O Cuiabá Esporte Clube, fundado em 12 de dezembro de 2001 pelo ex-jogador e centroavante Gaúcho (Palmeiras, Flamengo) e que, em 2003, levou a equipe a ganhar o primeiro título do campeonato mato-grossense, acabou de conquistar inédita vaga à série A do brasileirão 2021.
A equipe mato-grossense se classificou após empate do CSA, em 1 a 1, com o Brasil de Pelotas.
Com o resultado, os alagoanos seguem em 5º lugar, com 57 pontos e a 4 de distância para o Cuiabá, que está em 3º, com 61 pontos. Assim, a equipe nordestina não tem mais chance de alcançar os mato-grossenses. Por outro lado, ainda disputa com o Juventude, que está em 4º lugar, com 58 pontos, a quarta vaga na Série A do ano que vem.
A classificação coloca o Cuiabá no seleto grupo dos times de Mato Grosso que já disputaram a primeira divisão nacional. Apenas 4 clubes conseguiram tal feito. Dom Bosco, em 1979. O Mixto, que participou pela última vez em 1985, terminando em quinto lugar. E o Operário, em 1986, que terminou na lanterna da competição.
Na última sexta-feira, o Cuiabá entrou em campo, já classificado, contra o Sampaio Corrêa, na Arena Pantanal, e saiu derrotado por 1×3, mas a vaga estava garantida.
O Cuiabá, assim, se transforma na menina dos olhos de poderosos capitalistas do esporte, pois é o segundo clube-empresa a participar do Campeonato Brasileiro. O Red Bull Bragantino foi o primeiro. Destaque-se que nos últimos anos a sanha dos capitalistas para a criação dos chamados clube-empresas se intensificou. A vitória do Cuiabá inclusive animou a rede hoteleira local a se utilizar do futebol em 2021 para diminuir suas perdas com a crise.
No entanto, o que chama a atenção é a propaganda nos últimos meses em cima da suposta eficiência deste clube-empresa, procurando passar a ideia de que isso seria a regra. As propagandas variaram de elogios ao “amor” pelo futebol da família Dresch, à sua seriedade no pagamento em dia dos salários dessa equipe.
O time foi comprado pela família Dresch, que opera no ramo da indústria de borracha, no Estado de Mato Grosso, com a empresa Drebor, em 2009. Os Dresch adquiriram o clube, oito anos depois de o ex-jogador Gaúcho ter formado o elenco e ter ganho títulos. A crise no futebol local, porém, levou o clube a suspender suas atividades de 2006 a 2008 por falta de recursos.
Aproveitando-se da crise, a poderosa família local adquiriu o clube. E em 2014, o Cuiabá foi à final do Mato-Grossense contra o Luverdense. As duas partidas foram vencidas pelo Cuiabá por 1 x 0.
Desde então, a família Dresh tem trabalhado para levar o time à elite do futebol, não pelo amor, mas pelo investimento dos capitalistas da família que é “totalmente ligada ao futebol” no Estado. Atualmente a equipe é administrada pelos irmãos Alessandro e Cristiano Dresch, pois o patriarca Aron Dresch se afastou para ampliar seus horizontes de riqueza e presidir a Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), que dirige desde 2017 e já é novamente candidato à reeleição em 2021.
Como vemos, no Mato Grosso ao menos para a família Dresh os negócios vão de vento em popa. Mas esta não é a realidade de dezenas de outros clubes que passaram pelas mãos de capitalistas e foram convertidos em empresas S.A. A própria série B, que foi vitrine para o Cuiabá, acaba de rebaixar o tradicional Botafogo de Ribeirão Preto, que há dois anos se transformou em clube-empresa. E o resultado, como mostra o vídeo a seguir, é o de martírio de toda a sua torcida que vê a história de um daqueles clubes que já foi referência no futebol paulista, tendo lançado, entre outros craques, ninguém menos que Sócrates e que lotava um dos maiores estádios do Estado de São Paulo, o Santa Cruz com capacidade para 60 mil torcedores, ser agora jogado na lata de lixo do futebol com mais um rebaixamento.
E que agora, com mais um rebaixamento, a chance é a de que os capitalistas da Trexx Sports, que “administram” o Botafogo, declararem falência, retirarem seus investimentos e o Botafogo deixar de existir.
Pois os empresários usam esses clubes para parasitarem e depois nada garante que vão se manter, inclusive o normal é que depois de um tempo, depois de ter sugado tudo que poderiam, eles tirem o corpo fora. Se precisarem vender todos os jogadores pra dar lucro, vão fazer. Pois os capitalistas não têm nenhuma ligação real com estes clubes, a relação é apenas monetária.