Neste sábado, dia 3 de abril o ex-presidente Lula (PT) confirmou durante uma entrevista à RTP, um dos principais canais de notícias de Portugal, que será candidato à presidência em 2022. Durante a entrevista no momento em que falou sobre a candidatura de Joe Biden, nos EUA, Lula aproveitou o momento e disse: “O Biden é mais velho do que eu. Então, quando eu for candidato, eu vou ter um ano a menos do que ele. Portanto, se eu tiver com saúde e for necessário cumprir mais uma tarefa pode estar certo que estarei na briga”.
Com a anulação dos processos da Lava Jato, Lula recuperou seus direitos políticos, um fato estupendo, onde após o ocorrido, a burguesia procurou mascarar mais esta derrota do regime. Já do lado da classe trabalhadora o ânimo foi retomado com a perspectiva de Lula Presidente em 2022. Fato verificado nas redes sociais e mesmo nas ruas. O anuncio agora da candidatura de Luiz Inácio irá fazer ferver a polarização política.
O anuncio da candidatura de Lula aparecerá para todo um setor importante da classe operária brasileira, como a saída para as suas necessidades e interesses. Ao longo dos últimos quatro anos com o golpe de Estado, com a burguesia impondo um governo de direita por fora das urnas com o impeachment de Dilma Rousseff, colocando Bolsonaro no poder e os 580 dias que o ex-presidente passou preso em Curitiba, os ataques gerais à classe trabalhadora, aos servidores públicos, com o desemprego, o brutal arrocho salarial, os congelamentos salariais fez o entendimento por parte da população, crescer e se fortalecer. Se para a população isto é algo intuitivo, para a esquerda que é contra os golpistas e a burguesia, ou mesmo os que se reivindicam defensores dos direitos democráticos da população, apoiar a candidatura de Lula é um dever, uma questão de princípios políticos.
O anúncio da recuperação dos direitos políticos de Lula já havia causado um crise na burguesia, inclusive com a manipulação dos capitalistas e especuladores que se manifestaram, com uma queda de quase 4% na bolsa de valores. Também os atores políticos da burguesia, como o abutre Ciro Gomes que chegou a dizer que a recuperação dos direitos políticos de Lula era uma farsa. Outra carta na manga da burguesia, sem Lula como candidato, era Luciano Huck, que agora com Lula candidato pode enterrar de vez esta perspectiva da burguesia. O apresentador global também criticou Lula dizendo que era “figura carimbada”, fato que Lula muito bem respondeu, na ocasião, mostrando que o apresentador nem de figurinha entendia.
É preciso compreender que Lula é um fenômeno político que se divide entre a sua política, tradicionalmente conciliatória, e o que ele representa de fato para a grande massa dos trabalhadores e da população brasileira, que o apoia e isso é o fator decisivo na luta que virá.
Lula não deve ser entendido de um ponto de vista ideológico. Ele já foi radical e já foi moderado em diversas oportunidades, de acordo com as necessidades e interesses do movimento que o apoia. No entanto, mais importante do que Lula pensa ou faz, está o que ele representa para a classe trabalhadora.
A burguesia sabe que Lula é o elemento radical, pois será pressionado pela sua base social, que em meio à radicalização atual, tem poder para incliná-lo a um programa que transcende as suas próprias opiniões e limitações ideológicas.
É neste sentido que devemos apostar que a candidatura de Lula, independente do programa de Lula, é o instrumento para agrupar os trabalhadores, a juventude e os explorados, na luta contra o golpe de Estado, a burguesia, a direita e a extrema direita.
O ex-presidente é um fenômeno político que expressa os interesses e aspirações da classe operária, que passam necessariamente pelo apoio eleitoral, mas pode ir muito além. Para isso os interesses pelos quais as massas o apoiam, como suas aspirações por condições melhores de vida e de progresso social, serão por si só elemento decisivo para a luta por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo, que busquem, na sua própria organização, sua emancipação diante do regime capitalista e golpista no Brasil.
Agora é o momento que deve começar a unidade de luta da esquerda em torno da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. A esquerda deve abandonar suas ilusões eleitorais e uma ampla frente de esquerda iniciar desde já a luta contra os golpistas com Lula como candidato à presidente, sem tempo a perder para restringir ao máximo qualquer manobra da burguesia contra sua candidatura no futuro. Lançar Lula agora permite começar sua campanha, permite tirar as massas da letargia, que todo um setor político e sindical de esquerda no país induz os trabalhadores.