Na última segunda-feira (15) foi decretado pelo Governo do Estado de São Paulo que todo estado entraria na fase emergencial do Plano São Paulo. É uma medida ainda mais restritiva do que a vermelha, qual era a mais rigorosa até então, e quem tem como intuito (ou desculpa) conter o aumento de casos e mortes por COVID-19. Esta fase tem duração inicial de 15 dias e durante o período ocorrerá “toque de recolher”, de forma que após as 20h e antes das 5h ninguém poderá permanecer fora de casa sob pena de multa.
Numa ação completamente cruel com a população trabalhadora, agora todos os serviços liberados na fase anterior serão proibidos. Entram nesta seara as entregas presenciais de mercadorias, alimentos em lojas e restaurantes, atividades religiosas e esportivas coletivas, bem como o uso de praias e parques. Atividades administrativas em órgãos públicos e escritórios deverão ser realizadas em home-office. João Dória (PSDB) tenta, desta maneira, elevar o índice de isolamento social no estado para mais de 50%. Acontece que essa marca dificilmente será alcançada de qualquer maneira: a última vez que houve isolamento superior à este esperado foi em um domingo, dia 7 de março, onde 51% das pessoas ficaram em casa. Antes deste dia, apenas no ano novo a taxa chegou perto de 50%.
A farsa que vem sendo alimentada pela direita diretamente nas gargantas da população é a de que se fechar tudo, o problema será resolvido mais rapidamente. Como a situação seria resolvida se, obviamente, as pessoas precisam de se alimentar e pra isso são colocadas em risco todos os dias ao entrar nos metrôs e ônibus lotados da capital paulista? O Secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado chegou, recentemente, à uma solução: o povo deveria evitar os horários de pico. Genial, incrível como ninguém havia pensado nisso. O povo, segundo o Governo, deveria dormir nos chãos das fábricas onde trabalham. Sim, dessa forma não precisariam pegar os ônibus lotados das manhãs.
A verdade é que este “lockdown” maluco que o Governador vem tentando implantar não incorpora em sua equação a necessidade que as pessoas tem de, pasme, governador, se alimentar. A implantação do fechamento é balela puramente criada para dar a impressão de que algo está sendo feito, sendo que os resultados concretos desta política são simples: a repressão do povo pobre, a falência dos pequenos comerciantes e dificuldades financeiras para a população em geral. Sem vacina, sem emprego, o que vai impedir o cidadão comum, operário, de sair às ruas e tentar garantir um prato de feijão com arroz para seus filhos? E, como se não fosse suficiente, a política adotada pelos estados municia a gestão Bolsonaro que, inteligentemente, se aproveita da situação e se coloca contra o lockdown. Demagogia pura por parte do Governo Federal, claro, mas que funciona, visto que o coloca “ao lado do povo”.
O lockdown dos governos “científicos”, vide o da gestão Dória, mata o povo de fome e torna realidade a mentira do Presidente Jair Bolsonaro sobre o isolamento. É este planejamento deliberadamente mal feito que torna a medida completamente ineficaz em termos práticos. É ele quem cria o debate falso de que as pessoas tem de escolher entre os próprios empregos e o isolamento social. Somente com medidas econômicas reais e com o apoio financeiro substancial à população trabalhadora o fechamento daria certo. A partir do momento que ficar em casa compromete a segurança alimentar das famílias ou a decreta a falência de um pequeno empreendimento familiar, a medida acaba por dar razão ao pensamento ignóbil do presidente brasileiro. Este que se apoia na certeza de uma coisa concreta: a de que o povo prefere morrer de COVID do que morrer de fome.
Outra triste situação que surgiu deste problema é, também, o apoio impensado da esquerda pequeno-burguesa ao fechamento. Esta não vê ou deliberadamente age de forma que boa parte da classe média e do povo caia justamente nas mãos de Jair Bolsonaro. Este que, como dito, está cada vez mais enraizando as garras de sua política ditatorial em nosso país sob a égide de estar “protegendo o trabalhador brasileiro”, mesmo sem mover um dedo para conter os avanços da maior crise sanitária já vista em nossa história.
O mal já está feito, o povo vai pagar muito caro por estas políticas genocidas. O Governo de São Paulo oferecer R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais) e alguns programas básicos como o “Programa-Bolsa Trabalho” para “deixar o povo em casa” de nada adianta para a situação concreta. O Governo Federal oferecer míseros R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) à título de auxílio emergencial. A cesta básica alimentícia tem atualmente, o preço médio de R$ 654,15 (seiscentos e cinquenta e quatro reais e quinze centavos) no estado de São Paulo, mais de duas vezes mais alto do que o valor ofertado pelo preocupadíssimo presidente Jair Bolsonaro. A política demagógica de Dória, Bolsonaro e quase todos os outros governadores do país, todos apoiados pela Direita e alguns setores da esquerda, só possuí um resultado lógico: desemprego, fome e morte do povo pobre.