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O cemitério das manifestações

Ilusões na CPI: o caminho para a derrota da esquerda

A burguesia intensifica sua campanha da CPI para tentar controlar as mobilizações, caso a esquerda caia nesta manobra isso levará a classe operária a derrota

Em meio à situação de polarização no País, criada pelo golpe de Estado e a crise internacional do capitalismo, a tendência natural é que as forças políticas se aglutinem entre a extrema-direita bolsonarista e a esquerda, principalmente na figura de Lula. Enquanto isso, a direita tradicional, que é a forma de dominação de preferência da burguesia, afunda cada vez mais perdendo qualquer resquício de popularidade que lhe havia sobrado. Sem lastro popular nenhum, essa direita utiliza de suas poderosas armas para tentar controlar a situação política, o Judiciário, o parlamento e a impressa burguesa, a CPI da Covid-19 é justamente a sua manobra do momento.

As disputas internas da burguesia são um aspecto fundamental da luta de classes em todo o mundo. As eleições dos EUA, em que após removido o candidato mais popular da esquerda por meio de um golpe, se deram entre Biden e Trump, mostraram como essa disputa pode ser acirrada. No Brasil, Bolsonaro nunca foi o candidato preferencial da burguesia, ele é aceito pois ainda é um representante da classe dominante, contudo a todo momento a burguesia tenta controlar as suas ações e preparara o terreno para em 2022 colocar um candidato de algum partido da direita tradicional, como o PSDB, o MDB ou o DEM, no governo.

O principal setor da burguesia, que apoia essa direita tradicional, aproveita o repudio à extrema direita para crescer a sua popularidade. Assim, ela lança a tática da frente ampla supostamente contra o fascismo e consegue agrupar os setores mais direitistas e oportunistas da esquerda pequeno burguesa, que por sua vez lança campanhas para tentar convencer suas bases de que uma aliança com escórias, como FHC, e contra Lula seria a política correta. Por meio da frente ampla a direita consegue colocar esse setor da esquerda a seu reboque e tenta utilizar a sua base para voltar ao governo, por outro lado, a esquerda perde cada vez mais popularidade ao se aliar com os golpistas e assim aumenta a força de Bolsonaro.

A CPI da Covid é uma clara manifestação dessa frente ampla, o fato das ruas de todo o País estarem tomadas por centenas de milhares de trabalhadores lutando pelo fora Bolsonaro faz com que a burguesia fortaleça a sua campanha pela via parlamentar para tentar controlar o movimento. O grande exemplo histórico disso foi o movimento das Diretas Já que canalizou suas forças para o Congresso ultrarreacionário, como o atual, em vez de manter a luta pela derrubada completa da ditadura no âmbito das ruas e das organizações dos trabalhadores. O resultado foi a eleição de Sarney, o coronel do Maranhão e ex presidente da ARENA, partido da ditadura.

Outro ponto importante é que os setores que controlam a CPI são justamente os pais do bolsonarismo, os que organizaram o golpe de 2016, que fraudaram as eleições de 2018 prendendo o ex presidente Lula e assim colocaram Bolsonaro no governo, confiar nessa direita para derrubar o presidente fascista beira a loucura. Não só isso, como essa direita tende a ter uma política ainda pior que a de Bolsonaro, uma política neoliberal ainda mais agressiva e mais bem aplicada, como na era do lacaio do imperialismo FHC.

Sendo assim, a “vitória” da CPI com uma possível derrubada de Bolsonaro não teria ganho nenhum para a classe trabalhadora, seria uma saída pela direita, em que a burguesia teria o controle da situação. Ela escolheria o golpista que governaria e imporia uma vitória sobre a esquerda que estaria controlada por meio da frente ampla. Somente com mobilização ampla esse perigo pode ser afastado.

Nos EUA algo semelhante aconteceu, a esquerda que apoiou a frente ampla com Biden nas eleições agora não mobiliza um dedo contra o seu governo, ficou completamente a reboque da política do imperialismo.

Isso seria também uma derrota da mobilização que veria suas forças canalizadas para uma derrota, caso a CPI não derrube Bolsonaro, ou para uma falsa vitória. A frente ampla na realidade é sempre uma derrota da mobilização popular, ele é por definição contra a mobilização popular, é uma arma da burguesia para manter a sua dominação política. Ela atua por dentro das mobilizações como uma sabotagem interna, infiltrando as cores verde e amarela dos inimigos dos trabalhadores, alterando as pautas das mobilizações e substituindo a direção, que naturalmente é dos partidos de esquerda, pelo controle da burguesia.

O impeachment também é uma manifestação dessa frente ampla que caminha em conjunto com a CPI. A luta dos trabalhadores é pela derrubada do governo Bolsonaro e de todos os golpistas, o impeachment é a forma com que o congresso, controlado pela burguesia, tenha o protagonismo nessa derrubada. Não só isso como é uma política que não leva em conta que o bolsonarismo já controla o congresso em grande parte, isso ficou evidente nas eleições para os presidentes da câmara e do senado em que os candidatos do presidente fascista venceram e os candidatos da frente ampla foram derrotados.

A pior manifestação desse fenômeno aconteceu no último sábado quando as frentes que convocaram as últimas manifestações do dia 29 e do 19 escolheram subitamente uma nova data para as mobilizações com menos de uma semana de antecedência. O problema, na realidade, é justamente que essa frente das organizações de esquerda não foi quem de fato definiu esse novo dia de mobilização e sim a direita por meio da CPI do Covid. A reunião da operativa aconteceu no dia seguinte a surpreendente revelação de que Bolsonaro cometeu irregularidades na compra das vacinas, esse seria o motivo para convocar um ato com menos de uma semana de preparo.

Essas ilusões em relação ao congresso nacional em conjunto com a mudança de data revela que os setores que estão controlando essas frentes estão a reboque da política da direita, isso é o que levará a mobilização a derrota. Um dos principais motivos para que isso ocorra é a organização totalmente antidemocrática dos atos em que não se sabe quem controla as chamadas operativas. É necessário uma ampla organização democrática com plenárias em todos os municípios e bairros nas grandes cidades para que o movimento tenha raízes na classe trabalhadora, além de uma direção formal e publica que esteja submetida a esta estrutura de organização.

A classe operária, ao contrário dos parlamentares da direita que são a maioria no Congresso, quer a derrubada imediata de Bolsonaro e de todos os golpistas. Sendo assim um movimento sob controle dos trabalhadores não escolheria datas sem sentido, locais distantes e outros fenômenos estranhos que aconteceram por todo o Brasil nos últimos atos. Pelo contrário os atos se tornariam cada vez maiores e mais combativos e levariam a derrubada imediata do governo fascista, uma nova presidência de Lula e a um governo dos trabalhadores.

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