Na última sexta-feira o governo de João Doria (PSDB) voltou atrás e anunciou que o estado de São Paulo sairá, a partir do dia 12 de abril, da fase emergencial gerada por conta da pandemia do coronavírus e passará para a fase vermelha. Desta forma, o governo tucano “científico” permitirá agora que eventos esportivos voltem a acontecer normalmente, sem público, que as aulas presenciais retornem, que seja permitida a retirada de alimentos em restaurantes e que seja restabelecido o comércio de materiais de construção.
Em contrapartida, ficam mantidas, por exemplo, o toque de recolher entre as 20h e às 5h, a proibição do atendimento presencial em todos os serviços não essenciais, a proibição de atividades religiosas como cultos e missas e a obrigatoriedade do trabalho à distância, conhecido como home office, para trabalhadores do ramo administrativo.
As medidas levantadas anteriormente, no entanto, não surtiram praticamente nenhum efeito. Segundo os próprios dados da Secretaria de Saúde, a internação em UTIs no Estado caíram apenas 6%, longe de todo o sucesso propagandeado pelo PSDB. Mesmo assim, por conta da pressão da burguesia, principalmente dos bancos, as restrições do lockdown de Doria começam a afrouxar.
Todo este panorama demonstra como as medidas de isolamento através do lockdown praticamente não surtem efeito nenhum e, ao contrário, servem apenas para que o governo de São Paulo pareça fazer alguma coisa, quando nada na realidade está sendo feito para conter o avanço da doença.
É preciso se esforçar demais para acreditar que em uma semana é necessário que haja um forte controle sobre as pessoas que saem às ruas e, na semana seguinte, as escolas possam voltar a funcionar sem que a pandemia atinja os trabalhadores da educação, os estudantes e seus familiares.
Também é preciso acreditar muito no que diz a imprensa burguesa para conceber a ideia de que a restrição de pessoas nas ruas durante a madrugada irá acabar com uma pandemia que já matou 80 mil pessoas em menos de um ano só no estado de São Paulo.
Ao contrário do que é pintado pela burguesia, vemos os meios de transporte públicos, como metrôs e ônibus, completamente lotados de trabalhadores que não podem deixar de trabalhar, pois necessitam de dinheiro para sustentar suas famílias. As fábricas também permanecem locais completamente insalubres e lotados, os presídios, nem se fala.
A política da burguesia, portanto, é a política de tentar tapar o sol com a peneira, mas propagandeando o feito através de sua imprensa como uma verdadeira salvação. O que não ocorre de fato. Além de tentar vender uma falsa salvação, a burguesia busca através de medidas que não surtem efeito preparar o terreno para justificar a repressão contra a parcela da população que, frente ao genocídio causado pela doença e frente à crise econômica, mais cedo ou mais tarde saíra às ruas contra o Bolsonaro e os governadores estaduais.
A solução, no entanto, passa longe de utilizar a repressão para garantir que as pessoas que não estão indo trabalhar e enriquecer o bolso dos patrões saiam de casa, mas sim, através de um auxílio emergencial de no mínimo 1 salário mínimo, com a garantia de que os setores não essenciais (lembrando que não se pode considerar setores como construção civil como essencial para a vida humana) fecharão as portas e, ai sim, a população que possa ficar em casa consiga se proteger.
Também é necessário entender que nem todos conseguem ficar em casa, pois, muitos nem casa têm e outros moram em condições péssimas, com várias pessoas vivendo em um mesmo ambiente, o que não pode ser pretexto para a repressão. Esse, inclusive, é um dos pontos que a pequena burguesia não consegue entender, pois sua condição de vida é muito diferente da operários e demais trabalhadores no Brasil.
Por fim, na situação em que nos encontramos, a única e verdadeira saída para a questão do coronavírus é a vacinação massiva de toda a população brasileira. O Brasil é um país com plena capacidade de produção de uma vacina em larga escala. Para isso, é necessário também levar adiante uma luta pelo controle estatal sobre os laboratórios e farmacêuticas, além de se exigir a quebra das patentes das vacinas a nível internacional.
Todos os pontos levantados não serão dados de bandeja por Doria, Bolsonaro ou qualquer outro governador ou prefeito. É necessário realizar uma ampla mobilização para garantir que a população possa continuar vivendo, junto de uma mobilização para colocar um fim no golpe de estado que se iniciou em 2016 e no governo de Jair Bolsonaro, além de garantir que Lula possa ser candidato em 2022.
Sobre a reabertura das escolas, é preciso que os professores e demais trabalhadores da educação, assim como os estudantes, mobilizem-se contra e realizem uma greve até que o governo do Estado ceda e impeça a volta. É inadmissível que tantas pessoas sejam expostas à doença para que os bancos não percam seus lucros durante a pandemia.