Após o golpe de 2016, é inegável reconhecer o retrocesso das mulheres no mercado de trabalho. Em todas as crises, o trabalhador é o primeiro a pagar a conta, mas as mulheres, que são um setor mais oprimido, são as que mais sofrem as consequências.
Isso não foi diferente durante o isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19). O número de desemprego aumentou absurdamente, e mais ainda para as mulheres: mais de 63% ficaram fora do mercado de trabalho por conta da pandemia, tornando-as reféns do marido e da família e, portanto, submetendo-se a riscos domésticos cada vez mais perigosos. A mulher é quem normalmente cuida e sustenta seus filhos, deixando a sua jornada ainda mais extensa e sofrida.
Para além do desemprego, a escravidão doméstica, a vulnerabilidade das ruas, as mulheres também são constantemente assediadas em seus espaços de trabalho. E se alguém imaginou que com as novas condições de homeoffice existiria vantagens e alguma proteção contra isso, está redondamente enganado. Ao invés de melhorar, a situação se agravou. Depois da pandemia, o número de vítimas de assédio sexual e moral cresceu 187%. Esse levantamento foi feito em 2020 pela consultoria de gestão de riscos que administra canais de denúncias em companhias de diversos portes e segmentos no Brasil, chamada ICTS Protiviti. Ela tomou por base as 106 mil denúncias registradas em 347 empresas.
E não para por aí. Além do aumento no número de desemprego, assédio moral e sexual, violência doméstica, as mulheres são as que mais sofrem com a fome no nosso país. São quase 20 milhões de brasileiros em situação de miséria, dos quais a maioria são mulheres. Nas últimas semanas, vídeos de pessoas em filas à espera de restos de carne, ossos ou restos de peixes e catando restos de comidas em caminhões de lixo circularam pelo país. A maioria eram mulheres.
É importante destacar que o governo de Bolsonaro, patrocinado e colocado pelos golpistas e pela burguesia nacional e imperialista, são os principais responsáveis por tamanha destruição da humanidade. Se essas cenas fossem em Cuba, certamente diriam que era o fracasso do socialismo como regime. Mas se isso acontece no Brasil, por que não falam que tudo isso que tá acontecendo representa o fracasso do sistema capitalista?