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Burguesia admite

Mobilização em torno de Lula pode colocar regime golpista abaixo

Os trabalhadores são os únicos que podem eleger Lula e exigir a radicalização de seu governo para atender aos seus interesses

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Luiz Inácio Lula da Silva é o líder mais popular do país. Alçado pelo movimento operário, subiu à presidência como representante de sua classe, mesmo que com o apoio da burguesia. Seus governos, e os de Dilma Rousseff, atenuaram minimamente os ataques contra os trabalhadores ─ embora não tenham, nem de longe, acabado com eles.

O governo reformista de Lula se deu por pressão dos trabalhadores, de um lado, e por necessidade da burguesia, de outro. Foi o típico governo de conciliação de classes. Apesar da farra ofertada para os banqueiros, concedeu migalhas para os trabalhadores que haviam sido jogados à fome por Fernando Henrique.

Para a burguesia e o imperialismo, os governos Lula foram o máximo que a esquerda pode fazer para os trabalhadores. Não aceitam nada mais do que isso. E, quando tiveram a oportunidade, chutaram o PT do governo, para salvar os seus lucros que se esvaíam a partir da crise de 2008.

O golpe de 2016 sofrido pela ex-presidenta Dilma e a prisão sem provas de Lula são evidências gritantes desse rompimento. Lula foi impedido de concorrer às eleições de 2018, que estavam muito polarizadas e claramente indicavam sua vitória, para que não fosse eleito de jeito nenhum, configurando uma verdadeira fraude que elegeu Bolsonaro — uma prova disso foi que Haddad, professor universitário que concorreu contra Bolsonaro usando o nome de Lula, perdeu no segundo turno por uma margem muito pequena. Nesse cenário, temos a recente fala de Eduardo Cunha sobre o ex-presidente.

“Eu costumo dizer o seguinte: se o Lula saísse do PT e fosse para um partido de centro, o Lula ganhava a eleição no primeiro turno. O problema do Lula é o PT, é o antipetismo”, disse Cunha em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.

Fica evidente a preocupação da direita em separar Lula de suas bases. Segundo Cunha, se o ex-presidente se descolasse da base militante e eleitoral do PT, ele seria apoiado pela burguesia. Caso contrário, não ganhará a eleição. Em suma, o que Cunha quer dizer é que o principal fator de rejeição a Lula é o PT (ou melhor, as bases do PT) porque o antipetismo da burguesia (ou seja, sua rejeição às bases trabalhadoras do PT) não permite um apoio ao PT (à base do PT). Propõe, então, um descolamento do ex-presidente de sua base, transformando-o em um político burguês que, só após isso, poderia receber um apoio da burguesia para ser eleito.

A questão é que a base do Partido dos Trabalhadores é o povo, sendo esse essencial para a sustentação de um governo popular e para a cobrança de um enfrentamento e mesmo de um rompimento com a burguesia e o imperialismo. É o povo quem sustenta a política nacionalista de Lula e quem cobra a radicalização de suas políticas para que essas atendam a seus interesses futuros e imediatos. Em outras palavras: Lula consegue aplicar uma política de esquerda por causa da pressão popular.

A declaração de Eduardo Cunha vai na mesma linha da de André Esteves, ex-CEO do Banco BTG Pactual que teve o áudio de uma palestra sua vazada pelo canal no Youtube da TV 247:

Acho que percebem o Lula de maneira madura, de que tem uma certa injustiça no entorno do Lula, mas, por outro lado, uma sensação de culpa no cartório, mais associada ao PT. O problema do Lula é o CNPJ. Lula é meio Macunaíma, meio vilão, meio herói. O problema é o que vem junto, que é aquela turma do PT […] Se o Lula pegar um Meirelles, colocar um Kassab de vice, e falar de meio ambiente, cultura, vai se tornar um favorito.

Vale um destaque para o trecho que diz que “o problema é o que vem junto, que é aquela turma do PT”. É evidente que Esteves se refere aos trabalhadores, aos sindicalistas, aos sem terra, aos militantes da esquerda, etc. Isso porque, sem todo este setor da população, Lula não seria pressionado a levar uma política progressista para frente (mesmo que ele quisesse, não teria condições de fazer isso sem apoio popular), o que, sobretudo no momento de intensa crise na qual vivemos, é inaceitável para a burguesia. 

Tanto a declaração de Eduardo Cunha, como a declaração de André Esteves, evidenciam o seguinte: a burguesia não é ideológica, mas sim pragmática. Não tem ciúmes, inveja, ódio, não alimenta preconceitos morais. Se Lula fosse exatamente o que ele é, mas não tivesse atrás de si os milhões de trabalhadores que o apoiam, poderia até mesmo ser uma opção agradável aos capitalistas. Mas a maldita base do PT ─ pensam os banqueiros ─ é o grande obstáculo.

No entanto, é impossível desvencilhar a figura de Lula de sua base política. Quarenta anos de construção de um líder popular como ele não se derrubam da noite para o dia nem são superados pela direita. Caso Lula rompesse com sua base para fazer um governo “puro-sangue” de direita ─ mesmo que Lula quisesse fazer um governo assim ─, isso desestabilizaria ainda mais o regime político brasileiro. Porque, polarizada como está a situação política, o deslocamento à direita de Lula seria respondido com o deslocamento à esquerda de uma parcela significativa de sua base, que poderia inclusive se insurgir contra tamanha traição.

Se a burguesia tem medo da base de Lula e do PT neste momento, então ela teria ainda mais motivos para temê-la em um cenário como esse.

Essas duas declarações evidenciam qual a política correta que deve ser seguida pela esquerda. A candidatura de Lula precisa ser apoiada como uma forma de mobilizar sua base social, que são os trabalhadores ─ esses a quem a burguesia teme. É necessário incentivar a radicalização do povo e ir no sentido inverso do qual gostariam Eduardo Cunha e André Esteves: deve-se lutar pelo rompimento de Lula com a direita, com a burguesia e a frente ampla. Deve-se colocar as reivindicações dos trabalhadores na ordem do dia de um possível governo Lula, para derrubar Bolsonaro, derrotar o golpe e estabelecer um governo da classe operária ─ um governo da base popular de Lula.

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