A empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, tornou-se nos últimos meses uma das figuras queridas da esquerda pequeno-burguesa, em especial dos setores identitários. Aproveitando-se da revolta mundial ocorrida em meados de 2020 em oposição à violência policial contra os negros, o Magazine Luíza anunciou um programa de trainee somente para negros em sua empresa. Este setor da esquerda nacional, que não perde tempo em correr para os braços de algum direitista, como Doria e a própria rede Globo, vibrou com a notícia.
A estratégia da capitalista não foi isolada. Um amplo setor da burguesia mundial, assustada com a radicalidade da rebelião popular nos EUA contra a morte de George Floyd, passou a adotar como orientação a demagogia identitária para tentar conter a evolução das mobilizações. Além do Magazine Luiza, outras empresas pelo mundo afora, como a Uber, bancos como o HSBC, passaram a anunciar campanhas “antirracistas”, programas de contratação e treinamento para os negros.
A esquerda identitária, como não poderia deixar de ser, passou a apoiar com unhas e dentes tais medidas, transformando banqueiros e os patrões capitalistas em amigos dos negros e das chamadas “minorias”.
Nesta última semana ficou revelado qual é o verdadeiro significado desta campanha feita pelos capitalistas. Mais uma vez, como uma boa capitalista que não perde a oportunidade, a proprietária do Magazine Luiza anunciou nas redes sociais que é favorável a realização de uma campanha de vacinação intensa para que todos os brasileiros sejam vacinados até setembro. Com o bordão “Unidos pela Vacina” a empresária disse estar disposta a comprar insumos para acelerar a vacinação no País.
Logo após ao anúncio feito, as ações da empresa subiram 2,30% na bolsa de valores, sendo cotadas em R$26,24. Especialistas burgueses do mercado financeiro passaram a declarar que a empresa é uma das melhores para se investir no Brasil neste ano.
Como se pode ver portanto, não há qualquer preocupação com os negros, tampouco com a vacinação da população, a única preocupação é o aumento das ações e consequentemente dos lucros do Magazine Luiza. A apresentação destes setores capitalistas como sendo “democráticos”, amigo dos negros, das mulheres, defensores da vacina, etc, não passa de um espetáculo de marketing muito bem montado. Espetáculo este, como dissemos anteriormente, aplaudido de pé pela esquerda nacional, a qual serve cada vez mais de base de sustentação para os golpistas, banqueiros e capitalistas inimigos do povo.
Enquanto faz demagogia com a vacina, aproveitando-se da enorme crise social que vive o País, com milhares de mortos todos os dias, Luiza Helena vê seus lucros crescerem cada vez mais.
É preciso desmascarar esta farsa e denunciar também o papel de cúmplice da esquerda, principalmente dos setores identitários. A única forma de defender a saúde do povo, evitar as mortes, defender os interesses dos negros e dos trabalhadores é por meio de uma política independente. É preciso mobilizar a população contra todos os golpistas e a burguesia de uma maneira geral, estabelecer um programa democrático de reivindicações populares.