Para a burguesia, o inimigo a ser batido para as presidenciais de 2022 é Lula, não Bolsonaro. Mas ela não está sozinha: recebe o auxílio de setores antilulistas dentro da própria esquerda.
Há uma grande campanha na imprensa golpista para atacar o ex-presidente. Editoriais de grandes jornais insistem em dizer que os processos contra Lula foram anulados, mas que ele teria sido absolvido. Colunistas tentam colocar o petista e Bolsonaro como sendo duas faces de uma mesma moeda. Tudo isso coordenado com os ataques de Ciro Gomes, que vem cumprindo direitinho o seu papel: tirar votos do PT.
Nesta sexta-feira (15/10), foi a vez de Vera Magalhães, conhecida jornalista da direita (O Globo), atacar Lula e alisar o coroné Ciro Gomes. Ali se lê coisas do tipo “Ciro (em vídeo) com semblante sereno pontua muitos aspectos profundos e importantes que nos trouxeram até aqui, mas que são verdades indigestas ao lulopetismo”. Além de recorrer a chavões identitários: “Ciro tem lugar de fala. E Lula e Dilma sabem disso”. (grifo nosso).
Os elogios a Ciro não se restringem à burguesia. Após a vaia colossal que o pedetista recebeu na Avenida Paulista, uma série de “revolucionários online” e progressistas em geral trataram de repudiar a atitude dos manifestantes.
Atualmente, Jair Bolsonaro está na corda bamba porque setores importantes do grande capital querem substituí-lo por um outro ainda mais agressivo na política neoliberal. Há uma grande manobra tentando viabilizar um candidato que se apresenta na imprensa como sendo da Terceira Via. No entanto, devido à grande polarização, essa “via alternativa”, só pode se viabilizar se, ao mesmo tempo, tirar votos da extrema-direita e conquistar votos da esquerda.
A operação não é simples. Para conquistar os sonhados votos da esquerda, será necessário um plano similar ao adotado na eleição de Joe Biden. Opor uma figura a um espantalho e se utilizando simultaneamente das tais “pautas identitárias”. O espantalho já temos: Jair Bolsonaro. O “mal menor” ainda não se sabe ao certo que poderá ser, talvez um candidato gay, ou um outro que apresente um vice trans, mulher, negro, ou algo nessa linha.
Os setores esquerda que são linha auxiliar da burguesia vêm se esforçando para evitar a presença de Lula nas manifestações e ao mesmo tempo formar uma frente amplíssima, que inclui a direita golpista, apresentando esses candidatos como pertencentes a um pretenso “campo democrático”. Existe ainda uma conexão direta entre a Folha de São Paulo, jornal golpista, com informantes dentro da coordenação do Movimento Fora Bolsonaro. Datas e decisões de manifestações são informados à Folha do que aos participantes do próprio movimento.
O desenvolvimento da situação só deixa ainda mais claro que Lula e o PT só podem contar mesmo com o apoio das ruas para o próximo pleito. No entanto, não se pode deixar nas mãos de entreguistas a coordenação dos atos de rua que estão amplamente favoráveis à reeleição. O PT e a CUT devem encabeçar o Movimento Fora Bolsonaro e Lula presidente.