Enquanto a burguesia pressiona pela volta às aulas presenciais, a Unifesp, Universidade Federal de São Paulo, sequer tem verbas para aguentar até setembro. Com apenas mais um mês de orçamento, a universidade viu seus recursos serem cortados em dois terços relacionados ao ano passado, que por sua vez já eram muito inferiores aos anos anteriores. Com apenas R$ 21,1 milhões a instituição ameaça paralisar o funcionamento do Hospital São Paulo.
O hospital atende pelo SUS, sendo ele 100% gratuito e universal, e agora, ainda em época de pandemia, terá que paralisar suas ações pela falta de verbas. Para se ter dimensão da importância da universidade e do hospital basta entender que durante a pandemia o hospital atendeu pacientes com covid 19 enquanto a Universidade participava de testes clínicos da vacina Astra Zeneca e de outros meios de combate à pandemia.
Trata-se, contudo, de apenas uma das diversas universidades em risco no país. A Universidade Federal do Rio de Janeiro também ameaçou parar as atividades esse ano por falta de orçamento. A Federal do Rio é a principal universidade federal do país, a Unifesp também consta nas mais importantes. A situação de universidades menores é ainda pior. Só na federal de São Paulo serão aproximadamente 23 000 estudantes prejudicados com o seu colapso.
O causador do caos é obviamente a PEC dos gastos que veio após o golpe de 2016, mas soma-se a isso a Aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021, sancionada pela presidência da República em abril, que resultou em cortes enormes para as instituições públicas do país.
Esse é o modelo educacional do neoliberalismo, o intuito é cortar e extinguir o ensino gratuito para colocá-lo ao serviço dos tubarões do ensino privado. O Brasil ainda é um dos poucos países que tem uma educação pública e universal, isso tem sido visado desde a época da ditadura. Agora com o golpe no continente tem sido uma prioridade o sucateamento total dessas universidades para tirá-las do caminho das escolas pagas.
Sobre a situação da universidade, a pró-reitora de Administração, Tania Mara afirmou o seguinte: “Isso porque estamos no modelo de ensino a distância na maior parte de nossos cursos. Se houver a obrigatoriedade do retorno presencial, não seria suficiente sequer para as adaptações mínimas necessárias para atendimento dos protocolos sanitários”. É nessa condição que Bolsonaro e os governadores “civilizados”, como apelidados pela pequena-burguesia de esquerda, querem a volta as aulas.