Após o fracasso acachapante dos atos mais contra Lula do que contra Bolsonaro, a direita golpista encontrou, na esquerda parlamentar, um ombro amigo para seus choramingos.
Passando por cima da Frente Fora Bolsonaro, os partidos da esquerda parlamentar estão criando uma nova instância, por fora dos movimentos populares, para infiltrar, nos atos da esquerda, direitistas do naipe de Cidadania, Solidariedade, PV e “governadores” (palavra utilizada pelo presidente do PSOL, Juliano Medeiros, para esconder o nome do tucano Doria).
A ação canalha destes burocratas será a desmoralização completa e total da frente Fora Bolsonaro e das organizações dos trabalhadores.
Há completa dissonância entre os parlamentares da esquerda e suas bases, os movimentos populares e sindicatos. Dada a polarização política que vive o Brasil, onde as verdadeiras organizações dos trabalhadores rejeitam completamente alianças com os golpistas, a esquerda parlamentar vai na contramão.
A direita golpista não fala pelos trabalhadores. Doria, que já avisou que, se presidente, entregará completamente a Petrobras ao capital estrangeiro, não quer saber do povo. Muito menos o MBL, que foi largamente financiado pelo mesmo capital estrangeiro. Deste modo, articular a infiltração do MBL e de parasitas como João Doria, é rifar o futuro do povo brasileiro a ladrões e bandoleiros de terno.
Cidadania, Solidariedade e PV, na prática, trabalham como sublegendas do PSDB. Quem observa a política nacional sabe muito bem disso. É impossível saber disso e não saltar aos olhos toda esta movimentação golpista.
Também não é novidade que a direita dos “governadores científicos” vota junto com o governo Bolsonaro no Congresso. O discurso é diferente somente por razões “cosméticas”. Contribuir com estes pilantras é (1) trair a luta do povo e (2) despolitizar ainda mais os debates.
Fica clara a pressão da burguesia para infiltrar a direita nos atos. Mas não a direita por si só, mas toda uma propaganda contra a única arma verdadeiramente eficiente da esquerda e da classe trabalhadora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem a capacidade de mobilizar amplas massas.
Os atos da esquerda, tanto ou mais que o “Fora Bolsonaro”, impulsionam a candidatura de Lula a ponto de permitir que ele não precise de alianças com a direita, para desespero da burguesia. Se Lula for eleito com uma votação destruidora, a burguesia estará em maus lençóis. Por isso, há toda esta pressão do capital para apodrecer as mobilizações.
As mobilizações da esquerda parlamentar, em grande parte presa à burguesia pelos grilhões dos financiamentos eleitorais, para cobrir de afagos a impopular direita, são mais que uma autossabotagem. São, no fim das contas, a antessala do crime de lesa pátria que será cometido pela direita golpista se ela conseguir derrotar Lula ou impor a ele uma condição de governo completamente desfavorável.
É necessário combater amplamente esta política de traições aos trabalhadores. A frente Fora Bolsonaro, a CUT e outras organizações do movimento operário devem ser firmes para debelar esse cheque em branco que a esquerda parlamentar dá aos setores golpistas e inimigos dos trabalhadores.