismo mentiroso de um setor da burguesia arrependida se trata apenas de uma tentativa de substitui-lo por alguém que irá aplicar de forma mais eficiente a política que os interessa. Quando o Estadão critica o Bolsonaro, salta aos olhos a hipocrisia deste que é um dos principais responsáveis pelo fato de ele estar hoje na presidência.

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