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Tudo para derrotar o PT

FHC: fica Bolsonaro enquanto a direita não tiver um bom candidato

Fernando Henrique Cardoso publica coluna no Estadão em que defende o mandato de Bolsonaro e um possível apoio a ele nas próximas eleições

Neste último sábado (1º de maio), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou uma coluna no Estadão com o título “Hora de decisão”, em que ele procura expressar o seu posicionamento (e, portanto, o da burguesia que o apoia) sobre a questão das próximas eleições no Brasil. O texto é um tanto quanto ambíguo, mas é possível tirar algumas conclusões a seu respeito. 

Durante todo o último período, FHC, seu partido e os partidos burgueses de conjunto têm procurado realizar a manobra da chamada “terceira via”. Ela consiste no processo de procurar enfraquecer Bolsonaro e minar sua popularidade através de uma campanha contra ele, haja visto ações como a tal CPI da Pandemia, que não discute nenhum caminho para resolver a enorme crise sanitária e tampouco coloca em pauta a derrubada do atual presidente, apenas procura fazer uma campanha muito pouco significativa contra ele, a fim de diminuir sua votação nas próximas eleições.

No entanto, esse cenário não parece estar se desenhando num futuro próximo e está chegando a hora de esse setor político se posicionar com relação a uma disputa eleitoral que expresse a polarização existente no país, entre Lula e Bolsonaro. 

A opinião de Fernando Henrique sobre o assunto não se modificou desde a última vez em que ele emitiu declaração a respeito. À época, ele havia deixado claro que Bolsonaro é ruim, mas não é possível apoiar o Lula e o PT. Nesta última coluna, ele não chega a fazer menção clara ao líder petista, mas ele tenta explicar por que será, provavelmente, necessário apoiar Bolsonaro nas próximas eleições.

Primeiramente, ele faz uma saudação à eleição de Joe Biden, afirmando que o novo presidente eleito dos Estados Unidos foi eleito pela maioria, e que isso seria “reconfortante”. Segundo ele, deve-se celebrar essa mudança de governo porque Biden pertenceria a um “partido democrático”, o que é um deboche diante da gigantesca fraude eleitoral que foi processada nos EUA para que a derrota de Trump se consolidasse.

No entanto, ele afirma que isso não significa que o mesmo vá acontecer por aqui. Ou seja, é muito possível que no Brasil seja necessário apoiar um governante de extrema-direita, e não alguém mais alinhado com o que FHC e o imperialismo chamam cinicamente de “democrático”. Segundo o ex-presidente, ao olharmos para o “nosso quintal” (que ele mesmo afirma não ser prudente classificá-lo como nosso, decerto deve pertencer aos Estados Unidos), devemos nos conformar com o que ele afirma ser a escolha da “maioria”.

A única crítica feita de forma mais aberta contra Bolsonaro contém o tom comedido que era típico da burguesia no princípio de seu governo, quando ainda era necessário acobertá-lo. Ele afirma que o problema de Bolsonaro seria sua família e que ele, às vezes, seria “menor do que a cadeira que ocupa”. 

A defesa do respeito ao resultado eleitoral também descarta a opção do impeachment, que é onde uma parte da esquerda pequeno-burguesa deposita as suas fichas. No entanto, como já foi dito em outra entrevista até pelo próprio FHC, não haverá impeachment sem a mobilização do povo. 

O fato de a burguesia estar disposta a manter Bolsonaro na presidência da República pelo menos até as próximas eleições também é uma prova de que o bolsonarismo é algo perfeitamente tolerável para ela. Foi o oposto do que ocorreu durante o período do golpe contra Dilma. Em que pese o fato de a pandemia não ser responsabilidade exclusiva de Bolsonaro, mas sim de toda a burguesia brasileira, se aceitarmos a tese da direita tradicional de que ele é o principal culpado pelas mortes pela Covid-19, as acusações contra ele seriam muito mais graves do que tudo que foi apontado contra Dilma Rousseff e sua gestão. 

É importante compreender que a burguesia é a principal responsável pela subida de Bolsonaro ao poder e, se ela considerasse que seu governo não está de acordo com seus interesses, ela não teria votado nele nas eleições de 2018. Além disso, se fosse real a tese de que ela só percebeu posteriormente o quão nocivo ele seria, ela já poderia ter colocado em prática a sua derrubada, assim como fez com o PT. 

Nesse sentido, é preciso denunciar totalmente absurdo o aceno feito pelas centrais sindicais neste Primeiro de Maio, em que convidaram para sua live, o ex-presidente FHC que, não só será um apoiador de Bolsonaro na eventualidade de sua disputa com o PT, mas também é o responsável por um longo período de misérias e derrotas da classe operária durante o seu governo.

Essa total traição das supostas lideranças do movimento operário às suas bases não trará nada de positivo num futuro próximo e, ao contrário do que pode parecer, não fortalece em nada as candidaturas da esquerda pequeno-burguesa para as próximas eleições, mas é bastante positivo para a direita de FHC e João Doria, ambos convidados de honra da live das centrais.

A política correta é se colocar de forma clara em total oposição à direita golpista, da mesma forma que se deve se colocar contra a extrema-direita, pois ambos os setores são responsáveis pela crise gigantesca em que se encontra o país no momento atual. A política da morte pela pandemia, do desemprego, da fome e da miséria é de toda a burguesia e não apenas de Bolsonaro, portanto, é preciso compreender que eles são aliados e juntarão forças para impedir que a esquerda retorne ao poder nas próximas eleições.

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