Foi anunciado nesta quarta-feira por meio da coordenação da Frente Fora Bolsonaro, na qual se reúnem diversos partidos da esquerda e organizações populares, a mais nova data de manifestações nacionais que ocorrerá no dia 19 de junho em todas as capitais do país.
Passados os grandes atos realizados neste último dia 29, o desejo de continuar e ampliar a mobilização vem tomando conta de todo setor de base dos partidos da esquerda e organizações populares, mostrando que a compreensão é clara que apenas nas ruas é possível derrotar o regime golpista.
Consolidar a mobilização
As manifestações ocorridas neste sábado surpreenderam a direção de todos os partidos da esquerda. Após mais de um ano em completa paralisia, a esquerda se deparou com a quebra da barreira de contenção por parte dos trabalhadores e a tomada das ruas por centenas de milhares de jovens, militantes, ativistas e operários em todo Brasil. Apenas na Avenida Paulista em São Paulo, a manifestação concentrou cerca de 80 mil pessoas segundo estimativas realizadas pela Frente Brasil Popular e CUT. No restante do país, mobilizações expressivas foram vistas em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e nos estados da região sul.
Mesmo as cidades de interior onde aconteciam atos secundários, como em Campinas, milhares de pessoas realizaram manifestações, mostrando que a situação é cada vez mais explosiva em todos os lugares. O dia 29 em um todo ficou marcado pela volta em definitivo das mobilizações nas ruas de todo país, com a presença massiva de setores da juventude não organizada e militantes de base das mais diversas organizações.
Outra questão que marcou a mobilização foi a não presença de grande parte dos dirigentes dos partidos de esquerda e organizações populares. Em um ato impulsionado pela base, os sindicatos e partidos que sequer mobilizaram efetivamente seus aparatos se depararam com uma grande mobilização política. Esta situação vem empurrando as direções da esquerda pequeno-burguesa assumirem uma posição mais combativa frente a situação, reverter a mobilização e capitular, como inicialmente tentaram é cada vez mais perigoso frente a uma população extremamente radicalizada.
Uma situação cada vez mais explosiva
Os protestos acompanham a radicalização política que vem se formando em todo continente latino americano. Os trabalhadores brasileiros assimilando a experiência da luta contra o golpe e as revoltas que ocorrem em diversos países da região, estão cada vez mais decididos da importância de não sair das ruas até garantir a derrota do regime golpista.
A mobilização não pode parar por aqui e novos atos devem ser chamados por toda parte, intensificando a luta. Uma nova onda de mobilizações poderá não apenas fazer a situação política explodir de uma só vez, como também, efetivamente levar a baixo o regime golpista.
O momento é crucial, em manifestações como a de São Paulo, foi visível a impopularidade dos discursos vazios das direções já há muito tempo paralisadas, a juventude e os trabalhadores se motivavam em declarações como a de Antônio Carlos (PCO), que atacou a política do “fique em casa” e defendeu a continuidade da mobilização e a candidatura de Lula da Silva.
Mesmo a campanha cínica na imprensa que visa criar uma crise contraria a mobilização, destacando fatores como “isolamento social” e até mesmo a necessidade de se usar verde e amarelo nas manifestações, não estão surtindo esperado por parte da burguesia. Ao contrário de 2013, onde houve uma explosão social de diversos setores dispersos e confusos, estes atos do dia 29 contaram com a presença absoluta da esquerda e claramente identificado com as organizações de massa do povo.
É preciso que Lula vá às ruas
É preciso agora continuar com a mobilização nas ruas e organizar uma forte campanha para o dia 29 de junho ser ainda maior, pois o movimento não pode parar. É importante inclusive a presença de Lula na próxima manifestação, sua candidatura representa para milhões de trabalhadores a luta contra o golpe de estado e a defesa do emprego, auxílio e vacinação de toda população.
Em torno de sua candidatura está o setor mais radicalizado da população brasileira, por isso, sua presença se faz de extrema importância para a ampliação de todas as manifestações. Isto foi já visto no passado, nas mobilizações em torno de sua candidatura em 2018 antes de sofrer da fraude eleitoral.
Lula foi o ponto central de toda mobilização nos últimos anos, seja na luta contra sua prisão, nas mobilizações por sua liberdade e agora novamente em torno de sua candidatura. Sua figura tornou-se um ponto de afunilamento de toda revolta popular contra o regime golpista, e sua base é ainda mais radicalizada do que já fora no passado. Assim, sua presença nas manifestações daria um impulso definitivo para a luta contra o golpe de estado que poderá ser capaz de por abaixo não só Bolsonaro, mas todo regime golpista. Nesse sentido, um primeiro passo já foi dado e Lula foi convidado a participar da próxima plenária nacional de organização das manifestações.
Outra questão a ser levada em conta é que a presença de Lula fortalece a mobilização em torno de sua candidatura e impede qualquer infiltração direitista nas manifestações. Explicita de uma vez que as manifestações são totalmente contra o regime golpista e sua candidatura representa este fenômeno da mobilização política.
O momento é muito promissor, tende à esquerda e a polarização política apenas aumenta em todo país. Com a continuidade das manifestações poderá ser visto um fenômeno semelhante ao Fora Collor ou as mobilizações de 2013, que pararam todo país e representaram um momento de grande radicalização política da população brasileira. Contudo, o diferencial neste momento é que a classe trabalhadora está cada vez mais à esquerda e as manifestações vem se ampliando em um espaço de tempo muito menor, mostrando a disposição de luta dos trabalhadores.
As direções de toda a esquerda acertam em chamar uma nova manifestação, agora é preciso formar um calendário de mobilizações permanente em todo país. É necessário agora tomar às ruas mais uma vez e fazer o dia 19 ser várias vezes maior.