Em levantamento realizado pelo instituto Datafolha este ano, 65% dos brasileiros afirmam que a situação econômica brasileira vai piorar de alguma forma. Em 2015, no mesmo mês de março, o percentual era de 60%. É a pior perspectiva econômica desde 1977. Dois em cada três brasileiros acham, atualmente, que não existe melhora econômica num futuro próximo. Em dezembro, à título de exemplo, eram 45% que compartilhavam desta opinião. O percentual de quem achava que a economia iria melhorar, de outro lado, caiu de 28% para 11%.
As mulheres tiveram maior destaque na descrença com o governo, onde 71% delas compartilham da opinião contra 59% dos homens. Entre os desempregados, 72%. Entre os funcionários públicos, 69%. Para as pessoas com renda entre dois salários mínimos, 65% não acreditam mais na política econômica do Ministério da Economia. Para as famílias com renda superior a dez salários mínimos, 67%. Entre os cidadãos que receberam auxilio emergencial, a mesma porcentagem.
Nesta pesquisa, feita por telefone entre os dias 15 e 16 de março, com 2.023 pessoas, a expectativa positiva é maior entre estudantes (18%), empresários (17%) e os que dizem não ter medo do coronavírus (17%). A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima. A falta de perspectiva de melhoria econômica ocorre num momento em que a pandemia está em descontrole, com ameaça de colapso na rede hospitalar. Estados e municípios têm adotado medidas mais duras para conter o avanço do coronavírus, como fechamento do comércio e antecipação de feriados. Nesta semana, a Volkswagen anunciou paralisação da produção por 12 dias, em todas as suas fábricas no país, devido à pandemia. Em 2020 a empresa suspendeu a produção entre março e abril, no início da pandemia.
Com o agravamento da crise sanitária instituída pelo Coronavírus e com a ajuda da inépcia do Ministério da Saúde para enfrentá-la, as pessoas estão cada vez mais descrentes na capacidade política, quiçá mental, do presidente Jair Messias Bolsonaro. Segundo a pesquisa supracitada, é esperada também uma piora nos indicadores de renda, emprego e inflação nos próximos meses. O percentual de pessoas que não querem um impeachment do presidente caiu, pelos mesmos fatores, para 50%.
A política econômica golpista é um desastre por si só. Desde Michel Temer a situação econômica do país vem piorando e caindo vertiginosamente, o que mostra que, apesar de tantos anos de experiência pós-golpe, a direita não tem a mais vaga ideia do que fazer para consertar a situação horrenda que o povo vem enfrentando. Isso, embora seja um indicio de que a crise política se aprofunda, sinaliza que a política direitista virá com força total para cima dos trabalhadores (vide base de juros que subirá pela primeira vez em seis anos). Com absolutamente nada está institucionalmente funcionando no Brasil, os capitalistas hão de querer sugar tudo o que puderem para não entrar em falência.
