Com a explosão dos preços dos combustíveis no Brasil, o Acre sofre as piores consequências, e a gasolina chegou a R$8,20 e o diesel R$7,50 o litro, em cidades próximas à fronteira com o Perú, como Marechal Taumaturgo.
Em pesquisa realizada recentemente pela Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural (ANP) com a participação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), outro alto valor encontrado no país foi de R$6,70 na cidade de Cruzeiro do Sul no Acre.
Com os seis aumentos da gasolina e cinco do diesel por parte da Petrobras, o acumulado no ano ficou em 54,3% na gasolina e 41,5% no diesel.
A mudança de cálculo nos preços da Petrobras, determinada pelo presidente golpista Michel Temer e seguido pelo atual fascista Bolsonaro, é a responsável por esses aumentos bárbaros.
O sistema antigo de reajuste levava em consideração vários fatores nacionais e internacionais, enquanto o atual leva em consideração apenas o dólar e os preços internacionais, o chamado preço de paridade de importação (PPI).
Outro fator é a política de impostos que é diferente em cada estado. A logística para regiões mais distantes encarece o custo de transporte. E tem a formação de cartéis de postos de gasolina, que se reúnem e determinam o preço mínimo em conjunto. Em alguns locais toda a rede de postos pertence a um único proprietário.
Nessas regiões mais distantes de grandes centros são duplamente prejudicadas. A política de preços em primeiro lugar, encarecendo os preços, e, em segundo, o fato de que tem pouca atividade econômica e os salários são inferiores comparados com a maioria das cidades. O resultado é que se torna proibitiva a utilização de transporte próprio.
Com essa política nefasta de preços, a função social da Petrobras não se realiza, pois os acionistas querem apenas receber dividendos. E também o estado não fornece nenhum subsídio para compensar essa disparidade.
O custo de produção nacional é baixo comparado com outros países, e há possibilidade de expandir o refino interno podendo chegar a auto suficiência no refino e não depender mais de importação, mas com as privatizações e entrega das refinarias isso não será possível.
Dados da ANP/DIEESE informam que a produção de petróleo cresceu 18% nos últimos cinco anos chegando a produção de 3,7 milhões de barris/dia, e os custos de produção têm diminuído na Petrobras.
O presidente da CUT do Acre, Edmar Batistella, diz que é preciso urgentemente derrubar os preços dos combustíveis com mudança do cálculo de preços e ainda derrubar o governo de Bolsonaro.
O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em nota técnica defende que redução de impostos (ICMS, PIS/COFINS) são medidas paliativas e comprometem a arrecadação do estado para fortalecer a área de saúde. O que precisa ser feito é reforma estrutural na formação de preços, caso contrário o custo recai novamente sobre a população, conforme matéria do jornal da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Não resta dúvidas que a política de preços da Petrobras, desde o golpe de Estado em 2016, tem sido altamente prejudicial ao conjunto da população. Em um momento em que a produção nacional chega muito perto da auto suficiência, o governo muda as regras, e adota a política de acompanhar os preços internacionais e o dólar.
Com a enorme desvalorização do real, os preços subiram muito, e apenas pelo valor da moeda. Nada que tenha relação aos custos de produção, afinal temos petróleo suficiente para o nosso consumo.
A política para a Petrobras sempre foi muito clara desde o mensalão: estava em curso um golpe de Estado e a destruição da empresa de petróleo, uma das maiores do mundo, com o objetivo de entregá-la ao capital internacional imperialista.
Para isso teriam que torná-la ineficiente, o que estão fazendo desde então. Privatizaram a exploração do pré-sal, venderam as refinarias e outros ativos da empresa de forma fatiada, aos poucos, já que sabiam que o processo de privatização de toda ela de uma vez seria tarefa muito difícil e custosa. E fizeram isso com autorização da corte suprema do país.
A imprensa golpista também tem sido muito utilizada, com propagandas mentirosas que desqualificam a Petrobras como empresa ineficiente, de custos altos que oneram o governo, tem muita corrupção. Como se fosse privilégio das estatais serem alvo de corrupção. Esta é uma prática inerente ao sistema capitalista, que precisa cooptar pessoas e empresas para se manterem no poder e manter seus lucros.
Hoje, cerca de metade da empresa já foi vendida, muitas refinarias, e por isso é preciso importar gasolina e diesel, ao preço internacional e com o dólar em alta gigantesca. E parece que não irão para por aí, logo a petroleira será entregue para atender os interesses imperialistas.
Quando ela for totalmente vendida, os preços serão os que o imperialismo quiser cobrar, e isso significa que os preços ficarão ainda mais altos e encarece substancialmente os preços gerais e em especial dos alimentos, e alta na inflação.
Por isso é importante que os trabalhadores da Petrobras e a população como um todo devem se organizar em conselhos populares, mobilizar os sindicatos, e lutar nas ruas contra a privatização do petróleo e das demais empresas, inclusive lutar pela reintegração das que foram privatizadas. E que os trabalhadores assumam o controle de todas as empresas no país.