Nesta quinta-feira, 16, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou uma resolução que dará início a conversas referentes à formação da Federação Partidária com partidos sem princípios políticos sólidos, repleto de golpistas e personagens que vivem a reboque da política pequeno-burguesa. Os partidos PSB, PCdoB, PSOL, PV, dentre outros, participarão dessa nova adaptação da esquerda pequeno-burguesa ao injusto regime eleitoral no Brasil, cuja nova legislação permite que legendas se unam como um único partido por quatro anos.
Vetada pelo presidente golpista Jair Bolsonaro (PL) e aprovada pelo Congresso Nacional, a frente valerá para as eleições em 2022. Esse novo mecanismo permitirá que duas legendas ou mais se unam não apenas no período eleitoral, mas também por toda a legislatura. Diferente das coligações, as quais foram proibidas pelo Senado em 2017, essa federação partidária supõe identidade programática, ideológica e possibilidade de enfrentar a cláusula de barreira, que atualmente exclui os partidos menores do sistema político.
Após seguidos ataques externos ao maior partido popular do País, agora a burguesia articula e libera esse mecanismo para atacá-lo internamente, inclusive sem a compreensão política do PT para essa ferramenta que limitará ainda mais a liberdade de organização partidária.
Segundo a resolução do PT, “O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores resolve iniciar conversações sobre Federação Partidária com PSB, PCdoB, PSOL e PV, cabendo à Comissão Executiva Nacional do Partido conduzir este processo de diálogo para posterior decisão do DN, sobre eventual participação, a partir de um debate programático, esgotando o debate interno a partir da escuta às direções estaduais, municipais, observando os prazos definidos pela Justiça Eleitoral”.
O PSOL e o PSB já sinalizaram que irão iniciar conversas com outras legendas. Todos esses partidos justificam a criação da frente partidária para enfrentar a aberração da cláusula de barreira. Em vez de protestar contra ela, se adaptam ao regime de cartas marcadas da burguesia. Segundo a resolução do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), “Consideramos que as federações permitem, ainda, o enfrentamento da cláusula de barreira, medida antidemocrática criada para asfixiar os partidos ideológicos com a justificativa de combater a ‘pulverização’ do sistema partidário brasileiro. Assim sendo, a Executiva Nacional do PSOL aprova a instauração de conversas formais com Rede Sustentabilidade e PCdoB, com vistas a avaliar a conveniência de uma federação entre um ou mais partidos de esquerda”.
Juliano Medeiros, presidente do PSOL, que sempre flertou com a burguesia e cumpriu o seu papel reacionário de atacar o PT durante toda essa caçada da direita ao partido, disse que ainda não existe uma definição sobre a federação e que isso dependerá “de afinidade política, ideológica e programática entre os partidos, além da conveniência eleitoral, é claro”.
Armadilha para o maior partido de esquerda
Após quatro décadas de lutas, erros e vitórias, o Partido dos Trabalhadores, uma conquista de diversos sindicalistas e militantes que enfrentaram o regime militar para criar o partido, pode estar diante de uma situação que poderá desidratar o partido e fortalecer a burguesia que perdeu quatro eleições seguidas para esse partido e seus aliados. A burguesia continua seus ataques agora de forma interna. Ela quer associar permanentemente o PT aos partidos pequeno-burgueses que colaboraram com o golpe de estado e nada fazem contra os ataques da direta à classe trabalhadora.
A burguesia, com essa proposta e a antidemocrática cláusula de barreiras, pretende estrangular, restringir e até acabar os partidos pequenos, criando, ao modo americano, um regime bipartidário a reboque dela, sem nenhuma diferença ideológica e prática.
A frente partidária, segundo vem denunciando esse Diário Causa Operária, “não é positiva para o PT, na medida em que este partido tem influência política e base social que se traduzem em votos. Já os demais estão numa situação diferente e procuram se associar ao PT para eleger um punhado de picaretas. Isto é, aquele partido passa a ser um trampolim direto para políticos direitistas dissociados de qualquer tipo de luta popular”.
Se oportunamente o ex-PSDB Geraldo Alckmin se filiar ao PSB para compor uma chapa com Lula, que identidade ideológica teríamos com um vice inimigo e carrasco dos funcionários públicos, um neoliberal disposto a entregar todo o patrimônio do país? Nenhuma. É um engodo a identidade ideológica e programática dessa frente, cujo objetivo é ficar a reboque da direita, ser uma esquerda domesticada, sem luta, apenas perfumaria no difícil embate contra os golpistas.
A verdadeira política que o PT e os partidos que se dizem de esquerda devem fazer é denunciar e lutar contra toda a legislação antidemocrática do sistema eleitoral brasileiro, para que possamos assegurar mais direitos democráticos nesse injusto regime político.