Na tarde desta terça-feira (23), o ex-juiz da operação Lava Jato, Sérgio Moro, foi declarado por 3 votos a 2, suspeito pelo STF, após ser concluído que o mesmo agiu com parcialidade ao condenar o ex-presidente Lula no caso do triplex. Após esta decisão, todo o processo do triplex acabou sendo anulado, necessitando que o caso seja iniciado do zero pela justiça.
A votação ocorre semanas após a devolução dos direitos políticos ao ex-presidente, quando o ministro do STF, Edson Fachin, apontou incompetência da Justiça federal do Paraná, na análise dos processos contra Lula, anulando assim, as condenações da operação Lava Jato em Curitiba.
Lula cresce, mas burguesia manobra para impedir sua candidatura
Percebendo o rápido crescimento de Lula no cenário político, os golpistas buscam utilizar brechas na lei como maneira de manobrar contra sua candidatura. De acordo com a imprensa burguesa haveria “divergências” sobre se Lula já poderia ser considerado inocente. Por mais absurdo que seja, a burguesia busca que a condenação de Moro por parcialidade não anule as supostas “provas” encontradas, e que após ser analisado por outro juiz, Lula poderia novamente ser considerado culpado, em um novo golpe contra o ex-presidente.
É neste sentido que a rede de comunicação norte-americana no Brasil -CNN Brasil- busca explicar o caso, ao pontuar que “As decisões tomadas pelo ex-juiz federal serão anuladas apenas nesse processo criminal. No entanto, o novo magistrado que assumir o caso – que foi mandado para o Distrito Federal por decisão do ministro Edson Fachin – poderá considerar válidos os atos de produção de prova ou refazê-los.”
Além disso, a imprensa burguesa já busca destacar que Lula tem outros processos em tramite, como por exemplo do sitio de Atibaia, que após a transferência dos julgamentos para o Distrito Federal, em nome da salvação da operação Lava Jato, poderão novamente servirem de base para a continuação da perseguição política e todo processo farsa.
Lula deve ser o candidato da esquerda
Os golpistas, no entanto, têm em torno de 15 meses para recorrer e retirar todos os direitos políticos de Lula, após condena-lo em duas instâncias, sendo essa a única forma “institucional” de garantir que o ex-presidente não vá concorrer às eleições de 2022. Enquanto a burguesia manobra neste sentido, a mesma já busca preparar um candidato “alternativo” a Bolsonaro, contudo, que poderá apenas ser consumado caso Lula não concorra às eleições e assim não polarize em definitivo a luta política.
A decisão pela suspeição de Moro já foi responsável por interromper o envio de dois processos contra Lula, da operação Lava Jato, que estavam sendo destinados ao Distrito Federal. Ou seja, uma situação cada vez mais crítica vem se formando na operação de perseguição a Lula, enquanto a crise política apenas se aprofunda no País.
Moro, Dallagnol e toda a Lava Jato revelaram-se verdadeiros criminosos, responsáveis por levar a frente a política golpista e aprofundar a ditadura no país, a serviço do imperialismo norte-americano.
Todo o caso impõe a necessidade para as organizações da esquerda brasileira de anunciarem, de uma vez por todas, a candidatura de Lula para as eleições de 2022. Com este anúncio oficial, a polarização política aumentará, como também a disposição de luta de toda a classe trabalhadora, o que tornará a operação contra Lula várias vezes mais dificultosa de ser realizada faltando cerca de um ano para a realização das eleições.
Anunciar Lula candidato é uma maneira de impedir o andamento dos processos, e por na ordem do dia a necessidade de se mobilizar para exigir a anulação de todos os processos contra o ex-presidente. A crise política já fora responsável por escancarar a profunda ilegalidade dos processos contra Lula. O STF e a operação Lava Jato, totalmente desmoralizados perante a população brasileira, têm uma margem de manobra cada vez maior.
Contudo, a não mobilização em torno de Lula apenas servirá para permitir que um novo golpe seja desferido contra sua candidatura, e assim como 2018, Lula seja impedido de concorrer, em uma nova fraude eleitoral, servindo como base para a eleição de um novo candidato golpista, seja ele um membro do centro político ou o próprio Jair Bolsonaro.
Unidade na luta
A continuação do golpe de Estado depende diretamente de como o fator Lula será colocado em meio à luta política. Lançar sua candidatura é algo obrigatório, colocando em movimento os trabalhadores contra a direita golpista, e acentuando ainda mais a crise do regime golpista.
Com Lula candidato em 2022, a burguesia seria colocada contra as cordas, pois a única forma de impedir que ele seja eleito é realizando uma nova fraude histórica, e uma nova operação golpista contra sua candidatura e todo povo brasileiro. Isso, pois a presença de Lula nas eleições extrapola uma força meramente eleitoral. Sua candidatura reúne todos os setores oprimidos, que tem como principal vontade derrubar na força o golpe de Estado e todo o governo Bolsonaro.
Com sua candidatura nas ruas e a política contrária da burguesia a ela, os trabalhadores entrariam em movimento em uma luta direta contra os golpistas. A polarização apenas aumentaria, assim como a radicalização política de toda a população. A mobilização é a única forma de derrotar o golpe, e a candidatura de Lula representa um papel de grande importância para impulsionar esta luta.
Dessa forma, é fundamental que todos os setores de esquerda se unam em uma frente de luta, anunciem Lula como seu candidato, e junto à classe trabalhadora, desenvolvam a mobilização contra Bolsonaro e todos os golpistas.
Esta tendência clara para organizar a luta em torno de Lula precisa ser aproveitada, impedindo as manobras da burguesia e concretizando sua candidatura, um fator de extrema importância para a derrubada do golpe de Estado e a defesa de um governo dos trabalhadores.
