A recente decisão de setores da esquerda em colocar a direita dentro das manifestações pelo fora Bolsonaro e contra os golpistas é um enorme ataque aos trabalhadores e suas organizações. Além de ser uma tentativa de desmoralização do movimento fora Bolsonaro e de colocar esse enorme movimento a reboque da direita responsável por Bolsonaro, mesmo que se coloque essa direita na “oposição” ao governo e não tem divergência na sua política contra os trabalhadores da cidade e do campo, e contra o patrimônio público nacional.
Colocar a direita que deu o golpe, apoiou e ainda apoia os ataques no Congresso Nacional contra os trabalhadores é uma traição e uma afronta as principais organizações representantes dos trabalhadores como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Essa direita e os partidos que a representam como o PDT, PSB, Solidariedade, PV, Rede, Novo e Cidadania são uma afronta a toda a esquerda, mas principalmente a CUT e ao MST. Isso porque sempre defenderam abertamente posições contrárias aos trabalhadores e se direcionaram a apresentar a CUT, MST e sua defesa dos trabalhadores e da reforma agrária até como terroristas.
Em 2017 aprovaram a reforma trabalhista que além de atacar os trabalhadores foi um duro golpe contra as organizações sindicais. Aprovaram também criminosa reforma da previdência e votam na maior parte das vezes juntamente com o governo Bolsonaro nos ataques aos trabalhadores.
No caso do MST é ainda mais grave. Esses partidos são base do latifúndio e, portanto, nos principais ataques contra a reforma agrária e a luta pela terra. Boa parte de seus deputados aprovam a medida de classificar ocupação de terras como terrorismo. Além de aprovar a PL 2633/20, conhecida como PL da grilagem de terras que permite a transferência de milhões de hectares de terras públicas para as mãos dos latifundiários.
São partidos que sempre atuaram contra os trabalhadores e a luta pela terra e que agora setores da esquerda querem colocar dentro das manifestações sem consultar suas bases ou os ativistas do movimento fora Bolsonaro.
Essa tentativa da esquerda somente pode causar mais problemas na mobilização dos trabalhadores. Qual liderança sindical ou popular vai a suas bases convocar para que as pessoas fiquem lado a lado com seus algozes diretos, como latifundiários, deputados que votaram contra os trabalhadores e a luta pela terra? É claro que essa atitude vai levar a uma enorme crise e que a base não vai se mobilizar para comparecer a manifestações com a direita golpista.
Há uma enorme tendência à mobilização dos trabalhadores e o caso da mobilização indígena em Brasília demonstrou mais uma vez essa tendencia, e que a direita nas manifestações desmobiliza. No caso dos indígenas: a base vai aceitar ficar ao lado de parlamentares e partidos que aprovam medidas contra os indígenas, defendem a destruição das terras indígenas e o Marco Temporal e o PL 490? Claro que não.
Nesse sentido, se as direções da CUT e do MST querem mobilizar suas bases contra os ataques e contra o governo Bolsonaro devem repudiar publicamente a participação desses partidos golpistas e que querem a terceira via nas manifestações Fora Bolsonaro.