Nesta última semana, um verdadeiro circo foi montado com a CPI da Covid no Senado Federal. A imprensa burguesa fez ampla cobertura dos “depoimentos” e da reação dos parlamentares, dando especial destaque para os ex-ministros da saúde Luis Mandetta, Nelson Teich, para a ausência do general Eduardo Pazuello e para o atual Marcelo Queiroga.
Uma das informações que apareceram decorrente deste “circo” foram as negociações do governo Bolsonaro com as indústrias farmacêuticas, a partir de informações apresentadas pelo atual ministro da Saúde e pelo Secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, mostram a pressão feita pelo monopólio da Pfizer e os preços cobrados pela vacina.
Foi anunciado que em 15 de março o Ministério da Saúde teria assinado contrato com a Pfizer para aquisição de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid, ao custo de 6,6 bilhões de reais. O que resulta num custo de 66 reais por dose, um valor 20% maior do que do que foi negociado no primeiro contrato assinado pelo governo com a farmacêutica em dezembro de 2020. As informações de outros países também são de preços diferentes para cada um. Esse valor cobrado ao Brasil equivale a 12 dólares a dose, para a União Europeia o valor cobrado foi de 14,70 dólares, para os Estados Unidos foi 19,50 dólares e para Israel 23,50 dólares. No primeiro trimestre deste ano o lucro da Pfizer cresceu 20%, chegando a 3,5 bilhões de dólares com a aceleração da compra de vacinas pelos países ricos, mostrando como a operação tem sido lucrativa.
Os monopólios aproveitam
Os lucros crescentes das farmacêuticas não tem sido somente com as vacinas contra a Covid. Os preços de outras vacinas, medicamentos e insumos têm crescido também. Em abril foi divulgado uma pesquisa pelo canal imperialista CNN que mostrou um aumento de até 894% de medicamentos do “kit intubação”, sendo que 70% das pessoas e empresas que procuraram os medicamentos na indústria não conseguiram comprar.
Outro caso são os preços das vacinas para outras doenças. Pesquisas locais, nas capitais principalmente, têm mostrado que laboratórios e clínicas particulares têm cobrado muito mais pelas vacinas, chegando a uma variação de até 115% . Em Belo Horizonte, por exemplo, uma pesquisa local mostrou que é possível encontrar preços de 260 reais a até 559,55 reais para uma dose da vacina HPV Bivalente, já vacina contra o Rotavirus teve variação de 106%, chegando a custar 240 reais ou até 496 reais a depender da clínica ou laboratório. Em geral as capitais têm preços desses medicamentos em torno de 100% maiores do que há 12 meses.
Até mesmo um insumo fundamental para a saúde das pessoas internadas em estado grave, principalmente com a Covid, tem tido grande alta de preços, o oxigênio em cilindros. A maioria das prefeituras brasileiras estão pagando muito mais caro, como por exemplo a prefeitura de Sabará, em Minas Gerais, que ano passado comprava o metro cúbico a 5,71 reais, agora tem que pagar 17,89% uma alta de 213%.
Quanto custa uma vida?
Esses números mostram como vêm atuando os capitalistas da indústria farmacêutica. Estão aproveitando a pandemia, não só lucrar mais, mas para manipular os mercados, forçando uma situação de escassez, desde insumos aos medicamentos prontos, para fazer subir os preços de forma generalizada e, com essa situação, forçar a compra destas “mercadorias”, em valores muitas vezes acima, pela população.
É um crime multiplicado várias vezes pela força dos monopólios, pois são extremamente forças poderosas, que podem manipular todo o mercado consumidor, a produção, controlar as informações e ter outros monopólios do seu lado na exploração, como os monopólios das comunicações, que fazem o trabalho de fazer propaganda e disseminar sua ideologia.
A imprensa burguesa monopolista, inclusive, tem sido fundamental nessa operação, onde diariamente é veiculado como os governos devem adquirir imediatamente os produtos das grandes farmacêuticas, sem citar os altos preços manipulados. Recursos que poderiam ser aplicados na indústria pública nacional e produzir uma vacina e medicamentos locais.
Se estas empresas, seus donos e diretores, pudessem de alguma forma fazer algum bem para a população mundial seria a liberação imediata das patentes de todos os medicamentos e vacinas, principalmente, aqueles ligados à pandemia da Covid. Afinal de contas, a “propriedade intelectual” é um verdadeiro roubo à população, pois estas grandes empresas são extremamente parasitárias e vivem da pesquisa estatal, do trabalho pesado realizado por equipes de pesquisadores em laboratórios pequenos e muitas vezes ligados a órgãos estatais, como as universidades brasileiras. Porém, quando o produto está pronto, o lucro é só delas. “O povo que se vire para conseguir um medicamento ou uma vacina”, que podem inclusive nem resolver o problema completamente.
Finalmente, a política dos grandes capitalistas, dos monopólios farmacêuticos é de aproveitar ao máximo a pandemia para elevar seus lucros à estratosfera custe quantas vidas custar. Essa manipulação é responsável, inclusive, pelas milhares de mortes diárias pelo mundo, por conta da Covid, na medida que estão permitindo que países imperialistas e ricos concentrem todas as vacinas e medicamentos, deixando a população dos países pobres e oprimidos para morrer em larga escala.