Em novembro de 2016, Walfrido Warde, presidente do IREE, instituto diretamente financiado pelo imperialismo, como revelado por este Diário, publicou um artigo à Folha de S. Paulo intitulado “Por um novo modelo de financiamento de campanha”.
No texto, o empresário de Boulos argumenta que o sistema eleitoral necessita de uma reforma, denunciando com todo o seu cinismo as “relações promíscuas entre empresas, partidos e candidatos” logo após decisão do STF de proibir a contribuição de empresas ao financiamento de campanhas eleitorais.
Segundo o imperialista, o caminho a ser seguido pelo financiamento eleitoral se dá por meio das ONGs, associações sem fins lucrativos que, segundo Warde, “congregam pessoas sob um interesse comum, necessariamente lícito”.
“A necessidade de recursos poderá inspirar um novo modelo prevalentemente privado de financiamento de campanha que não onere ainda mais o contribuinte e que se baseie em critérios de cidadania, ativismo e mérito”, escreve o empresário.
Ou seja, sua proposta é simples: ao invés de um financiamento privado escancarado, por meio do qual é possível denunciar o caráter da campanha de determinado indivíduo baseado em quem o financia; que tal um financiamento privado sob a fachada de pautas “humanistas”?
O onguismo, defendido por setores da esquerda imperialista, representa nada mais nada menos que uma grande fachada. O imperialismo se passa por democrático ao falar através de ONGs que pregam o respeito aos direitos humanos, ao meio ambiente, à tolerância, à paz, à vida, contra o racismo, a homofobia, o machismo etc. como forma de mascarar o apoio da CIA e dos grandes tubarões capitalistas, como George Soros e Ford, a determinada campanha/iniciativa. Tudo ainda mais bonitinho por ser feito por organizações sem fins lucrativos, organizações filantrópicas, a verdadeira cereja no bolo da intervenção imperialista.
No final, não passam de organizações fabricadas pelo imperialismo para interferir da maneira mais sorrateira possível na política de outros países. Isso fica evidente no momento em que investigamos de onde vem o financiamento destas ONGs. O próprio IREE de Boulos-Warde, como demonstrado por este Diário, é parceiro de um think tank ─ o Global Americans ─ composto por funcionários do governo dos EUA e recebe doações “democráticas” do NED, órgão oficial de intervenção imperialista no exterior.
Tudo isso fica ainda mais claro com o desenvolver do texto de Warde, onde, ao propor como esse sistema se organizaria em torno das ONGs, diz:
“[…] os donatários não poderiam conhecer a identidade dos associados contribuintes do fundo associativo e o montante da contribuição. Para isso, o comitê e os seus membros seriam responsáveis pelo sigilo das fontes doadoras”.
Ademais, no final do artigo, coloca:
“Resta saber se um tal modelo animaria os habituais doadores privados, especialmente empresas, cuja identidade, sob novo regime, seria muito menos acessível aos candidatos e aos políticos eleitos, em um contexto em que, repise-se, não podem ser conhecidos os associados contribuintes”.
Ou seja, é o sonho de consumo de Warde e Boulos: uma campanha financiada pelo imperialismo com seu sigilo garantido juridicamente por todo o aparato proposto pelo empresário. Dessa forma, os grandes capitalistas poderiam intervir da maneira que lhes fosse conveniente, protegidos pelas pautas demagógicas das ONGs.