Está se criando um mito na política atual: de que é a direita, em particular a extrema-direita, a principal defensora dos direitos individuais.
No fundo do problema está a completa decomposição do regime político burguês. Com ela, um fenômeno curioso se formou. A esquerda pequeno-burguesa, justamente por ser de classe média e por sua política oportunista, se adapta ao regime, se agarra nas calças da burguesia e se afunda junto com ela. A extrema-direita, cresce se aproveitando dessa decomposição do regime, com uma política demagógica que aparece como oposição ao regime.
O curioso é exatamente isso: a esquerda, que deveria ser o setor político que dá vazão à insatisfação popular acaba sendo identificada com o regime, já a extrema-direita, que normalmente seria a representante do regime ditatorial da burguesia acaba aparecendo como “anti-sistema”.
Mas tudo isso é falso. Tais impressões não são nada mais do que uma avaliação superficial da situação política.
Como explicado acima, a profunda adaptação da esquerda de classe média ao regime político faz com que ela abandone princípios políticos que sempre foram da esquerda, seja ela revolucionária ou reformista. Por exemplo, a esquerda sempre defendeu a liberdade de expressão. Nunca foi uma política da esquerda pedir para que o Estado burguês censure o outro, mesmo que sua opinião seja a mais absurda.
A esquerda sempre defendeu a liberdade individual. O direito da mulher de fazer aborto, por exemplo, parte desse princípio.
Mas a esquerda pequeno-burguesa abandonou esses princípios. Por isso, de maneira absurda, defende a censura de seus adversários políticos, defende a obrigação da vacina ou invés de um trabalho de educação nesse sentido.
Já a extrema-direita, como os bolsonaristas no Brasil, é inimiga dos direitos individuais. Para provar isso não precisamos ir muito longe. Bolsonaro é um apologista do Regime Militar, momento em que houve maior censura no Brasil. É de Eduardo Bolsonaro, por exemplo, o projeto que pretende “criminalizar” o comunismo.
O que faz os bolsonaristas no Brasil e a extrema-direita mundial pareceram defensores dos direitos democráticos é a sua luta política imediata com os setores da burguesia imperialista dominante. Essa luta política obriga a extrema-direita a se defender politicamente, como acontece, por exemplo, quando o Facebook censura um perfil de extrema-direita. Trata-se não de uma política de princípios mas de uma luta de interesses bastante concretos e imediatos.
Por isso, nesse momento no Brasil, o único partido que leva até as últimas consequências a defesa das liberdades individuais é o PCO. A esquerda operária e revolucionária leva adiante essa política porque tem consciência de que qualquer ataque aos direitos individuais vão se voltar contra todos os trabalhadores e oprimidos. Esses princípios não são nenhuma novidade, mas foram herdados dos socialistas, em particular de Marx, Engels, Lênin, Trótski, Rosa Luxemburgo e outros marxistas cuja doutrina a esquerda atual está se distanciando numa velocidade incrível.
É preciso esclarecer de uma vez por todas: a direita é e sempre foi inimiga dos direitos democráticos. A pseudo-esquerda que se coloca a favor da censura e de outras medidas ditatoriais é uma esquerda anti-marxista e anti-socialista. E todos eles, direita e esquerda pequeno-burguesa, são inimigos do povo.