O governador “científico” de São Paulo, João Doria, prometeu antes da coletiva de imprensa realizada nessa quarta-feira, que “anunciaremos quais serão as medidas adicionais”. Em uma campanha demagógica de combate à pandemia, enquanto o estado totaliza 65 mil mortos, Doria buscou se promover uma campanha farsesca e de genocídio da população.
Recorde de mortos em meio à demagogia
O governo já havia anunciado medidas restritivas no último período, colocando o estado na fase emergencial, e decretando toque de recolher após as 20 horas, Doria buscou, por meio da repressão e demagogia, encobrir o massacre realizado pelo seu governo, que permitiu números recordes de mortes em todo o estado.
Segundo dados oficiais do governo paulista, apenas na terça-feira, quase 700 pessoas vieram a falecer devido à contaminação por coronavírus. O estado tem cerca de 90% das UTIs de todas as regiões ocupadas, enquanto mais de 17 mil pessoas são infectadas todos os dias.
Contudo, na prática, nem mesmo as mais duras medidas de repressão à população foram anunciadas na coletiva de imprensa.
Após reabrir todos os comércios, obrigar o trabalhador a estar nas ruas durante todos os dias da semana e ser um dos primeiros estados a promover o volta às aulas presenciais, Doria não conseguiu ainda o principal objetivo dos capitalistas, salvar a falida economia sacrificando a população na pandemia.
Um grupo de medidas foram tomadas, e Doria anunciou a suspensão de cortes de gás e água para setores de comércio até o dia 30 de abril, assim como R$ 100 milhões de crédito adicional para pequenos empreendimentos, com o objetivo de evitar a falência generalizada.
Junto a estas medidas, Doria anunciou com muito menos destaque antecipação da vacinação para pessoas entre 72 a 74 anos, e a entrega de 2 milhões de doses de vacinas para o Ministério da Saúde. Ambas as decisões, completamente insignificantes dado a total catástrofe que o estado se encontra durante a pandemia.
Um morto a cada cinco minutos
Porém, o recuo de Doria e as medidas anunciadas chamam a atenção por novamente revelar as prioridades dos capitalistas. Nem mesmo a vacinação da população é levada minimamente a sério, e as medidas econômicas são feitas para os capitalistas, enquanto a população trabalhadora é obrigada a sobreviver na mesma situação miserável, que apenas se aprofunda com os cortes do auxilio emergencial.
No estado onde há uma morte por coronavírus a cada cinco minutos, Doria vem se utilizando da propaganda em torno da vacinação para buscar adquirir maior capital político para as eleições de 2022. No entanto, todas esta propaganda nada mais é que uma pura farsa.
Doria mentiu para a população ao anunciar a vacinação em massa, ainda em fevereiro. O tempo passou, e nem sequer os idosos foram vacinados no estado. O fato é que, Doria fala em vacina, porém a mesma sequer existe para ser distribuída à população.
Doria tem nas mãos um PIB maior do que o da Bélgica, mas nada faz
A farsa fica ainda mais escancarada quando colocado em questão que o mesmo estado que não investe no combate à pandemia é o estado com maior PIB de todo o Brasil. Para ter-se um parâmetro, apenas a capital de São Paulo tem um PIB maior que países como Uruguai, Croácia e Angola. Já o estado, possui PIB superior a países como a Argentina, e até mesmo a países imperialistas de segundo plano, como a Bélgica.
Contudo, toda esta potência financeira não é capaz de realizar um plano mínimo de vacinação da população, e sequer permitir com que ela não morra de fome em plena pandemia. Enquanto o governo federal cria um auxílio emergencial que tenda a zero, distribuindo o mínimo de renda para quase 200 milhões de pessoas, o estado de São Paulo é proporcionalmente muito mais rico, contudo, tem um plano de auxílio inexistente para a classe trabalhadora.
Dada as circunstâncias, o normal seria que o estado paulista fosse responsável por dar um auxilio financeiro a população superior ao auxilio nacional, mas Doria, o rei da propaganda “científica”, não é apenas incapaz, como na realidade, deseja matar o povo e focar apenas em garantir os interesses dos grandes capitalistas.
Recuo comprova que nada será pelo povo
O recuo de Doria nas “medidas adicionais” comprova ainda mais este fato. A desculpa utilizada foi, de acordo com o coordenador com um dos porta-vozes do Centro de Contingência para Covid-19, Paulo Menezes, que “semana passada já foram tomadas medidas muito firmes e que impactam a vida da grande maioria da população de São Paulo, no ganha pão de cada um, e nós precisamos de algum tempo para poder observar o impacto dessas medidas. Nós estamos acompanhando e, ao mesmo tempo, estamos discutindo se houver necessidade de outras medidas, quais seriam essas medidas”.
Ou seja, o governo decidiu esperar os supostos “resultados” que surgirão enquanto o estado bate recorde de mortos a cada dia que passa.
Ignorando inclusive as próprias mortes, João Gabbardo, outro integrante do comitê de saúde, chegou ao ponto de dizer que as medidas “no nosso entendimento, já estão dando efeito”. Alegando por fim que os efeitos reais só virão “num determinado tempo”, ou seja, assim como todas as promessas de Doria, em um futuro muito distante, que nunca se concretizará.
Nesse sentido, é fundamental frisar que nenhuma medida tomada por Doria surtirá efeito nenhum no combate à pandemia, enquanto a prioridade central do governo for sacrificar a população para salvar os capitalistas. A reabertura generalizada, os ônibus e metrôs lotados, que viraram notícia em todo o mundo, são uma representação clara de que não há combate nenhum a pandemia.
A Doria resta a demagogia e farsa contra a população, porém, enquanto isso permanece, o massacre só aumenta, e a burguesia “científica”, é nesse sentido tão culpada ou mais, que o próprio fascista Jair Bolsonaro.